Capítulo Sete

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Sabe aqueles momentos da vida em que você quer se esconder dentro de um buraco tamanho o constrangimento que está sentindo? Pois é... 

Enquanto estava sentada no sofá da minha sala, as penas cruzadas, os punhos cerrados e encarando a televisão desligada o único pensando que me tomava era que o Grand Canyon não seria um buraco grande o suficiente para me esconder e fugir daquela situação ridícula. Afinal, em uma escala em uma escala de 10 a 10, quão patético é sentar-se no mesmo cômodo que sua amiga e o irmão dela - que, aliás você odeia – enquanto a dita amiga repassava o plano imbecil no qual você idiotamente havia se metido. E ela não parava de falar, sorrindo sempre como se todos nós quiséssemos estar ali - o que chegava a ser bem irônico porque, pelo olhar distante de Malik e por meu sentimento próprio, Geo era a única que gostaria de estar ali e, acima de tudo, tento aquela conversa. 

Cruzei as mãos sobre minha barriga e mantive minha atenção no teto, torcendo para que aquilo acabasse, para que ela parasse de falar. Estava, de maneira extremamente entediada, ligando pontos imaginários no teto quando uma coisa que Dietze me fez despertar em um estalo. 

- Como assim os outros quatro idi-garotos não vão saber? – perguntei, exaltada.

 - Estamos tentando manter essa história o mais privado o possível. Quanto menos gente souber, mais fácil esconder. 

Eu entendia aquela lógica e até concordava com ela. O problema eram as implicações que aquilo traria. 

- Mas isso significa que teremos que fingir na frente deles também! Vai ser quase um fingimento 24 horas por dia! Quando não for na frente deles, vai ser na frente do resto do mundo! 

Tinha plena consciência de que meu tom não fazia muito para esconder a pontada de desespero que estava sentido - ainda mais quando me virava para o outro principal interessado e encontrava nada além de apatia. 

- Eu sei, Storm. – Geo assentiu com pesar – Mas não tem outro jeito. Já pensei muito sobre isso. Se nós contarmos para eles, vão querer encontrar outro jeito e depois vão começar a nos sabotar porque acreditam que estão certos e vai dar tudo errado. – terminou, quase histérica. 

Pisquei algumas vezes, surpresa. Acho que a situação não pesava somente em mim ou talvez no fantasma pálido do cantor ao meu lado. 

O pior é que se eu ponderasse um pouco poderia entender o motivo de Georgina estar tão arredia. O irmão dela parecia cada vez mais indiferente para o mundo e, depois que ela mencionara, podia ver que estava realmente perdendo peso. 

- Tá. – massageei minha testa – Tanto faz. 

Já iria mentir para meio mundo mesmo. Quatro pessoas a mais não fariam diferença. 

- O que Malik e eu teremos que fazer? 

Minha amiga respirou fundo, aliviada. 

- Para começar, você tem que parar de chamá-lo pelo sobrenome. 

Dei de ombros.

 - E vocês vão ter que ser mais... amigáveis um com o outro. – gesticulou com as mãos – Por que não se senta perto dela, Zayn? 

O garoto repetiu meu gesto de descaso e fez o que a irmã dissera. Virei para ele e forcei um sorriso.

 - Como vai, Zayn? – seu nome saiu tão amargo quanto me sentia. 

Senti o calor da raiva subindo pelo meu rosto quando aquele ser desagradável limitou-se a assentir, quase como se zombasse da minha tentativa de ser civilizada. Tive que apertar o tecido de minha calça para manter minha mão ocupada e, assim, não enforcá-lo. 

Meio AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora