—Que horas e onde?— Pietro me pergunta baixinho na carteira de trás.
—Na minha casa, as 15:00 horas, pode ser?— pergunto baixinho também.
—Nessa hora não— ele fala— pode ser as 17:00?
—Não— digo— hoje eu vou em uma clínica e nessa hora acho que ainda vou estar lá.
—O que vai fazer na clínica?— ele pergunta e o professor nos olha feio— deixa pra lá.
Ele volta pro lugar e o professor volta a dar a aula dele.
Hoje vou a clínica fazer alguns exames para a minha próxima cirurgia. Odeio isso. É desgastante e no final eu não melhoro. Eu já pensei em falar para meu pai parar de gastar dinheiro com isso mas não quero magoa-lo.
O sinal bate e começo a arrumar minhas coisas. Pietro se senta na carteira da frente e fica me encarando. Alika vai até a porta para me esperar só que vê o Pietro e vai embora.
—O que foi, Pietro?— pergunto tentando sair do lugar.
—Quero saber a hora— ele fala.
—Já que nenhum de nós pode na parte da tarde vamos estudar de noite então.
Tento sair da minha carteira só que não consigo de novo. Isso é frustrante. A faculdade não tem espaço suficiente pra mim, o que é horrível.
—Quer ajuda?— Pietro pergunta.
—Quero— digo e ele se levanta vindo me ajudar.
Uma coisa que reparei é que Pietro quando conversa comigo olha para mim e nunca fica olhando para a cadeira de rodas como todos fazem, ele sempre olha no meu rosto.
—Na minha casa, as sete horas? Eu te mando o endereço depois.
Eu confirmo mas não sei se vai dar tempo. Sei que os exames são importantes mas passar de ano também é.
Além do mais eu odeio a irmã do Pietro. Pietro tem 20 anos e tem uma irmã de 19, a mesma idade que eu.
Ela se chama Estefânia e para descrever ela uso apenas uma palavra. Vagabunda. Ela é bonita, muito bonita. Tem cabelos loiros e olhos tão azuis que eu acho que são lentes.
Ela faz faculdade no mesmo lugar que nós, mas estuda psicologia. Tomara que ela aprenda que a minha palavra para descreve-la tenha sentido.
Saio da faculdade e como sempre meu pai vem me buscar. Acho que depois de Maia ter fugido ele tenha criado medo de me perder também.
**
Chego em casa e estudo com a ajuda de Ruth. Como eu não tenho nenhum amigo além de Alika, que odeia estudar, eu peço ajuda para Ruth nessas horas.Acho que Ruth sabe mais de medicina do que Alika.
Alika é africana como já falei e para mim, ela é linda. Ela é negra e usa os cabelos em várias trancinhas soltas que vão até os ombros.
Ela tem uma boca com o lábio inferior grande e usa batons escuros que só posso definir como perfeitos.
São 16:00 e vou para a clínica com o meu pai. Os exames começam e são... desgastantes.
Eles me empurram para cá e para lá. Me colocam numa cama e depois em uma cadeira, cutucam minhas costas e tiram sangue, me dão injeções e me fazem perguntas.
Pelo menos pararam com os psicólogos.
Tipo, você nunca se imagina numa situação dessas até que aconteça, mas você também não imagina que algum dia vá acontecer. Eu tinha uma vida perfeita, ia para a academia, praticava lutas marciais e balé, e eu até namorava.
Assim que passou uns dias após o acidente, Caleb, o menino que eu namorava na época terminou comigo dizendo que eu merecia alguém melhor.
No fundo eu sabia. Era ele quem queria alguém melhor, ou melhor, alguém que não esta preso em uma cadeira para sempre. Mas o pior disso é eu ter que vê-lo todos os dias na faculdade. Ele faz direito e apesar de eu vê-lo ele nem sequer olha para mim, ele finge que nem me conhece e o pior é que eu amava ele, mas ele nunca me amou e precisei ficar paraplégica para enxergar isso.
Tudo termina e eu volto para casa as 18:30. Então tomo um banho e pego meu material. Peço ao meu pai me levar na casa de Pietro. No caminho diz que talvez não possa vir me buscar mas se não vier vai mandar alguém.
Assim que entro na casa de Pietro vejo Estefânia com sua amiga, a Raquel. Eu odeio a Raquel também.
As duas são farinha do mesmo saco e Raquel só existe para dar significado para a palavra puta. Ela tem uma pele bronzeada e cabelos pretos lisos, além de uns olhos verdes imitando os meus e usa óculos, o que faz ela parecer uma atriz pornô. Não que eu esteja generalizando, porém a linguagem corporal dela fala por si só.
—Oi— fala Pietro me ajudando a andar pela sua casa— vamos pro meu quarto.
As garotas me olham feio de lá do sofá mas eu finjo não ligar (já que realmente não ligo) e Pietro me empurra para o seu quarto.
Vamos na direção do quarto dele mas antes vejo uma mulher. Ela é bem bonita e tem olhos azuis como Pietro e Estefânia, ela deve ser a mãe deles.
—Mãe— diz Pietro confirmando as minhas dúvidas— essa é a Zara, filha do senhor Benneti.
A mãe dele me olha assustada como se não acreditasse no que está acontecendo ou como se estivesse vendo um fantasma.
Sinceramente eu sei que não sou grande coisa e o que mais chama atenção em mim são meus olhos verdes mas ela não tem motivos para me olhar assim.
Nenhuma de nós fala algo e o momento se torna muito tenso, Pietro percebe isso e me empurra em direção ao quarto rapidamente. Pela janela vejo um relâmpago e troveja alto, as garotas gritam na sala e Pietro ri me fazendo rir também.
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Hmmm.Por que será que a mãe do Pietro olhou assustada pra Zara?
O que vai acontecer durante essa aula? Em?Quero agradecer muito pelos comentários e pelos votos ❤. Não desistam de mim pessoal ❤.
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Essa é uma história de amor (#Wattys2016)
Roman d'amourZara era uma garota doce e muito confiante, porém um acontecimento trágico ocorreu em sua vida e ela acabou ficando de cadeira de rodas. Apesar de sua condição física, Zara vive uma vida normal até onde pode. Indo para a escola e estudando muito ela...