Imperfect Love [Lrh/Lmj]

Capítulo 03

Bebi alguns goles da garrafa em minhas mãos e mexia meu corpo no ritmo da música que tocava de um carro próximo a nós. Camz me acompanhou atraindo olhares dos amigos e dos "nossos caronas", era bom saber a atenção que a gente chamava, porém não damos bola pois nosso foco aqui era apenas nos divertir. O som foi abaixado e nossa atenção foi desviada para o organizador do racha, ele dizia os nomes dos competidores e apontava os carros, os cinco na linha de largada. Uma garota com quase nada de roupas se aproximando do organizador, ficando em sua frente deixando seu corpo junto ao dele, enfiou as mãos por baixo da blusa e puxou o sutiã, tendo com reação, não só os olhares, mas os carros saírem cantando pneu.
Curvas fechadas, ultrapassagens perigosas eram marca registrada de toda corrida. Alguns carros acabaram batendo ou nas muretas, ou por conta de alguma trapaça dos demais competidores. De cinco carros restaram três, disputando quem ficaria com o tão esperado primeiro lugar e todo o dinheiro. Numa manobra sorrateira o carro cinza com detalhes em preto finalmente cruzou a linha de chegada, fazendo com que toda a "torcida" comemorasse histericamente.
O organizador que continha o dinheiro em mão estava a alguns metros de nós, o carro ganhador para e o motorista sai. Encaro o mesmo, o reconhecendo, mas o álcool já está dominando meu corpo. Ele não é o carinha da boate? Minha cabeça lateja um pouco e me afasto daquele tumulto com a Camz. Ela por sua vez ainda curtia ao som da música que não está tão alta no momento, enquanto eu abraço meus braços acompanhando de longe toda a comemoração. O rapaz loiro se afasta contando o dinheiro e pouco tempo depois some no meio da multidão me encarando antes disso.

...

Após voltar para o meio da galera e dançar algumas músicas tento localizar os caras que nos trouxeram, Camila bebeu além da conta e agora estamos as duas andando entre as pessoas atrás dos tais garotos. Após esbarrar em um e outro encontramos os rapazes, encostados no carro cinza com o loiro e algumas garotas.
"Ótimo!"
Olho para a Camila que começa a fazer algumas caretas e forço-me a não acompanhar a mesma e por tudo para fora. A sento na calçada e aproveito para tentar arrumar uma carona quando um dos rapazes se afasta indo pegar mais bebida. Aviso a Camz que volto logo e o sigo.
— Hey... —toco seu ombro fazendo o mesmo me olhar —Poderia nos dar uma carona de volta?
—An ... Não pretendo ir embora agora e se for não vai ser com vocês... —diz friamente. Olho ele tentando entender o porquê de tal ação mas ignoro. Já era de se esperar certa atitude, ele é apenas um estranho que nos trouxe para cá para se aproveitar. Dei as costas voltando até a Camz antes que metesse a mão na cara dele ao ouvi-lo dizer que nos levaria em troca de uma transa a três. Esbarro em algumas pessoas vendo Camz debruçada sobre os joelhos, me aproximo fazendo a mesma me encarar. Eu até poderia estar tonta, mas Camz estava bem pior, já que não parou de beber um minuto. Peguei em seu braço a levantando passando o mesmo por meus ombros e caminho para longe de tudo aquilo.
—Temos .... Carona? — pergunta um pouco risonha procurando o carro com o olhar.
—Temos, nossas pernas minha cara... — bufo vendo a mesma dar uma risada e de fato não entendi bem o porquê, teríamos que andar até em casa e nem ao menos sabíamos onde estávamos. Após sair do meio daquelas pessoas, vi finalmente uma rua livre e uma espécie de ponto de taxi a alguns metros, caminhei até lá olhando nos postes ou qualquer coisa que indicasse onde estávamos, no ponto por fim tinha uma placa com o nome da rua. Peguei o celular e disquei o número da companhia de taxi, eles me disseram que naquele horário não tinham motoristas que aceitariam ir até aquela parte da cidade. Desliguei o telefone me sentando no banco junto de Camz, pensando em alguma forma de ir embora. Ela deitou a cabeça no meu colo e fechei os olhos na tentativa de pensar em algo ou alguém que nos buscaria. Meus pais estavam indisponíveis e caso os de Camila pudessem vir, acho que proibiriam a gente de se ver. Estava sem opções, com uma Camila bêbada e sonolenta no meu colo.
Ouço o barulho do motor de um carro se aproximando e abro os olhos. "Quem sabe o taxista não teve piedade". A resposta foi não. Era um dos carros da corrida, mas especifico o carro daquele loiro da boate e ganhador desse maldito racha. A velocidade diminuiu quase totalmente e o vidro estava aberto.
—Dormir na rua não é uma opção agradável, ainda mais aqui...—deu uma risada debochada assim que o carro parou. Continuei o encarando séria.
—Não tenho muitas opções...— desvio o olhar para algumas pessoas bêbadas que caminhavam cambaleando vindo do racha.
—O que aconteceu com sua carona?— ele me olha sorrindo, obviamente se divertindo com a situação.
—Desde quando lhe devo satisfação?!— arqueio uma sobrancelha ficando meio irritada com seu divertimento. No mesmo momento ele fecha a cara, me encarando, os músculos de seu maxilar ficam tensos e acabo por suspirar por tal mudança de humor —Bom, não tenho carona já que o babaca quer tirar o atraso com a gente!—bufo desviando o olhar.
Ele não diz nada e peço mentalmente a Deus que ele pare de me encarar, mesmo não olhando seu rosto sinto seus olhos sobre mim. De repente a porta do carro é aberta, fazendo minha atenção voltar para o mesmo.
—Entra, mas se ela vomitar no meu carro, vc vai limpar.... —sua voz soa mais rouca que anteriormente e mais baixa. Não sei se posso confiar, e se entro no carro e acabamos mortas no meio do mato? Ou ficamos e morremos do mesmo jeito? Acabo rindo por dentro dos meus pensamentos meio neuróticos. Quando volto a realidade, o par de olhos azuis ainda estão me olhando intensamente. - Vai entrar logo, ou posso ir embora? - diz impaciente.
Balanço a Camila ouvindo resmungos sendo emitidos pela mesma, levantamos indo até o carro. Camz entra rindo de algo que lembrou, acredito eu, ela se deita no banco de trás falando coisas aleatórias. Assim que entro o loiro arranca saindo rapidamente dali, fazendo o barulho do motor ser mais alto que o habitual.
Que Deus tenha pena de nós e ele não seja um estuprador maluco.