Capítulo Dezessete

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- Boliche?

- Não

- Teatro?

- Nope.

- Cinema?

- Hmm... talvez. Para ser sincera, gosto bastante de cinema - murmurei, pensativa. - Podemos fazer isso.

- O quê?! - Georgina arrancou a colher de Nutella da boca exasperadamente, encarando-me como se eu tivesse enlouquecido. - Não vamos comemorar seu aniversário em uma sala de cinema.

- Por que não? - foi minha vez de pegar uma colherada do doce. - Foi você quem sugeriu - encolhi os ombros antes de apoiar o cotovelo sobre a bancada e o queixo sobre a mão, encarando minha melhor amiga.

- Não estava falando sério! Foi só algo que surgiu do nada. Uma última tentativa desesperada, se você preferir. Afinal, você recusou todas as ideias.

- Já disse que não gosto de comemorar meu aniversário - revirei os olhos pelo que parecia ser a milésima vez naquela conversa. - Por que você simplesmente não abandona essa ideia doida de festa, ou jantar, ou boliche, ou viag-

- Você é extremamente teimosa. Alguém já te disse isso?

Pensei em meus irmãos, em Drake e em Zayn.

- Sim. Já ouvi essa calúnia algumas vezes - com um sorriso, dei de ombros, servindo-me de mais uma colherada de Nutella.

- Que calúnia?

Não pude evitar me encolher um pouquinho com o arrepio gostoso que sua voz ao pé do meu ouvido causou. Malik riu de minha reação, apoiando o queixo sobre meu ombro. Virei a cabeça para lhe dar um beijo rápido nos lábios.

- Sabe, - Geo murmurou, pensativa, - faz três meses desde que vocês voltaram da Austrália com a novidade de que o relacionamento se tornou verdadeiro e até hoje isso ainda me surpreende.

Franzi o cenho, levemente ofendida.

- O quê? Por quê?

- Porque quando eu bolei esse plano friamente calculad-

- Você jogou essa ideia do nada! Que planejamento o quê!

- -lado, não tinha ideia de que - continuou como se eu não tivesse dito nada - vocês formariam um casal tão água com açúcar. E lembrar de todo aquela tensão que borbulhava - mexeu as sobrancelhas de maneira sugestiva.

-Você é bem chata, sabia? - Zayn comentou, ainda com o queixo sobre meu ombro, o que fez sua voz sair como um murmúrio quase ininteligível.

- Isso não é jeito de falar com seu cupido favorito - revirou os olhos, um sorriso de canto de lábios de quem estava muito satisfeita consigo mesma.

- Você está passando tempo demais com Kitty - dessa vez ele levantou a cabeça para ter a certeza de que fosse entendido. - 'Tá começando a falar como ela.

Levantou os olhos para o teto, ponderando por um segundo.

- Vou considerar isso um elogio - concluiu finalmente.

Sabia que a descrença era bem visível em meu rosto e também não consegui evitar um meneio incrédulo de cabeça. Por que, em nome do que era mais sagrado, alguém consideraria isso um elogio?

Dietze e Malik pareciam já ter percebido meu não-tão disfarçado desgosto por Kristine, uma vez que talvez - com certeza - eu tenha saído do meu caminho para propositalmente evitá-la. E o pior é que sabia que ela era uma garota legal, mas o fato de ser um infalível detector de mentiras humano me deixava um pouco desconfortável, ainda que já fizesse três meses que Zayn e eu não estivessem mais mentindo.

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