O Toque da Maldade (FINALIZADA)

Capítulo 6 - Esposa de Mentira

   n/a: Opa! Se você veio pra cá diretamente do capítulo quatro(A Irmã) é por que muito provavelmente não me segue. O capítulo anterior está configurado como privado e você necessita me ter adicionada para ter acesso a ele. Peço que por favor faça isso e volte a ler, para que o capítulo cinco esteja disponível para você. Obrigada.

     Após o terrível incidente na cozinha, Gisele subiu para o quarto e se trancou lá. A sra. Irma levou-lhe o jantar e tentou conversar, mas foi repelida pela apatia da garota. Estava muito magoada com o que Violet havia lhe dito, mas no fundo sabia que era tudo verdade. Não passava de uma mulher sem nenhuma dignidade. E o pior é que gostava daquilo! Tinha a atenção e o prazer que Lucian lhe proporcionava, e isto lhe bastava. Todos da casa já sabiam o que ela era, e apesar de se comportarem com naturalidade ela sabia que no fundo a olhavam torto e julgavam sua índole. Queria ter coragem o suficiente para fugir dali, tentar viver no mundo lá fora, mas tinha ciência de que não conseguiria e que, se tivesse sorte, entraria em um bordel daqueles que viu ao entrar em Westphalen. Algo lhe cruzou a mente. Lucian e ela haviam feito amor de uma forma "não convencional". Será que ele mantivera sua virgindade intacta com o intuito de trocá-la ou vendê-la quando perdesse o interesse?  Ela entrou em pânico. Não queria ser passada pra frente, como uma mercadoria! Sua aparência já havia chamado a atenção de alguns homens, mas sempre conseguira contornar situações desagradáveis. Parece que a beleza que herdara da mãe havia se tornado uma maldição. Que a condenaria a sempre ser olhada como um objeto, um instrumento de prazer e nada mais.

Ouviu o barulho da maçaneta e se apressou em enxugar as lágrimas. Lucian entrava no quarto, tentando acostumar os olhos a escuridão e procurando por ela.

- Gisele? Por que está aqui dentro no escuro? - ele tateou a mesa até achar a vela, teve um pouco de dificuldade para acende-la sem ver. - Irma me disse que não desceu para o jantar. Alguma coisa de errado?

Ela havia prometido para si mesma que manteria a calma, mas ao encará-lo não conseguiu controlar o desespero que a invadia.

- Você pretende me vender? Eu não queria ir embora! Quero ficar aqui!

Ele levantou uma sobrancelha, confuso.

- De onde tirou isso? Quem lhe disse tal coisa? - ele levou a vela para acender as outras que estavam espalhadas pelo quarto. - Esteve chorando? Foi Violet, não?

Ela virou o rosto.

- Sua irmã não disse nada que não fosse verdade! Você eventualmente vai se cansar de mim e quando este dia chegar eu serei apenas um estorvo, algo descartável! - as lágrimas teimosas rolavam por sua face. Ela sabia que não tinha direito algum de exigir nada, mas seu coração doía e Gisele achava que era apenas mágoa.

- Não seja tola! Você não é um objeto! Eu...eu gosto de você, de verdade. É importante para mim, especial. Não sou bom em demonstrar o que eu sinto...mas isto não significa que vou te tratar como lixo! - sentou-se na cama, ao lado dela. - Gisele olhe, entenda que não posso assumi-la, principalmente por ser do território inimigo. Seria muito arriscado, para nós dois. Perder meu título é o mínimo que poderia acontecer! Posso te-la aqui comigo, mas não posso cogitar em dar-lhe meu sobrenome sem que a ira de meu Lorde caia sobre nossas cabeças...

- Um dia você irá se casar, e o que vai ser de mim?

Ele a levantou pelo queixo, enxugando suas lágrimas.

- Eu não me casarei nunca, lhe dou minha Palavra de Cavaleiro. - Beijou-lhe a testa e em seguida os lábios. - Você é a única, sempre será. Agora pare de chorar. Suas lágrimas me deixam angustiado.

Ela fungou e sorriu timidamente. Este jeito doce e delicado atraía demais Lucian a ela. A menina triste e sofrida a primeiro momento era sim apenas uma distração para ele. Mas uma paixão profunda e forte, terrivelmente perigosa começou a se manifestar dentro de seu coração. Gisele não era apenas um rosto e corpo desejáveis. Era também uma mulher especial e merecia ser tratada com respeito e ascender ao posto de esposa, mas isto era algo que Lucian não poderia lhe proporcionar. Ele preferiu omitir, mas deixá-la com sua pureza era uma decisão tomada para o bem de Gisele. ELA eventualmente se cansaria de viver ali como sua amante e com certeza procuraria alguém com quem pudesse ficar. Isto não seria muito difícil, visto que as qualidades da moça pareciam infindáveis. E com sua virgindade intacta nada a impediria de sair dali e ser feliz. Isso doía muito em Lucian. A perspectiva de vê-la nos braços de outro o enlouquecia de ciúmes. Mas ele não era egoísta a ponto de desgraçar a garota e lhe por um filho que não teria segurança alguma nesta vida.

- E tenho mais uma coisa para lhe falar. Você come à mesa! Não fica na cozinha, no quarto ou em qualquer outro lugar. Se alguém se incomodar com isto que se retire! Estive conversando com Violet antes de subir até aqui. Disse a ela que não quero que a intimide. Nesta casa você tem total liberdade de ir, vir e gozar de tudo o que nos pertence. - ele acariciou uma mecha encaracolada dos cabelos dela.

- Eu não pretendo acabar com o relacionamento de vocês, Lucian. Não quero que se aborreça com Violet por causa de mim. A estranha aqui sou eu, e eu farei de tudo para não incomodar.

- Pois me incomoda que se comporte assim, como um pequeno camundongo que se locomove pelas sombras, evitando os donos da casa. Espero que pare de agir desta forma, pois em pouco mais de um mês terei de partir novamente. Fortuitamente esta poderá ser a última. Estamos organizando um cerco ao castelo de Ashmore, com um pouco de trabalho derrubaremos o regime de terror que aquela terra vive!

O coração dela pulou uma batida. Ele iria para Ashmore, novamente! E se algo de ruim lhe acontecesse lá, o que seria dela? Estava com ele a apenas dois dias, mas já sentia-se ligada a Lucian, como se todos os eventos ruins que haviam precedido sua chegada aquele lugar houvessem sido orquestrados unicamente para que os dois se encontrassem.

- Espero que seja o fim mesmo. - foi a única coisa que ela conseguiu dizer. Não queria parecer desesperada demais por ele. Parecia tolice, mas não desejava demonstrar mais sentimentos do que recebia. Tinha também seu orgulho!

****

    Pela segunda noite os dois dividiram o leito. Desta vez Lucian se agarrou forte a ela durante toda a noite. Talvez um reflexo inconsciente de que não planejava deixá-ir a lugar algum. Ele ainda não entendia isto, mas a moça em pouco tempo se tornaria mais importante do que o ar que respirava, suas vidas e planos mudariam, para sempre.