O Toque da Maldade (FINALIZADA)

Capítulo 13 - A Floresta do Perdão Parte 2

    Os meses restantes do outono foram passando tranquilamente, e com isso as folhas das árvores também desapareceram, anunciando a chegada da estação mais fria do ano. Finos flocos de neve já começavam a se depositar no chão da floresta, fazendo com que a paisagem mudasse drasticamente. 

 Gisele dividia as tarefas da casa com os demais. Tentava ao máximo mostrar-se útil e tirar do casal de velhos as maiores responsabilidades. Joshua havia se tornado bem próximo da jovem e rapidamente formaram um laço afetivo de amizade, como quem já dividia segredos a anos.

 A menina foi buscar água no rio gélido, como fazia algumas vezes por dia, quando Joshua se aproximou por trás, colocando-lhe uma pequena florzinha branca nos cabelos.

- O frio está apertando. - Ela comentou.

- Verá que aqui os invernos são bem mais gélidos do que na cidade. - Ele comentou, tomando dela o balde pesado.

- Eu não me importo. Não me sentia tão relaxada assim em bastante tempo... - Gisele subitamente tornou-se taciturna.

- Está pensando nele novamente? No homem que te abandonou? - ele sondou.

 Gisele parou no meio do caminho, as palavras que ela proferiu em seguida saíram com demasiada irritação.

- Lucian não me abandonou, Joshua! Ele não sabe que saí. Pelo menos não sabia...

 Joshua virou-se para ela.

- E onde ele está agora? Onde se meteu? A dominação de Ashmore foi concluída já a mais de um mês! Ele ainda não deu falta de você?

- Eu...eu não sei! Talvez ele esteja sim procurando por mim, mas não sei e quero voltar...

 Ele voltou a andar na direção da cabana.

- Se fosse eu no lugar dele estaria movendo meio mundo para lhe encontrar... - Divagou.

 O comentário fez Gisele pensar. Será que Lucian sentia falta dela? Será que permanecia acordado a noite, assim como ela ficava? Poderia o coração do contido guerreiro arder de solidão, assim como o dela?

- Venha, Gisele! Vai acabar congelando aí fora! - Joshua chamou, já na porta de entrada. Ela TINHA que esquecer de Galahad e tudo o que ele havia representado, mas era tarefa quase impossível. O tal amor não permitia.

***

    Numa noite gélida ela acordou assustada, suando frio. Havia tido um pesadelo horrível sobre a guerra civil que Lucian havia enfrentado. Deu de cara com Joshua, que a olhava da soleira da porta, preocupado.

- O que está acontecendo, Gisele? Teve um sonho ruim mais uma vez?

 Ela apenas assentiu, ofegante.

 O rapaz aproximou-se cautelosamente, puxando uma cadeira para frente da cama e sentando-se nela. Puxou Gisele de encontro a seu peito, abraçando-a enquanto ela ainda permanecia sentada na cama.

- Não se preocupe, eu estou aqui para enfrentar tudo com você. Gostaria muito de fazer toda a sua dor ir embora. Sempre vivi aqui, isolado com meus avós. Não imagino nem a metade do que você passou, mas se pudesse tomar tudo para mim, livrando sua alma da angústia que lhe aflige, assim o faria.

 Gisele correspondeu o abraço do amigo. Era quente e terno, um calmante muito em vindo. Ficaram assim ainda por algum tempo, até que Joshua se afastou, tomando o rosto dela entre suas mãos. Ele estava em próximo agora. Tão próximo que ela podia sentir sua respiração tocar-lhe o nariz.

Joshua sentia-se cada vez mais hipnotizado pela jovem. Não era apenas por sua extraordinária beleza, mas Gisele era perfeita. Uma pessoa bondosa e prendada, amiga e companheira. Seu oração pulsava acelerado quando a morena estava por perto. Ele desfrutava destes sentimentos confusos e conflitantes pela primeira vez na vida. Era tudo tão complicado em sua cabeça, mas tudo que ele sentia agora era uma urgência fora de qualquer sentido. Algo dentro de si clamava por aqueles lábios rosados e cheios. Avançou lentamente até eles e colou ali os seus, gentilmente.

 Gisele fechou os olhos e sentiu o toque delicado do rapaz, esperando que algo em seu peito pulsasse forte, mas não conseguia sentir nada. Em sua mente via apenas Lucian, olhando-a decepcionado. Empurrou o garoto e levantou-se, calçando as botas e correndo para fora da cabana. o Ar ainda frio da alvorada cortava-lhe a pele. Ainda ouviu Joshua gritando por ela dentro da cabana, mas saiu em disparada sem olhar para trás.