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—Zara? Está tudo bem?— Ruth me pergunta.

—Claro— falo mas uma lágrima desce pelo meu rosto.

—Oh, querida!— ela corre e me abraça— esta assim por causa de não poder se divertir como os outros?

—Não, Ruth— falo e limpo meu rosto— nesse momento tem coisas que estão doendo mais.

—Não fica assim, vai ficar tudo bem.

No fundo eu sei. Não vai ficar nada bem. Não agora pelo menos. Pietro me deixa confusa, no mesmo momento que eu pensava que o odiava ele chega me lavando a uma festa.

Em um momento estamos prestes a nos beijar e no outro ele diz que não ficaria com alguém como eu.

Em um momento eu digo não gostar dele e no outro ele é meu único amigo.

**
Chego cedo na faculdade, vejo Paulo mas não vejo Alika ou Pietro. Eu acho estranho. Como Alika é bolsista ela nunca falta e acho que ela não está tão abalada pelo que aconteceu na festa.

Eu nem me importo mais. Já aceitei o fato de eu ser uma perdedora, de não ter amigos e tudo mais. Pois a verdade é que nunca vou namorar alguém. É como dizem, na gaveta da vida eu sou aquela meia que não tem par, e não tem ao menos uma meia que se pareça comigo.

Pareço pessimista ou até dramática, mas não, eu estou apenas sendo realista.

Pietro aparece no recreio com uma cara nada boa. O que será que aconteceu?

—Oi— ele diz e se senta na mesa em que estou.

—Oi.

Percebo que várias pessoas nos olham e conversam baixinho entre si. Será que eles não percebem que eu vejo isso?

—Podemos conversar?

—Já estamos conversando.

—Eu quero me desculpar com você— ele diz e olha para baixo.

—Pelo quê?

—Pelo o que eu disse, ou melhor, pelo que eu não disse— ele me olha e continua a falar— eu sei que não é fácil pra você e eu fui um idiota.

—Tudo bem— não está tudo bem, mas por via das dúvidas eu prefiro dizer que está.

—Não esta tudo bem, Zara, tem como voltar a ser como antes? Você é minha única amiga.

—Claro, por isso vamos estudar hoje.

—Onde?

—Na minha casa, eu não quero encontrar a Raquel ou a Estefânia, não hoje.

—Tudo bem então.

**
Eu não vi Alika e achei isso mais que estranho, talvez ela tenha ficado doente, mas eu não espero que ela melhore, por mim ela fica internada para sempre para que eu não precise mais vê-la.

Tá, isso é muita maldade. Mas ela não me mandou uma mensagem sequer. E eu fiquei realmente chateada.

Marco com Pietro para ele vir a minha casa as oito estudar. Nessa hora a Ruth vai estar na sua hora de descanso e meu pai vai estar viajando.

As vezes eu sinto falta do meu pai, da minha mãe e da minha irmã, mas me conformei com tudo ao longo dos anos, eu sou feliz e meu pai não me deixa faltar nada, nem financeiramente e nem emocionalmente.

Quando dão oito horas, Pietro aparece. Ainda não sei como ele consegue ficar tão lindo usando óculo. O que me lembra que ele tem que usar o óculos na faculdade se não, não vai adiantar nada estudar.

—Já sabe essa parte da matéria?— pergunto enquanto ele acaba de fazer um resumo.

—Acho que sim— ele larga o lápis e estrala o pescoço— tenho que passar nessa prova.

—Por causa do baile?

—Sim, se eu não passar não vou poder ir.

O baile vai ser daqui a duas semanas. Vai ser um baile de dia dos namorados, o que significa que eu não vou. Também não sei por quê Pietro quer ir, ele também não tem ninguém. Não que seje obrigação ir com o seu/sua parceiro (a), mas é a tradição.

—Você vai sozinho?

—Eu aí convidar alguém, mas já não sei mais de nada.

Não vou mentir. Eu fiquei com ciúmes. Não, eu não sou ciumenta, e também não sei o que está acontecendo comigo. Estou confusa.

—Acho que vou embora, já são dez e meia e amanhã tem aula— Pietro diz e se levanta.

—Claro, eu vou com você até a porta.

Ele anda na minha frente enquanto vou atrás empurrando minha cadeira e encarando a bunda dele.

Bundinha bonita.

Quando chegamos a frente da casa vejo seu carro. Acho que eu nunca vou dirigir um carro, mesmo tendo carros adaptados para pessoas como eu. Mas o ruim mesmo é eu não poder andar de bicicleta, coisa que antes eu amava fazer.

Me viro e vejo Pietro me encarando. Ele parece pensar sobre algo. É engraçado ver as pessoas pensando, as vezes elas fazem algumas expressões bem legais.

De repente ele se abaixa e me beija.

Não beijo ninguém a tanto tempo que parece que estou beijando alguém pela primeira vez.

Ele coloca a mão na minha nuca e intensifica o beijo, enquanto só tento me concentrar em não bater meus dentes no dele. Ele termina o beijo e me olha.

—Tchau— diz e vai andando até seu carro.

—Tchau— digo em um fio de voz.

Depois que Ruth me ajuda a deitar não consigo dormir. Já deve ser meia noite mas ainda penso naquele beijo. Eu não deveria, para ele eu estou sendo só mais uma enquanto ele não tem mais ninguém.

Não vou me iludir pensando que ele vai me beijar novamente e me pedir em namoro. É a realidade. Somos prisioneiros da nossa própria mente e isso não esta me fazendo nada bem.

Preciso dormir e esquecer. Esquecer de tudo.

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Votem e comentem ❤❤
Próximo capítulo vai ter uma grande surpresa!

Essa é uma história de amor (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora