Capítulo 9 - Despedida

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    Gisele acordou indisposta mais uma vez. Fazia já algum tempo que isto acontecia. Por sorte evitava as perguntas de Lucian pois ele se levantava com as galinhas e ia praticar com espada durante toda a manhã. Já estavam na véspera de sua partida para Ashmore e a casa fervilhava com os preparativos para o baile de despedida. Violet estava nervosa fazendo os acertos, então Gisele preferiu evitar atritos mantendo-se fora de seu caminho. Passou a tarde junto de Lucian. Ele a acariciou e mimou o tempo inteiro, prometendo retornar assim que fosse possível. Ela achou melhor não comentar, mas tinha um péssimo presságio sobre isto.

***

   A noite chegou e Irma foi ajudá-la a se preparar. Vestiu-a com um dramático vestido bege e rosa pálido, enfeitou seus amplos cachos com uma coroa de flores e a mandou para baixo. Gisele ainda não sentia-se bem, mas tentou a todo custo esconder. No salão de festas estavam todos os membros da comitiva da Ordem do Dragão, muitas pessoas desconhecidas para ela e um grupo de pessoas afetadas num canto junto a Violet. Lucian correu para abraçá-la em público, causando a ira de sua irmã. Depois de algum tempo conversando com os convidados ela desculpou-se, pegou uma taça de vinho e saiu no jardim para pegar um pouco de ar. A noite estava fria e ventava bastante. As folhas das árvores farfalhavam enquanto seus galhos batiam violentamente nos muros do terreno. Gisele deu um gole no vinho e sentiu que o calor da bebida levava embora seu mal estar.

- O que faz sozinha aqui fora, moça? - Christopher a assustara.

 Estava extremamente charmoso hoje, provavelmente queria impressionar Violet.

- Céus! Quase mata-me de susto, Christopher! - Pousou a mão sobre o peito.

- Está linda, sabia? - Ele encostou no portal. - Eu poderia me apaixonar, se meu coração já não pertencesse a outra.

- Nunca perde a chance de galantear... - ela sorriu. - e então, como Violet está reagindo?

 Ele aproximou-se, como se quisesse impedir que os convidados lá dentro ouvissem sua conversa, apesar da distancia em que se encontravam da festa.

- Conversamos bastante. Eu disse para ela que depois desta campanha há uma grande chance de que meus rendimentos sejam aumentados. Ela disse que assim pensaria no assunto, sobre aceitar meu pedido, sabe?

- Estou realmente muito feliz por você, Christopher! Espero sinceramente que tudo dê certo!

- Mas e você, moça? Vi que Lucian a exibiu orgulhoso a noite toda. Posso crer que estão se entendendo bem mesmo, apesar da das nossas leis proibirem uma união formal...

-Sim, estamos bem... - ela segurou a taça com as duas mãos e seu sorriso morreu. Gisele passou a olhar para baixo, com pesar.

-Ah não! Não me diga que falei besteira? Eu sempre falo demais, me perdoe...

- Não Christopher! Não é isso. É que...- ela umedeceu os lábios. - ... Acho que a semente de Lucian cresce em mim.

 O amigo ficou surpreso e a abraçou, sem cerimonias.

- Isto é ótimo! Ele precisa saber! Ficará tão feliz, tenho certeza!

 Ela o segurou pela mão.

- Não, por favor!

- E por que não? - Christopher pareceu confuso.

- Não quero que ele fique lá se preocupando que algo possa me acontecer aqui. Além do mais, é apenas uma suspeita...

- Tudo bem, princesa, como quiser. Guardarei seu segredo. Só espero que você esteja tomando a decisão certa.

- Muito obrigada, Sir Christopher. Você é um verdadeiro amigo.

 Lucian apareceu na porta, com uma sobrancelha levantada.

- Meu Deus, vocês estão sempre juntos! Será que eu devo me preocupar?

 A mulher e o amigo se olharam, rindo.

