Capítulo Vinte e Um

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Como tinha uma ideia bastante apurada de o que ela estava fazendo ali, busquei o como.

– Como você me achou? – resmunguei entredentes enquanto voltava para sala, deixando a porta aberta.

Não fazia sentido tentar mandá-la embora. Pelo pouco que conhecia de Green, podia dizer com segurança que ela era uma das pessoas mais teimosas do planeta. A menos que quisesse usar a força, sabia que não havia nenhuma chance de que Kristine fosse embora antes de dizer exatamente tudo que queria.

– Eu conheço muitas pessoas – respondeu ao fechar a porta. – Mas, nesse caso específico, precisei cobrar alguns favores para arrancar de Blake onde o primo dela morava. Você deveria dizer a Marchiori que ele tem uma família bem leal. Levei dois dias inteiros para conseguir a informação. Isso é um novo tipo de recorde.

Minha mente exausta levou alguns minutos para associar quem era Blake e como ela estava conectada à Drake. Não que aquilo fosse relevante, mas supunha que preferia me apegar a detalhes bobos no momento.

– Se veio defendê-lo, pode poupar seu fôlego – virei-me para ela, cruzando os braços, tentando me manter firme em minha decisão de não lhe dar muito espaço de manobra.

Infelizmente tinha plena consciência de quem realmente parecia intimidadora aqui. E definitivamente não era eu, em minhas – do Drake – calças e blusa enormes de moletom. Sem contar o sapato peludinho que Marchiori insistia em dizer que não era uma pantufa, mas que todos sabíamos a verdade. Tanto era assim que Kristine, com mais graça do que qualquer pessoa tinha o direito de ter sobre saltos agulhas de mais de sete centímetros, sentou-se em uma das poltronas, não se importando com a desvantagem de altura.

– Nah – sacudiu a cabeça. – Não vim defender ninguém. Malik me contou o que ele fez. Agiu como um babaca. E, acredite, eu já me ocupei em dizer isso a ele de mais de um jeito. Enfim, – revirou os olhos, – absolutamente indefensável. Vim apenas lhe contar alguns fatos. Posso?

Sentindo-me uma idiota por continuar parada no meio da sala com os braços cruzados, sentei-me de frente para Green, soltando um suspiro derrotado.

– Vá em frente.

Kristine olhou para o teto por um momento e respirou fundo antes de começar:

– Ninguém fora do círculo mais íntimo da banda sabe, mas o rompimento de Kim e Zayn foi uma coisa bem feia. Foi preciso muito, muito, trabalho de marketing e até da área jurídica da One Direction para cobrir os rastros e não deixar as coisas explodirem na mídia – passou a mão sobre a calça, respirando fundo. – Depois de cerca de quatro meses de namoro, ele ouviu sem querer ela conversando no celular. Resumidamente, porque me lembrar desse tipo de coisa me deixa com raiva até hoje, – sacudiu a mão, cerrando os olhos por um segundo, os lábios apertados em desagrado, – ela estava repassando algumas informações que Malik tinha confidenciado – soltou uma risada seca, – Zayn, naquela paciência enorme e cabeça fria exemplar que você presenciou, a confrontou de imediato. Acontece que nossa adorável – havia bastante desprezo naquela palavra – Kim também não era muito boa sob pressão. Quando abriu a boca, toda merda que ela vinha aprontando veio à tona. Kim estava vendendo informações a sites de fofocas. Informações cada vez mais pessoais dos meninos. Você não tem ideia de como todos nós nos sentimos invadidos – sacudiu a cabeça, lamentando a lembrança enquanto também lamentava o fato gerador dela. – O pior foi que ela não parou por ali. Eu... eu sei lá porque... – inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos sobre as coxas e entrelaçando e desentrelaçando algumas vezes os dedos das mãos. – Acho que ela pensou que o joguinho dela já tinha acabado mesmo, então não importava falar tudo. Ou talvez fosse só uma psicopata sádica. Bom, isso não importa mais – deu de ombros, olhando para o chão por um segundo. – Ela disse a Zayn que nunca gostou dele, que apenas continuava por perto pelo dinheiro que conseguia com as informações e pelos lugares em que entrava usando o nome dele. Ainda teve a audácia de gritar vários insultos e informar, muito orgulhosa, que o tinha traído com uns quatro caras diferentes. Dá pra acreditar? – perguntou retoricamente, passando a mão sobre o rosto em uma risada meio histérica. – Na cada dele. Aquela vadia.

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