Capítulo 9 - Atitudes

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Sei que é começo de manhã, uma manhã bem longa para falar a verdade. O sr. DELEGADO-AUTOCONFIANÇA estava como de costume: Blaze, camisa branca, jeans e seu sapato social. E não me surpreendo ao olhar de soslaio para o carro dele blindado, de vários reais. Sei lá quanto àquela porra deve custar.

- Então, diga-me garotinho... - "Garotinho?". - Outra tentativa assassinarem você?

- Estou começando a odiar você por algum motivo. - cerro meu olhar furioso para ele. E tenho quase certeza que ele compreendeu, erguendo as mãos acima da cabeça, mas com seu riso debochado nos lábios bem visível.

- Ok, ok! Esquentadinho. - ele diz com o mesmo deboche que há em seus lábios sorridentes.

Aff! Ele deve curtir implicar com os outros. Ou tem algum problema em particular comigo, só pode!
Minha cara estava queimando a ponto dele mesmo olhar para mim e desviar o olhar, ignorando-me por completo. AAAAH! QUE FILHA DA PUTA!

- Calma, Guto! - sua voz ecoa por toda sala, calma, branda, relaxando-me. Meus olhos focaram o corpo estirado de mal jeito na cama e sentado ao meu lado, cansado e agarrado a minha cintura. - Já resolvi tudo.

Eu não consigo evitar o sorriso bobo em meus lábios que desabrocham somente de sentir seu rosto se afundar e sua respiração ali em meus colo, quente e confortante. Minhas mãos seus esgueirando até os fios de seu cabelo e os afagos. Sei que ele deve está muito cansado e torturando pra que seu corpo continue a ficar acordado. Mas tudo tem seu limite.

- Resolvido? - até eu sentir a indagação do policial "Meu ego é maior que meu pinto" - Como o que por exemplo?

- As passagens pra Madrid.

Seu corpo parece despertar de vez ao sentir que saltei abruptamente na cama. Meu olhar inquisidor totalmente estático para ele o faz recuar com os lábios em uma linha dura.
Tenho o mal pressentimento do que mais ele vai falar...

- MADRID! Eu ainda nem terminei a faculdade! Já estou na reta final e ainda tenho que fazer meu T.C.C! - droga! Minha voz ficou mais alterada do que eu mesmo pretendia.

- Sobre isso... - seus olhos escuros e cansados me visualizavam com cautela, até por demais para o meu gosto.

- O que você fez?! - de voz alterada e escandaloso para fria em milésimo de segundo. Bati meu recorde de estresse esse mês. Acho que já até perceberam com o monitor de batimento cardíaco apitando enlouquecidamente.

- G-guto... Eu fiz o que era preciso.

Minhas mãos estão coçando pra esganar ele. Mas contenho-as apertando o lençol da cama. Mas já até entendi o que ele provavelmente havia feito. Deve ter trancado a minha faculdade.

- Se intrometendo na vida dos outros? - rebati, com mais fúria na minha voz.

- Na sua vida! - ele contra ataca, me intimidando.

- Ok... - diz Bruno, e o observo levar a sua mão até o ombro largo do Cadu. - Os dois pombinhos apaixonados podem se acalmar, por um momento?

- Eu não acredito que você fez isso. - desisto...

Estou parado, olhando fixamente com minhas mãos sobre meu colo as gotas quentes rolando e desaguando sobre as palmas das mesmas. Estou com tanto ódio, com tanta raiva. No momento o que só posso fazer agora é chorar, trouxe meus joelhos para o meu peito e os abracei com força contra o meu peito. Não sei quanto tempo mais vou aguentar.
Uma mão pesadamente grande quente me conforta. Não preciso abrir meus olhos pra saber de quem é. Sei bem que o Carlos faz o que faz para me proteger, mas ao mesmo tempo está me sufocando. Quando é que ele vai perceber.
Não sei quantos minutos longos e duradouros se passaram até que o policial Sucenna quebrou o silêncio mortal com a pergunta que não queria se calar.

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