Uma rivalidade antiga entre famílias pode deixar um gosto extremamente gostoso em se apaixonar pelo inimigo.
Mesmo indo contra a razão e tudo o que ela acredita, Arabella tem a dura vontade de jogar tudo para o alto e apenas deixar acontecer. Não es...
- É uma história linda, nono. - Giulia falou aos meus pés.
Acariciei seus cabelos e lhe sorri.
Olhei para a sala que continha nada mais do que os meus netos e de Arabella, assim como os de Dante e Perla, Luigi, Paola e Francesco. Todos estavam ali, presentes no dia do meu aniversário de casamento. O primeiro aniversário de casamento sem ela.
- Vocês foram como Romeus e Julietas! - A neta de Paola se animou, chegando perto da prima Giulia. - Não é fofo?
Arabella se foi há dois meses. Dormindo, ela deu o seu último suspiro e se foi depois de um infarto silencioso e fulminante. Custei a aceitar a sua perda e estaria mentindo se dissesse que aceitava completamente. Francesco estava ao meu lado, tocando minha mão livre que repousava em minha coxa. Meu grande amigo foi essencial para essa superação.
- Vamos indo? - Perguntou Luigi para seus próprios netos.
Sua mulher, a mesma que nos apresentara um pouco antes do casamento de Perla e Dante, estava ali. Nunca pensei que ele sossegaria tão cedo.
- Nono, conta a história de como conheceu a nona! - Sugeriu um de seus netos e fez nós, anciãos, rirmos da situação.
- Claro, um outro dia. - Luigi respondeu, sabendo que sua história não era tão interessante assim, mas que não deixava de ser especial.
Aos poucos, um a um, eles se foram. Antes de me deixar, Francesco quis garantir que eu estava bem e Paola me deu dez mil recomendações para comer as sobras do almoço.
- Não se preocupem. Se eu precisar, ligarei. - Garanti.
- Cuidamos das pizzarias hoje. Nós te amamos. - Francesco deu dois tapas em meu ombro.
E eu os vi partir.
Quando a noite caiu, eu me alimentei, mesmo sentindo aquela casa vazia demais para fazer algum sentido eu estar comendo.
Me deitei no meu lado da cama e olhei o lugar onde Arabella costumava deitar. Daquela direção, eu conseguia ver a mesa de cabeceira onde estava a nossa foto de casamento com uma outra dela jovem ao lado. Fechei os olhos, sorri e sussurrei:
- Sinto sua falta, Bella.
- Eu também, Matteo.
Abri os olhos de imediato e senti o sol invadir minha retina. Eu costumava ouvir a voz de Arabella, mas não com tanta clareza como daquela vez. Me virei, agora de pé, e a encontrei com a aparência jovem na beira do lago onde fizemos amor pela primeira vez.
- Bella, o que está fazendo aqui? - Abri um enorme sorriso, me aproximando e notando que estava tão jovem quanto ela.
- Já está na hora, Matteo. Venha. - Ela estendeu a mão e eu diminui a distância entre nós definitivamente.
Eu fui atrás da minha felicidade. Reencontrei a minha felicidade com o meu próprio projeto de Julieta, só que agora em outro plano espiritual.
FIM
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