- Não mesmo! Nem em uma vida eu sonharia em roubar a mulher do maior Dragão Escarlate ! - Christopher entrou, dando um tapinha no ombro do amigo. - Vou procurar o que beber. Estou sóbrio e ainda não corri atrás de Violet esta noite!

 Lucian balançou a cabeça.

- Vamos andar? Tenho algo para lhe falar.

 Ela o acompanhou pelo jardim. Apesar de Lucian ter dito que queria falar algo ele permaneceu a maior parte do tempo quieto e ansioso, até que finalmente parou, já perto do muro oposto à casa.

- Gisele. Eu tenho uma coisa para lhe dizer, mas não sei exatamente como ou por onde começar.

- Seja direto então, oras!

 Ele enfiou a mão na gola da camisa, tirando do pescoço um anel preso a uma corrente. Soltou a corrente, estendendo-o para ela.

- Foi de minha mãe, e de minha avó paterna antes dela. Agora é seu... 

 Ele enfiou o anel no dedinho delicado de Gisele, que permanecia paralisada.

- Devo assumir que não gostou? - ele perguntoou, preocupado.

- Não é...é tudo perfeito demais...Nesses últimos tempos só estão me acontecendo coisas boas. É até difícil de acreditar... - O enlaçou pelo pescoço.

- Você merece isso tudo e muito mais, querida...

 Lucian fuçou o pescoço dela, entre os cabelos e começou a beijar e lamber aquele local. Gisele se arrepiou e tentou resistir enquanto ele a encostava contra o muro, erguendo-lhe as saias e as pernas.

- Lucian, estamos no meio do quintal. Tem pessoas...pessoas lá dentro...

 Ele aproximou o rosto da orelha dela e sussurrou:

- Se não me quer agora então me peça para parar. Diga que me rejeita e eu a soltarei. Voltaremos para a festa como se nada tivesse acontecido. Ele roçava o membro ereto entre as coxas dela.

 Gisele manteve-se silenciosa. Era claro que o queria, mas tinha receio de que alguém saísse e os encontrasse nesta situação...intima.

 Lucian desatou os cordões das calças e a penetrou de uma só vez, movimentando-se com firmeza. Gisele arfava e lhe mordia o ombro, suprimindo gemidos.

- Grite, minha amada. Mostre para todos que me ama. Eu quero ouvi-la em todo seu esplendor uma última vez antes de partir...

 Gisele segurou-se ao máximo, tentando não atrair atenção desnecessária. O orgasmo veio logo, e ao ser descida no chão ela o estapeou nos ombros.

- Está maluco? Nunca imaginei que pudesse ser tão insano assim!

- Não sou maluco, apenas despreocupado. É bem diferente! - Estapeou-lhe a nádega quando ela passou a sua frente, ajeitando o vestido.

***

   A noite transcorreu com tranquilidade e a manhã seguinte logo chegou. Lucian levantou-se apressado, vestindo a armadura. A comitiva já o esperava na porta de casa.  A irmã o beijou na bochecha e abraçou com ternura.

- Tome muito cuidado. Rezarei com fervor todas as noites para que retorne em segurança.

- Retornarei, minha irmã. E você comporte-se enquanto eu estiver fora! Se não pode tratar bem Gisele, ignore-a.

-...Tentarei. Deus é testemunha de que farei meu melhor... - Ela disse, se afastando para falar também com Christopher.

 Gisele se aproximou também, quieta e amuada. Ele a puxou mais para perto, agarrando-a pela cintura.

- E você espere por mim, ouviu?

 Os olhos azuis se encheram de lágrimas.

- Não seja idiota! É claro que esperarei! Não haverá momento do meu dia em que meus pensamentos não estejam com você! retorne inteiro! - Beijou-lhe ternamente.

- Eu vou voltar. E fugiremos para aquele lugar que lhe falei!


 Os homens partiram em direção a missão final para libertar Ashmore. Gisele observava apreensiva seu bem amado sumir na estrada de terra, sem saber que sua verdadeira peleja começaria agora.

 O Toque da Maldade (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora