34. Arabella

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Passei a maior parte do tempo dançando com as minhas primas as músicas que tocavam nos alto falantes da festa. Matteo e os Bianucci nos seguiram e eu sabia que era por causa de minhas primas, mas visto que Luigi se dispersou em algum momento, sabia que Matteo estava lá com outros objetivos.

Minhas primas dançavam com seus respectivos namorados e eu apenas me esquivava, tentando não tocar em um Matteo que bebericava do seu copo constantemente cheio. Em algum momento daquela festa, eu subi pelas escadas daquela festa e vi alguns adolescentes aos beijos pelo caminho. Atingi um quarto com a porta aberta e acendi a luz, deixando a porta entreaberta e então encontrando o que parecia ser a varanda. Não dava para os fundos, onde tinha a piscina, e nem para a frente, onde diversas pessoas ainda chegavam, mas para a lateral. Os vizinhos pareciam tranquilos e não nos incomodariam.

Era o lugar perfeito.

O vento bateu em meu rosto e seu cheiro inebriou noite afora. Umedeci os lábios e deixei o copo de lado, me virando e fixando os olhos em uma porta devidamente trancada. Sorri e balancei a cabeça em negação. Assim que meus olhos encontraram um Matteo um tanto eufórico, fiquei curiosa com o que ele tinha para me dizer.

Fazia tanto tempo que não nos sentíamos leves na presença um do outro que voltar ao que éramos no começo era até mesmo esquisito.

- O que foi, Matteo? - Provoquei, tentando fazê-lo falar.

Matteo suspirou profundamente e se escorou na grade ao meu lado, olhando para o céu escuro e com uma lua cheia nos iluminando no topo.

- Precisamos conversar. - Começou. - Mas eu tenho algo pra te perguntar antes.

- OK, pergunte. - Franzi o cenho, cruzando os braços e me recostando na grade.

- Achei que James já tinha sido preso e não faltando à escola. Não entendi como ele ainda estava perambulando pelos corredores. A polícia estava esperando o quê para prendê-lo? As vítimas não denunciaram ambos? - Matteo perguntou, curioso sobre o que acontecera com o seu arqui-inimigo.

Dei um meio sorriso e umedeci os lábios.

- Me impressiona você ter notado que ele estava faltando à escola. Enfim, prender um menor é sempre mais complicado e a mãe dele estava fazendo de tudo para livrá-lo da cadeia. O que eu soube é que, se o pai de James confessasse que sabia dos estupros do seu filho, sua pena diminuiria. - Dei de ombros. - Foi aí que levaram-no.

- Condenou o próprio filho.

- Exatamente. - Assenti. - Mas ele não era nenhum inocente, no fim das contas.

- Como sabe de tudo isso? - Franziu o cenho.

- Boa parte eu estava presente e eu tenho minhas fontes. - Ergui as sobrancelhas.

- Suas primas? - Questionou, rindo.

- A melhor fonte que você vai encontrar nessa cidade, ragazzo. - Me virei de frente para a grade, inclinando meu corpo e deixando minha bunda empinada, torcendo para que ele olhasse e desejasse o que um dia pôde ter. E ele o fez, dando uma espiada e então voltando a olhar em meus olhos. - Estamos aqui para falar sobre o James?

Ele ficou tenso, trincando seus dentes e endireitando o corpo.

- Infelizmente sim, Arabella. - Ele estendeu a mão e eu aceitei de bom grado, me sentando no pequeno sofá disposto ali. - Tem algo que eu preciso que você saiba. Você tem que me escutar até o fim sem interrupções. Acha que consegue?

Revirei os olhos e assenti, permitindo que ele prosseguisse.

Então ele me contou que a nona Bianucci disse à ele que éramos irmãos e por isso que ele terminou comigo no mesmo instante. Senti meu coração parar por um segundo, mas não o interrompi, ouvindo até o final. Matteo contou o quanto sofreu longe de mim e que sua mãe revelou para ele naquele dia que tudo não passava de uma mentira.

Entre Segredos e PizzasOnde histórias criam vida. Descubra agora