33. Matteo

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Pela primeira vez em muito tempo nós conseguimos ter um pouco de paz. Bianucci e Pasini estavam reunidos no refeitório do colégio e, por mais que eu tivesse sido colocado bem longe de Bella e nenhum dos seus olhares estivessem na minha direção, ainda me sentia bem. Sentia saudades de toda aquela interatividade leve.

- E se forem duas meninas? - Paola perguntou para a irmã.

- Martina e Maddalena. - Perla acariciou o próprio ventre, sorrindo.

- Maddalena? - Luigi chiou.

- O filho é de quem? - Perla retrucou, os hormônios falando mais alto.

- Não está mais aqui quem falou. - Ergueu as mãos espalmadas na altura dos ombros.

Aquilo arrancou risos da mesa toda.

- E se forem meninos? - Foi Francesco quem perguntou agora.

- Angelo e Bernando. - Foi a vez de Dante, um pai babão com filhos que ainda nem nasceram, responder.

- E se for um menino e uma menina? - Luigi questionou.

- Maddalena e Bernardo. - Perla respondeu.

- Ainda estamos decidindo. - Dante retrucou.

Perla revirou os olhos.

- Ele quer Martina.

- Martina é um nome lindo. - A voz de Arabella soou no fim da mesa, chamando nossa atenção. - Eu votaria por Martina.

- Então vamos votar! - Luigi sugeriu.

- O nome do meu filho vai ser escolhido por votação? - Perla tinha um certo desespero na voz.

- Quem gosta de Martina?

Eu assim como Bella, Paola, Luigi e Dante levantamos as mãos.

- Está claro quem venceu. - Dante deu de ombros.

- Quem decide é quem tá carregando. - Perla deu de ombros.

- Ou quem vai registrar. - Bella provocou, bebericando de seu refrigerante.

- Você está do lado de quem? - Perla perguntou irritada.

Todos gargalharam, não levando aquela discussão nem um pouco a sério. E não era mesmo para ser levada.

Foi só quando Bella levantou o olhar do celular que eu pude ver sua expressão abatida. Não estava tão diferente da minha. As olheiras marcantes, a cor sumindo de seu rosto, a tristeza tão presente em seu ser como no meu.

Ah Bella, se você soubesse, sentiria nojo de si mesma como eu estou sentindo agora por desejá-la.

- O que a mãe queria com a Viola? - Francesco perguntou para Dante.

Todos se entreolharam, mas já não era tão estranho assim ver Bianucci e Pasini adultos interagindo quando se tratava dos gêmeos que estavam a bordo.

- Minha mãe foi falar com a mãe de vocês sobre um casamento. - Perla revirou os olhos pela vigésima vez naquele dia. - Eu já disse que não quero e não vou me casar.

- Por que não? - Foi a minha vez de perguntar.

- Porque ela é muito nova, porque eles podem mudar de opinião e quererem criar os filhos separados, porque é loucura e daqui a dez ou vinte anos eles podem estar prontos, mas não agora. - Arabella me respondeu diretamente e aquela foi a primeira vez em muito tempo que ela falou comigo.

Bianucci e Pasini congelaram na mesa e, mesmo separados por Dante e Perla, nossos olhares se conectaram e ela não os tirou de mim, sustentando ali uma ferocidade que eu nunca vira antes, do tipo que me tirou o fôlego. Acredito que ninguém ali respirou por um bom tempo e o clima voltou a ficar esquisito.

Entre Segredos e PizzasOnde histórias criam vida. Descubra agora