Fúria Adolescente!

Vamos surfar?

3 DIAS DEPOIS

Estou deitada no sofá da sala escutando música, Florence + The Machine.

Os dias estão passando rápido, e isso não é ruim. Nesses últimos dias, nós 4, eu, Jona, meu pai e minha madrasta (a mãe do Jona), saímos para fazer comprar em lojinhas da região, fomos em um sorveteria, e até almoçamos em um restaurante muito lindo, cheio de peças artesanais.

Depois daquele dia na praia, tenho conversado mais com Jona. Descobri que ele está querendo cursar engenharia, apesar de ser apaixonado pelo surf. É tão apaixonado por música quanto eu, e ama a mãe mais que tudo nesse mundo. Acho lindo a forma respeitosa como ele a trata.

O meu celular toca me tirando dos meus pensamentos.

-Oi meu amor. -A voz do Rafa soa do outro lado da linha.

Nos falamos todos os dias, acho fofo.

-Oi lindo, bom dia, como você tá?

-Morrendo de saudade de você, ainda faltam mais de uma semana para te ter em meus braços.

Sorrio mesmo sem ele puder ver.

-Não é tanto assim vai, da qui a pouco estaremos coladinhos assistindo a algum filme.

Jona entra na sala segurando uma prancha. Aceno para ele.
Ele senta no sofá de frente para mim e fica me observando.

-E como tá ai? -Continua Rafa.

-Bem, tem cada praia mais linda que a outra.

Jona silenciosamente, começa a se remexer fazendo careta e me imitando.

-Tudo que eu mais queria agora era puder dar um mergulho com você. -Rafa continua.

Consigo prender a risada e falo:

-Pois então, quando eu voltar será a primeira coisa que iremos fazer.

-Vou sair com os meninos agora, nem queria ir, mas você sabe como futebol é sagrado, quando eu chegar te ligo meu amor. Te amo.

-Também te amo, beijos.

Jona fica sério de uma hora para outra.

Desligo a chamada.

-O que foi? -Pergunto para ele.

Ele parece pensativo.

-Hoje você vai surfar comigo.

Solto uma risada.

-Desculpa te decepcionar, mas não nasci pra surfar, sou péssima em mantar o equilíbrio.

Ele levanta:
-Não tem problema, eu te ensino.

Continua encarando ele com cara de descaso.

-Podemos fazer uma aposta. -Começa.

-Que tipo de aposta? -Pergunto animada.

-Se conseguir pegar uma onda, faço o que quiser, qualquer coisa, mas caso não consiga, eu tenho direito a te fazer qualquer pergunta.

-Eu estou claramente na desvantagem.

-Por isso deixei a melhor parte da aposta por sua conta. Vale o risco.

O observo por um instante.

-Espera só eu colocar um biquíni. -Respondo, enquanto me levanto e sigo correndo escada acima.

*************************************

O mar esta agitado, muito agitado.

A praia a qual Jona me trouxe é bem movimentada, cheia de surfistas, tanto meninos quanto meninas.

Assim que chegamos o Jona me ensina algumas noções básicas, na areia mesmo, para quem esta aprendendo a surfar e depois seguimos para a água.

Entramos e sinto a energia do mar, olho para o Jona que ja está bem a frente e acena para que siga ele.

Quando o alcanço, já está tão fundo que não consigo nem encostar meus pés no chão.

Mergulhamos por entre algumas ondas e quando passamos do limite onde as primeiras ondas se formam, Jona se vira pra mim e sorri:

-Tem certeza que não quer desistir? -Brinca.

-Haha, vou mostrar pra você como é que se surfa.

-Olha, pra quem mal consegue se equilibrar em uma prancha na areia você tá se achando demais.

Ambos rimos.

Nesse momento sinto que estou exatamente onde deveria está.

É engraçado senti algo assim tão do nada.

Encaro o Jona, e percebo o quão lindo ficam seus olhos a luz do sol, já é fim de tarde, olho para o horizonte percebo que falta pouco para o sol começar a se pô.

-Você é linda.

Volto a encara-lo:

-Jona não, eu...

-Tem namorado, eu sei pô, só fiz uma observação, não significa que eu quero te beijar ou algo do tipo... -Ele me encara- apesar de eu querer, que fique bem claro.

Eu riu e ele também.

-Posso ir surfar agora? -Pergunto.

-Vamos lá. Agora a gente vai mais pra frente, vou te ajudar a sentar na prancha, e quando onda vim, você vai.

-Vou? É isso, só vou?

-Tudo que você tinha que aprender te ensinei lá na areia. -Ele sorri -Ou vai querer desisti?

-Cala a boca e me observa.

Subo na prancha sem a ajuda dele, e vou indo para frente, em direção ao limite onde as ondas começam e se formar.