Inglaterra, 1535
Gisele acordou antes mesmo do sol sair, como era de costume. Levantou-se do improvisado colchão de palha forrado no chão do único cômodo do casebre que dividia com os pais na pequena vila de Pence, situada no condado de Ashmore. Apesar da pungente guerra civil envolvendo o Duque que controlava essas terras e o governador do condado vizinho, a humilde Pence respirava tranquilidade naquela manhã de primavera.
Tomou o simples desjejum à mesa com seus pais e rumou para a lavoura. Em dezenove anos de vida as mãos delicadas não haviam conhecido outro labor além da dureza da agricultura. Desde muito pequena, quando fugira de suas miseráveis origens eslavas em busca de uma vida melhor no proeminente solo inglês a menina fazia apenas trabalhar para comer, plantando cenouras e batatas e cuidando de galinhas e porcos, e foi nisso que gastou grande parte da manhã.
Com a proximidade da hora do almoço, Gisele foi banhar-se no rio na entrada da floresta antes de voltar para a vila e saborear o inigualável ensopado de galinha com legumes que sua mãe fazia. Despiu-se de seu conjunto de saia e camisa já bem puídos e entrou na água fria e cristalina, livrando-se de toda a poeira e suor. Logo depois vestiu-se novamente e rumou de volta para a vila.
Ao chegar perto da área das plantações chocou-se com o que viu: Um cenário de destituição. O telhado de palha de diversas casas soltava uma fumaça negra e enormes labaredas brotavam pelas janelas. Correu o máximo que seus pés permitiam, em direção ao casebre no qual crescera, agora apenas uma pilha de madeira incendiada.
- Pai! Mãe! - Gritava em desespero, contornando o terreno, mas ninguém respondia.
Correu em direção as outras casas, para procurar ajuda. As poucas que ainda estavam em pé guardavam um cenário de horror. Todos os moradores mortos, dos homens e suas esposas, passando pelas crianças. Não havia sobrado ninguém além dela.
Gisele ajoelhou-se no chão, desabando em lágrimas. Como puderam fazer isso? Mercenários, com certeza. Era difícil saber se estavam a serviço de Westphalen, domínio vizinho ou até mesmo da própria Ashmore, já que estes homens sem honra tinham a reputação de pilhar, estuprar e trucidar quem bem desejassem, sem distinção de aliados ou inimigos.
Levantou e bateu a terra e fuligem das saias. Precisava ser forte. Daria cabo de enterrar as pessoas que conseguisse, tomaria os suprimentos restantes e rumaria para alguma estalagem ou taverna fronteiriça. Não havia tempo para chorar pelos entes queridos. Ela ainda estava viva e precisava sobreviver. Poderia soar cruel a qualquer um de fora, mas a existência dos menos favorecidos era rodeada por isso: miséria e crueldade. Uma luta eterna pelo sustento de uma vida sem sentido algum. Mas ela encontraria um jeito. Sempre encontrava.
N/a: Olá pessoal! Vim avisar que já estou trabalhando neste livro, e que em breve começarei as publicações pra valer! Mas quero fazer um pedido: se você ainda não me adicionou peço que o faça. Alguns capítulos serão publicados em modo privado(não quero levar um puxão de orelha! Rs) e só poderão ser lidos por quem me seguir. Faço isso com o intuito de poder descrever melhor o relacionamento das personagens sem ter que tornar o livro todo oculto. Espero que entendam e não me abandonem! Nos vemos no próximo capítulo. Beijos!!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Toque da Maldade (FINALIZADA)
أدب نسائيCapa por ANNARODRIGUESS O que você faria se fosse obrigada a virar para o lado inimigo? Gisele morava com os pais numa humilde fazenda nos limites do condado de Ashmore. Um dia, cavaleiros das terras vizinhas atacaram sua vila, dizimando todos os s...