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—Não temos nada para fazer mesmo— Pietro diz concordando.

Ele se espreguiça e tira os óculos, depois descansa as mãos na coxa.

—Por que você não usa os óculos na faculdade?— pergunto só para cortar o silencio.

—Não gosto, não sou acostumado e além de que todos iam tirar sarro de mim.

—Agora é a sua vez de perguntar.

—É ruim?

Ele pergunta olhando para baixo. Eu sei do que ele fala. Ele fala da minha condição. De eu não poder andar.

A chuva lá fora esta forte mas aqui dentro esta um silêncio absoluto. A tensão é tão visível e palpável que eu poderia pegar uma faca e cortar ela.

—É...- escuto a minha voz e me sinto estranha— não a situação em si, mas o que aconteceu depois dela.

—Como assim?

Ele continua sem me olhar. Deve estar se sentindo culpado pelo que fez comigo. Isso é bom, pelo menos prova que ele tem um coração. Um coração sem uso mas que não deixa de ser um coração.

—Eu já cheguei a achar que não precisava de mais ninguém na minha vida porque eu já tinha tido a sorte de encontrar a pessoa certa. Engano meu. Quando tudo apertou e o momento de decisões chegou, o casal não foi forte o suficiente pra seguir juntos.

—Deve ter sido horrível— ele fala e agora me olha.

—Acontece muito por aí— digo querendo que ele pare de me olhar.

O olhar dele é intenso e não consigo desviar. Se eu pudesse sentir as minhas pernas com certeza as sentiria moles agora.

—Eu sinto muito, Zara— ele começa a se aproximar de mim e sussurrar— eu queria saber uma maneira de me desculpar com você.

—Você já se desculpou— sussurro de volta mas não sei o porquê de estarmos sussurrando.

Ele chega mais perto e coloca a mão no meu rosto, ele passa o dedão pelo meu lábio inferior e os olha. Então me dou conta.

Ele vai me beijar.

Entro em desespero. Eu quero beijar alguém mas não sei se quero beijar ele. Quem eu estava tentando enganar, é claro que eu queria. Eu quero beijar ele desde que entrei no quarto dele. E eu era uma tola de pensar que Paulo iria se virar para mim e declarar seu amor.

Me aproximo um pouco, mas isso é errado. É errado querer ele e amanhã quando me ver na faculdade vai se lembrar desse beijo e se arrepender sem acreditar que ficou com uma menina como eu.

Mas eu não ligo. Eu não quero saber. Se ele vai se arrepender o problema é dele. Foi ele quem veio para cima de mim afinal.

Mas antes que ele chegasse perto o suficiente um brilho do farol de um carro nos invade. É o meu pai. E ele chegou acabando com tudo.

Meu pai me ajuda a sair do carro e me põe na minha cama.

Olho para o teto me perguntando o que poderia ter acontecido se ele não tivesse chegado.

Tento não pensar muito no assunto e adormeço.

**
—Como foi?— Alika me pergunta na sala de aula antes que o professor entre.

—Normal.

Eu não quero falar sobre o carro e a conversa, e uma aula particular não se pode ter outra descrição a não ser "normal".

—Você pegou ele?

Encaro ela com um enorme ponto de interrogação na cara.

—Alika, tenta pensar com a cabeça, não com a bunda, eu nunca ficaria com o Pietro mesmo se quisesse.

—Por que você se diminui tanto?

Porque todos me diminuem! Porque parei de andar pois um covarde atirou nas minhas costas! Porque não tenho vida social já que ninguém me chama pra nada! Porque eu não beijo ninguém a quase quatro anos pois ninguém quer a "alegadinha"!

—Eu não me diminuo— falo.

Pietro entra na sala e meu coração dispara, eu acho que deveria ficar com vergonha por ontem. Eu realmente quis beijar ele por um minuto antes do meu pai aparecer e eu não deveria ser tão fácil assim.

—Acorda— Alika estrala os dedos na minha frente e a encaro com cara de poucos amigos— seu boy, amiga.

Ela olha para a porta e eu olho também. Vejo Paulo entrar, ele me vê e dá um sorrisinho e mexe a cabeça quase que imperceptivelmente num cumprimento amigável.

Amigável. Isso é frustrante. Eu sou praticamente BV e sou apaixonada por um garoto que nem me nota direito, parece que eu voltei a ter 10 anos. Ridículo.

**
O resto do dia não foi diferente dos outros. Estudei e fui embora com meu pai. Quando cheguei em casa Ruth me ajudou em tudo. Penso em mandar a Ruth dar as aulas para Pietro, com certeza ela sabe mais que ele.

Lembro que não marcamos uma hora para estudar. Pego meu celular e mando uma mensagem.

Eu: Pietro, quando vai ser a próxima aula?

Ele demora para responder. Será que ele está magoado por causa do que aconteceu ou ia acontecer no carro? Mas antes que eu fique mais nervosa ainda ele me responde.

Pietro Agostini: Hoje não vai dar, tenho uma festa pra ir.

Eu: Você não tem tempo pra festas. Você tem que estudar.

Pietro Agostini: Pare de falar como a minha mãe.

Eu: Se você quiser reprovar, por mim tudo bem.

Pietro Agostini: Não fala assim. Quer ir a festa comigo?

Fico surpresa. Se alguém me dissesse que eu seria convidada para uma festa pelo garoto que não para de tirar sarro de mim com certeza eu iria rir da cara da pessoa.

Acho que demorei pra responder, porque ele me liga.

Eu não estou brincando— ele fala, parece que ele esta com pressa— quer ir a festa comigo?

—Eu não sou convidada para as festas, Pietro eu não vou a uma festa faz três anos!

Isso não importa! Vou passar na sua casa as nove pra te pegar. Fica lindona!

Ele diz e desliga. Olho para o celular ainda sem acreditar. Depois de me recompor olho para a porta e grito.

—Ruuuth!

***************
Capítulo sem graça pois estou viajando e fiquei sem tempo.

Mas, façam suas apostas para o que vai acontecer nesse próximo capítulo!

Votem, e claro, comentem ❤❤

Essa é uma história de amor (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora