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Doeu.

E doeu mais do que eu esperava pois eu não estava esperando.

Quando cheguei em casa tive que explicar a Vanessa o que aconteceu. E doeu lembrar.

Passei meu resto de tarde na sala assistindo TV, ou melhor, tentando. Eu não conseguia me concentrar nas imagens ou entender o que as pessoas falavam, ou eram animais?

Quando anoiteceu Vanessa me ajudou a tomar banho, vesti um pijama e fui dormir. Quanto eu era criança, eu odiava dormir porque tinha medo de perder toda a diversão da vida. Hoje eu durmo pra evitar a vida.

O sábado foi como os outros, passei o dia sozinha pois meu pai trabalha demais para fazer qualquer outra coisa e Vanessa foi fazer compras.

Era bom ficar sozinha, sem ter que sorrir e parecer satisfeita com as coisas.

Eu estava tão chateada que não tirei nem o pijama, ou escovei os dentes ou arrumei meu cabelo.

O domingo não foi diferente, mas meu pai estava em casa trancado no escritório, a vida dele se resume totalmente só a trabalho. Eu tenho medo de uma existência assim.

Eu estou me sentindo usada, queria que tivesse ao menos um aviso, ou alguma atitude dele que demonstrasse que iria embora. Algo a que eu pudesse me agarrar.

A segunda foi melhor... e pior. Foi melhor porque não estava mais chovendo e o Paulo veio falar comigo. Era fácil falar com ele, era ele quem eu amava afinal de contas, não é mesmo?

Paulo me contou sobre a festa, era fácil falar com ele, pois, tudo o que ele perguntava ele mesmo respondia e quando ele me olhava atrás de uma resposta eu só precisava sorrir e confirmar com a minha cabeça.

Eu não tive coragem de abrir alguma rede social durante o final de semana, não queria ver nada sobre o baile, não queria ver pessoas que eu considerava amigas super felizes em uma festa.

Festa para qual eu tinha até comprado um vestido novo.

E eu também não queria ver ele.

E foi pior poque eu vi ele com a Raquel e a Estefânia. Eu não pensei que eu me lembraria de tudo e doeria novamente.

**
Depois do banho me olho no espelho. Me observo e tento pensar no por que do Pietro ter me deixado sem mais nem menos. Ele se cansou de mim? Ou para ele eu nunca representei nada além de boas notas na faculdade?

E claro, eu ainda era o sexo fácil na vida dele. Que grande ridícula eu era.

Me vejo e, apesar de eu ser a mesma, eu não me reconheço mais. Eu me acho estranha. Eu não sou a mesma de três meses atrás.

Paulo me manda mensagem e ficamos conversando durante a noite. Ele me faz melhor pois me faz esquecer do Pietro, ou pelo menos, não lembrar.

**
—Não quero ir— digo a Vanessa.

Eu não quero ir mais a terapia. Tudo lá me lembra do Pietro e, eu não quero voltar lá para quando eu olhar aquela cadeira do canto eu não ver mais ele.

Vanessa me olha como se eu estivesse sugerindo que a gente matasse um gato e fizesse um sacrifício ao demônio.

—Você vai sim!— ela responde.

O ruim da Vanessa é que ela é muito certinha, se fosse a Ruth eu não iria, mas como é a Vanessa eu sou obrigada. Até parece que meu pai é rei dela.

—Eu tenho 19 anos e se eu não quiser ir, eu não vou!— falo e me volto ao quarto.

É difícil quando se está numa cadeira de rodas. Vanessa me segura e meu pai aparece. Ele me faz ir a terapia.

Eu vou mas fico depressiva durante todo o tempo. Tudo me lembra dele, é triste e eu não sei o que fazer.

Eu queria só por hoje ser como uma flor de plástico. Não morrer, mas também não sentir falta de nada. Não sentir falta de sol, nem de água, nem de ar, nem de comida... nem de dele.

É como dizem: amigos também podem quebrar seu coração.

Será que eu o amo?

É loucura pensar isso, passamos três meses juntos contando de quando começamos a estudar.

E nunca namoramos, para o meu pai eu namorava e provavelmente para a faculdade também, mas nunca houve um pedido.

Nunca houve nada.

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Desculpa o capítulo curto, mas, a história agora vai entrar em uma nova parte!

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Essa é uma história de amor (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora