Capítulo Onze

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Uma vez, quando fiz dezoito anos, meu irmão queria praticar bungee jump e logo agarrei a chance de acompanhá-lo. Queria riscar um dos tópicos na minha lista de coisas para se fazer antes de morrer. A sensação de seus pés deixando a segurança da ponte em direção ao completo vazio é absolutamente indescritível. Descobri mais tarde, porém, que aquilo infelizmente também era irreproduzível. Não importou quantas vezes pulei da mesma ponte ou de pontes diferentes. Nada trazia de volta a emoção, a adrenalina.

Nada de batidas frenéticas do coração, ou o sangue rugindo nas veias como se fosse fogo.
Nunca mais. Não importa quanto tentasse. 

Nunca mais. 

Ou foi o que pensei até que Zayn Malik me beijou. 

O choque durou exatamente um segundo antes de tudo ser substituído pela impressão de que estava em queda livre. O cérebro clinicamente lógico de que tanto me orgulhava simplesmente se desligou, deixando apenas os sentimentos me consumirem de um jeito que não estava acostumada. De maneira ausente, senti seu braço ao redor da minha cintura e me apertando mais contra si. Minha cabeça já dava voltas - não tanto pela falta de oxigênio, quanto pelo jeito como ele me beijava - quando Zayn se afastou. 

Completamente tonta, precisei me concentrar bastante antes de conseguir descerrar as pálpebras. O fôlego que havia juntado aos trancos desapareceu de novo ao encarar seus lindos olhos e o jeito como eles brilhavam com algo que não conseguia decifrar. E, naquele momento, eu não o odiei.
Naquele preciso momento, aliás, queria correr minhas mãos por seu rosto, que era o mais próximo da perfeição na Terra com o qual já tinha me deparado. Ele estava tão perto, tão ao meu alcance. Com seu cheiro me embriagando a cada segundo mais e seus braços me trazendo para mais perto de si, realmente cheguei a levantar a mão com a intenção de correr meus dedos por seu cabelo incrível. Feliz ou infelizmente, apenas havia roçado a ponta dos dedos em sua barba por fazer quando um grito estourou a bolha em que estávamos. 

- ZAYN! QUEM É ESSA? 

Por reflexo, virei o rosto na direção da voz. 

Imediatamente veio o segundo choque. Dessa vez foi luminoso. Um flash me cegou de tal forma que o susto me fez cambalear um passo para trás. Pisquei com força, tentando recobrar a clareza e o foco, o que não adiantou em nada, pois vários outros clarões vieram em seguida. Aquela situação era completamente nova e não estava encarando muito bem o fato de que meu controle estava sendo arrebatado de mim com força. Ergui a mão para cobrir os olhos quando senti a mão quente, que havia aprendido a reconhecer como sendo a de Malik, se fechando sobre meu braço para logo em seguida começar a me puxar para a direita. 

Não me orgulho de dizer que me agarrei a ele como se fosse uma bote salva-vidas me tirando do meio daqueles tubarões que atacavam meus sentidos. Felizmente não demorou muito para que conseguíssemos fugir. Encontrei-me dentro do carro acelerando para longe sem saber como havia ali entrado ou de quem era o veículo. A única coisa da qual tinha certeza era dos diversos pontos brancos piscando em frente na minha frente. 

- Que droga - esfreguei as mãos sobre os olhos, tentando voltar a normalidade. 

- Hey, Stormy - sua mão pousou sobre meu ombro nu, arrepiando completamente a pele ali. - Desculpe. Minha intenção não foi essa. Droga - as palavras duras contrastavam com o carinho suave que fazia. - Não acredito que pude pensar que eles agiriam como a merda de profissionais que supostamente deveriam ser. Não pensei que eles realmente iriam te atacar. Desculpe. 

As coisas ainda não haviam voltado ao normal por completo, uma vez que ainda me via sob os efeitos embriagantes de Malik, mas já tinha pontadas de consciência. 

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