Entre Anjos E Demônios - Quando Anjos Amam

Imortais

Minha cabeça estava confusa, eu não sabia como reagir, sabia apenas que todos ao meu redor estavam correndo perigo, ainda mais agora que estava ocorrendo uma guerra e não haviam anjos entre nós.

As coisas pioraram ainda mais quando comecei a ouvir vozes em minha cabeça "Jessie, venha conosco", "enquanto você resistir, você está colocando as pessoas que você ama em perigo", "a água uma hora irá acabar e não terá mais o mesmo efeito contra nós"... Eram anjos mensageiros caídos, eles estavam tentando fazer eu me entregar, mas eu estava extremamente assustada.

- Vamos ouvir um pouco de música, agitar mais isso aqui. - digo tentando tirar a atenção daquilo e logo logo o som no último volume para fazer as vozes pararem.

Funcionou, tudo havia se normalizado por enquanto...

Já estava na hora de todos se retirarem, antes que todos saíssem fiz questão de borrifar água benta neles para previnir, sei que uma hora iria passar o efeito, mas eu tive que tentar.

Já era noite, continuei a borrifar pela casa, eu parecia neurótica, mas era preciso. Vi um brilho vindo da janela, pareciam luzes verdes, mas quando abri a janela me deparei com as folhas das árvores com uma luz intensa, era mágico, não sabia o que era, mas não parecia ser algo ruim. Me deitei, estava tudo completamente normal, até que começava as vozes em minha cabeça novamente, "Jessie, você tem que vir conosco, pelo bem de sua mãe", "Você não quer que sua mãe se machuque, quer?", "Você vai ceder"... As vozes não paravam, eram irritantes, e incansáveis até que elas simplesmente param, segundos depois um anjo aparece em minha janela, era um dos quatro que havia jurado me proteger.

- Olá Jessie, não precisa se preocupar. - entrava ele ao meu quarto. - Já cuidei dos demônios que te perturbavam.

Raniel chega logo após ele.

- Você está bem? - pergunta ele.

- Bem? Tem milhares de demônios me perseguindo e você me pergunta se eu estou bem? - digo aflita e em um Tom baixo para não acordar minha mãe que já dormia.

- É, eu disse que haveria consequências, o pior é que agora não vai dar para você se transformar, o cálice está ameaçado. - afirma Raniel.

- A guerra continua, mas muitos demônios desistiram de ir em busca do cálice, provavelmente eles virão atrás de você agora. - continua Raniel.

- Essa guerra não acaba? É só atirar uma flecha neles e matar eles. - digo.

- Matar? Anjos não morrem. - diz Raniel.

- Como não morrem? Eu vi um hoje mais cedo morrer quando estava na parada de ônibus, ele virou pó. - falo confusa sobre aquilo.

- Quando demônios são acertados por flechas de anjos eles não morrem, eles são reenviados para o inferno e ficam alguns dias sem energia, mas logo depois ela retorna, por isso essa é uma guerra infinita. - fala o outro anjo, que tinha um aspecto mais sério, era muito bonito, moreno com olhos claros e tão forte quanto Raniel.

- Não acredito, estou vivendo um pesadelo. - digo já deitando de vez na cama.

- Até quando tudo isso vai durar? - pergunto.

- Você sabe a resposta! - afirma Raniel.

- Não há nenhuma forma de matar um demônio? Ou aprisiona-lo, sei lá... - pergunto já olhando em direção a eles um pouco mais animadas.

- Matar não, aprisionar, sim, demônios e anjos podem ser aprisionados por uma flecha de um arcanjo, e só o arcanjo que a atirou pode libertá-lo. - responde Raniel.

- Como assim por uma flecha? Onde vocês mantêm essas flechas, ele é um guardião não é? Onde está a flecha dele? - pergunto, eu já estava bem aflita, queria respostas.

- Um demônio quando é atingido por uma flecha de um arcanjo ao invés de virar pó, vira pedra e seu corpo é mantido ali. - responde o anjo guardião.

- A flecha, espada ou qualquer outra arma de anjo é criada por sua energia celeste. - continua ele que já faz um gesto de segurar um arco em flecha e logo após aparece um arco luminoso em suas mãos.

- Qual o seu nome? - curiosa pergunto ao anjo guardião, era a única coisa que pensei em perguntar aquele momento.

- Jeff, meu nome é Jeff. - responde.

Passamos a noite conversando, tirei algumas dúvidas que tinha sobre... Existem 358 anjos e 300 anjos caídos, uma híbrido e ainda os 7 anjos da morte que somam ao todo as 666 criaturas celestiais existentes. Existem ao todo 14 submundos que são acessados por portais, 7 céus e 7 infernos, cada um é subdividido por espécies de anjos. Demônios se alimentam do medo e da dor, e ao se corromperem não perde os dons que tinham quando eram anjos. Essas foram algumas das coisas que haviam me contado aquela noite, como estavam ali junto a mim, me senti segura e então fui dormir para mais um dia.

O despertador toca, logo levanto para mais um dia na escola, Raniel e Jeff ainda estavam ali, pedi então para que Jeff cuidasse de minha mãe enquanto fosse a escola, ele recusou e disse que seu dever era me proteger, Raniel se ofereceu em ficar, então fiquei mais tranquila e aceitei.

Encontrei Tom e Abie na parada como sempre, dessa vez Jeff vinha junto. Todos já estávamos no ônibus eu então sentei mais atrás e logo ao meu lado Jeff.

- Eu vejo brilho em árvores, o significa isso? - pergunto baixinho a Jeff.

- É a pureza, você agora consegue enxergar a pureza dos seres vivos, quanto mais brilhar mais puro ele é, árvores são extremamente puras. - responde ele sem olhar para mim, ele nunca olhou diretamente para mim, era bem discreto e aquilo me incomodava.

Olho para frente, até que pergunto novamente:

- Demônios vão para o inferno quando são atingidos por flechas, anjos vão para onde?

- Retornam para o céu, onde nasceu. - responde ele com a mesma expressão.

Então fico quieta, o ônibus chega ao nosso destino, descemos e caminhamos em direção a escola que era ao outro lado da rua.

- Não estamos sozinhos, estou sentindo presenças demoníacas aqui... São muitos! - Diz ele olhando de um lado para o outro.

- Você precisa sair daqui, procure o seu professor e peça mais do líquido sagrado para você. - continua ele que logo forma uma espada de energia em uma das mãos.