20

1K 108 39
                                    

Um ano.

Eu poderia falar que foi um ano de mudanças, mas não, nada mudou. Eu só vou fazer vinte anos daqui dois meses.

E é também daqui dois meses que minha irmã Maia vai se casar. Depois de quatro anos ela voltou, e tem dois filhos gêmeos lindos, o Miguel e a Ivna.

Eu nem preciso falar sobre meu pai. E sobre a minha fisioterapia, graças a Deus começou a dar algum resultado. Mês passado eu dei cinco passos antes de cair.

E tem o Pietro que ainda está internado. Eu não desisti dele. Porque eu já não sei, não quero e não posso viver sem ele.

Eu voltei pra faculdade e voltei a conversar com a Alika, claro, não é a mesma coisa, mas é bom saber que depois de tudo ainda somos amigas.

Acho que minha vida voltou ao normal, afinal, já estava na hora.

Agora eu estou na praia, Maia queria se casar em uma, mas todos se negaram e agora estamos aqui.

Sentei em uma cadeira e coloquei meus pés na areia, a sentindo depois de tanto tempo. Isso me dá a sensação de que eu posso me levantar e sair andando a qualquer momento.

Fiquei olhando as ondas que iam e vinham. Lembrei da minha vida e lágrimas desceram pelo meu rosto. Chorei pela prima vez em dois meses.

-O que foi, Zara?- Maia aparece perguntando.

-Nada- digo e começo a limpar as lagrimas.

-Ah, Zara- ela se senta do meu lado- pode me falar o que está acontecendo.

-Eu não sei, Mai, não sei- falo chorando- eu não sei se consigo mais esperar pelo Pietro- ela me abraça.

-Mamãe demorou nove meses pra formar seu coração- ela fala baixinho- não deixe que ninguém o parta em alguns minutos, se você não está se sentindo bem esperando talvez esteja na hora de parar.

-Encontrar outra pessoa?- pergunto baixinho.

-Não- ela fala, nos separa e me olha nos olhos- ser feliz sozinha- diz e me abraça de novo.

E ficamos ali, abraçadas. Ouvi quando alguém estava se aproximando e Maia fez sinal para que ele fosse embora. É tão bom ter a Maia aqui.

**
Voltamos pra casa. Tomei banho e me arrumei pra faculdade.

Eu mudei de turno e estou estudando de noite, eu não queria ter que encontrar o Paulo de novo, se estou sendo covarde? Talvez, mas eu não ligo. Só sei que não quero mais ver ele.

Na faculdade eu não consigo me concentrar. Não consigo parar de pensar no que Maia me disse sobre parar de esperar e ser feliz sozinha.

Peço pra ir embora mais cedo dizendo que estou passando mal e vou pra casa.

Quando o carro chega pra me buscar começa a chover, me lembro do dia em que Pietro me deixou.

É muito triste pensar nele. Nós nunca vamos nos beijar na chuva. Eu também nunca vou calar sua boca com um beijo e nenhuma de nossas brigas vão acabar na cama. Eu nunca vou observá-lo enquanto ele dorme e nunca vou fazer cafuné nele quando ele estiver com a cabeça deitada no meu peito. As pessoas não vão nos olhar e dizer como somos bonitinhos juntos. Não vamos ter um futuro.

Cheguei em casa suportando por fora enquanto estava morrendo por dentro. Disse que ia dormir, só que na verdade eu estava chateada demais pra fingir que está tudo bem.

Maia veio me ver, eu não queria conversar e me virei chorando.

-São apenas sentimentos, Zara, ninguém tem culpa do que sente- ela falou antes de fechar a porta e ir embora.

Fiquei olhando a chuva que batia na janela, e do mesmo jeito que as gotas desciam pelo vidro, minhas lágrimas desciam pelo meu rosto.

**
Acordei decidida. Não vou mais esperar pelo Pietro. Talvez era realmente isso que deveria ter acontecido, então, vou dar tempo ao tempo.

-Como você está?- Maia pergunta saindo de dentro da piscina.

Acho que a gravidez de gêmeos não afetou ela, já que ela está com um corpo maravilhoso.

-Sabe, isso realmente está doendo em mim.

-Sim, eu sei como é difícil esquecer alguém- ela fala, depois Guilherme chega com os gêmeos.

Eles são tão bonitinhos juntos, a família mais linda que já vi.

Começo a me afastar, a felicidade deles está me deixando mais triste ainda e eu não quero acabar com tudo por causa da minha cara de desolada. Maia corre até mim.

-Onde vai?- pergunta.

-Pro meu quarto, não tem nada pra mim fazer aqui- falo ainda andando.

-Vai ficar bem?

-Não se preocupa, eu vou ficar bem.

-Tem certeza?- ela para de andar e eu passo na sua frente.

-Não- falo. Mas eu preciso acreditar nisso.

O ano pode ser novo, mas as dores são as mesmas.

Decidi ficar no meu quarto em silêncio, fingindo que eu não existo. Estou cansada de fingir que estou bem, já está doendo ter que fingir.

Depois de um tempo começo a dormir, é tão bom dormir e não ter que ficar enfrentando os problemas.

-Zara- alguém me chama- Zara tem alguém te chamando.

Acordo atordoada.

-O que? Quem?- pergunto ainda sem acordar totalmente.

-É um menino- ela me olha com cara de safada- é um menino lindo por acaso.

Quem?

Na maior preguiça tento me sentar na cadeira, Maia fica com raiva e me ajuda.

Ela me empurra pela casa correndo tanto que me sinto em alguma versão pobre de Velozes e Furiosos.

-Calma, Mai- falo olhando pra ela.

Então eu olho pra frente, pro portão, onde Guilherme está conversando com um rapaz.

Com um rapaz que eu conheço muito bem.

Com um rapaz lindo, branco de olhos azuis que estão atrás de um óculos.

Conversando com Pietro.

Pietro.

Quando Maia quase atropela eles me vejo do lado de Pietro.

Me levanto tirando forças do nada e me jogo em seu colo.

-Zara- ele fala. Ouvir sua voz depois de mais de um ano me faz começar a chorar.

Chorar de felicidade.

-Pietro- digo.

Não tenho mais forças pra ficar em pé mas eu não caio pois seus braços me apertam me segurando.

Então ele me beija. Demora um pouco para que eu caia na real e dê continuidade ao beijo.

Com uma mão nas minhas costas e com a outra na minha nuca ele me beija.

Fico com a minhas mãos passeando pelos seus cabelos. Depois que nos beijamos nos abraçamos.

Respiro fundo sentindo seu cheiro e pensando que é ele que eu amo.

Sinto que está tudo perfeito agora.

********
RETA FINAL DO LIVRO.

Mais alguns capítulos ele já acaba 😢
Mas não fique triste pois vou começar a postar uma nova história (do Miguel filho da Maia)

Próximo capítulo será das fotos dos personagens.

Essa é uma história de amor (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora