Capítulo 35

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Apesar da dor que eu senti trazendo todas aquelas lembranças à tona eu me sentia aliviada, livre.

Ainda tinha mais algumas coisas que eu não tinha contado para o Caden, por um lado eu queria contar tudo para ele, cada detalhe, para sentir esse alivio de novo, mas outra parte de mim queria continuar mantendo tudo escondido para mim, eu não gostava de compartilhar meus sentimentos, muito menos esses, mas por alguma razão com ele era diferente, com ele eu era totalmente o contrário do que eu costumava ser. Eu sempre confiei nele tão fácil, me entreguei tão fácil, tudo parecia tão mais fácil com ele, e eu não sei se esse foi o melhor ou o pior erro da minha vida.

Desde de que eu coloquei os olhos nele foi assim, toda a intensidade dele foi me quebrando aos poucos, me mudando, derrubando todas as barreiras que eu tinha, e eu só percebi isso quando já não tinha restado quase nada, toda essa rapidez me assustava, e eu realmente não sabia se eu gostava daquilo ou não. Esses pensamentos passavam pela minha cabeça todos os dias, várias vezes, mas eu sempre os ignorava, e tentava focar no presente, nele, e simplesmente não pensar demais, pelo menos uma vez eu quis apenas deixar as coisas acontecerem, mas esse com certeza foi o meu erro, se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção eu teria percebido, eu podia ter evitado tanta coisa, podia ter evitado mortes, mas eu estava cega demais para ver, e por mais que eu dissesse que eu estava determinada a achar o assassino, na verdade eu estava muito mais determinada a ficar com Caden.

Nessa manhã, eu achei que estava tendo um ótimo dia, que tudo começaria a dar certo a partir daquele momento, mas na verdade foi totalmente o contrário, a manhã pode ter sido fantástica, mas a noite, ela foi destruidora.

****

Depois do café Alec e Aspen se trancaram em seus quartos novamente, antes eu achava que eles estavam sendo paranoicos, mas na verdade eles foram os mais espertos. Logan pegou os relatórios e os levou para seu quarto, Mason foi para o lado de fora, como fazia todos os dias, e eu e Caden ficamos sentados no sofá conversando.

- Meu pai teria adorado você. - Caden disse do nada.

- Você sente muito a falta dele, não é? - eu perguntei me aconchegando em seu abraço.

- Muito, eu e ele sempre fomos muito próximos. - ele disse com um olhar perdido. - Eu só queria que ele se orgulhasse de mim.

- Ele com certeza sente orgulho de você, Caden.

- Não mesmo, ele deve estar envergonhado vendo tudo isso. - disse com um sorriso triste no rosto.

- O que? - eu perguntei confusa.

- Apenas esqueça isso.

Eu apenas assenti.

- Você ainda fala com o seu pai? - ele perguntou momentos depois.

- Ele tenta, mas eu faço o possível para ignorar ele e o meu irmão. - eu disse, um pouco envergonhada pela verdade, Caden provavelmente daria tudo para poder falar com o pai e a única coisa que eu faço é ignorar o meu.

Caden se afastou para pode olhar pra mim.

- Por que? - ele perguntou, confusão banhando seu rosto.

- Ele arrumou outra mulher, Lucy, ela é uma boa pessoa, eu só não consigo me acostumar com isso. - eu parei e respirei profundamente para poder continuar. - Desde que a minha mãe morreu as coisas entre e meu pai não tem sido boas, nenhum de nós conseguia aceitar, e sempre que eu olhava pra ele a única coisa que eu conseguia ver era o rosto dele quando ligaram avisando que ela tinha morrido e isso era como uma facada, como se eu estivesse recebendo aquela noticia todas as vezes que eu olhava pra ele. Meu irmão tentou ser o mais presente, o mais companheiro, mas eu não permiti, eu só queria a minha mãe ninguém podia substitui-la então eu afastei todo mundo.

Doentia PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora