11. Matteo

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Eu me recostei em uma árvore e fechei os olhos tentando não pensar em um milhão de animais e insetos que poderiam passar por mim naquele momento. Será que haviam cobras por ali? Eu tinha que não pensar, porque minha nona dizia que o pensamento atraía.

- Maldita! - Bradei e houve uma movimentação esquisita na árvore.

Eu precisava continuar, precisava seguir para longe dali. Me concentrei no barulho da música, mas já não sabia se conseguia ouvir. Eu perdera a audição ou aquela garota me levara para o meio do nada. Era isso, ela queria me usar, queria usufruir do meu corpo e não conseguiu porque se perdeu de mim.

Se desse a porra da hora de recolhimento e eu estivesse fora da cama, ia matar essa garota! Olhei o celular e a bateria já se aproximava do 0%. O horário demarcado ali era 01:16, ainda tinha duas horas e quarenta e quatro minutos para ir para a cama. Arrisquei telefonar para Francesco e pedi à Deus que aquele único risco de sinal funcionasse e que ele me atendesse.

Depois do quarto toque, ele me atendeu em meio ao barulho da música que foi abafando aos poucos, como se ele se afastasse.

- Onde está você, cara? Arabella está fazendo o maior sucesso aqui na festa!

Mas que porra?

- Me escuta, eu estou perdido na floresta. Essa puttana me deixou aqui e foi embora. - Eu tentava fazê-lo me ouvir mesmo em meio ao barulho.

- Cazzo! Tudo bem, fique onde está, estou indo te encontrar.

- Vou tentar mandar a localização.

Eu consegui enviar a localização, mas em seguida meu celular morreu. Esperei pela chegada do meu primo sem me mover do lugar, com medo de que ele também ficasse perdido. Não demorou para que ele passasse a gritar no meio da floresta:

- Matteo!

- Aqui! - Gritei de volta.

- Matteo!

- Aqui!

Ele estava cada vez mais perto e, no meio da escuridão, eu vi uma lanterna branca que supus ser do seu celular.

- Você é um retardado.

- E eu sabia que ela ia me pregar uma pegadinha? - Bufei, tocando o braço dele e passando a segui-lo.

- Você deveria adivinhar. É a Pasini, quando ela te faria um favor?

- Eu não sei, OK? Eu já entendi que fui burro! - Revirei os olhos.

- E vai desistir de pregar uma peça nela?

Respirei fundo, parando para pensar.

- Sinceramente? Eu não sei. Você sabe que eu quero conquistá-la, mas e se fazendo esses jogos for o único jeito? - Balancei a cabeça em negação.

- E você acha que jogos conquistaram-na até agora?

- Eu não sei, Chê. Eu nunca tive que conquistar uma garota, eu nunca gostei tanto de uma garota. E logo eu fui gostar da mais difícil de ser conquistada. Parece que ela tem uma barreira que eu nunca vou poder romper.

- Porque você é Matteo Bianucci.

- E ela é Arabella Pasini. - Completei com pesar.




A Pasini estava se divertindo com suas primas e de repente virou amiga de todo mundo. Eu sabia bem o porquê. Ao longe ela piscou para mim e voltou a se divertir. Revirei os olhos e me aproximei dos meus primos.

Entre Segredos e PizzasOnde histórias criam vida. Descubra agora