Capítulo 17 - Uma promessa no chalé

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Fui arrastado para o buraco mais fundo e escuro daquela casa. Tentando me soltar daqueles braços que estava me segurando com força e tampando minha boca enquanto carregava meu corpo como se fosse uma pena. Desisto, meu corpo exausto não quer mais lutar para se desvencilhar, e ao parar o homem que estava de boné preto a minha frente, escondia seu rosto coberto por um pano, mas os olhos dele, aqueles mesmos olhos que olhava todos os dias para mim, de cor castanho escuro quase chegar a um tom negro. Meus olhos transbordaram de lágrimas de esperança, mas não escorreu.

- Cadu... - sussurrei, agarrando-me nele.

Ele só fez um sinal de silêncio com o dedo indicador e eu assenti. Obedecendo sua ordem e ouvindo os passos deles por cima de nós, o teto de madeira rangia e se mexia com a correria dos cães e dos homens de Jorge. Depois de uma hora, parecia que havia cessado as buscar nesta área. Não ouço passos, muito menos latidos dos farejadores. Calos dá um passo a frente, fazendo um gesto para que eu fique por um momento e o vi subir nas escadas e sumir ao fechar a porta do porão. Já estava nervoso roendo até o sabugo das minhas unhas, não fazia nem 10min e eu já estou deste jeito. Não aguento o terror da espera, decidi que é melhor eu subir também para ver se estava tudo bem. Mas quando já na porta prestes a abrir, ela se abre automaticamente. Minha bile sobe puxando a corda para o meu coração disparar e meu corpo congela. Foi então que vi o alívio no rosto do Cadu entrando pela porta novamente.

- Você está bem? - sua voz era tão calorosa quanto seu corpo que me embalou num abraço forte.

- Estou sim. - digo me aproveitando daquele momento de esperança.

- Que bom! - seu abraço ficou mais forte, enterrando seu rosto em meus ombros. - Que cheiro é esse?

- Hortelã. - rio baixo. - Era pra despistar os cães farejadores.

- Fez bem. - ele pega meu rosto entre suas mãos quentes, aqueles olhos olhando para mim me admirando. Seu rosto estava com barba, cada traço dele era perfeito. - Mas prefiro seu cheiro.

Seus lábios formam um sorriso tão deslumbrante com meu rosto corado, e esses mesmos belos lábios encontram os meus num urgente beijo envolvente. Sigo para dentro dele, com nossos corpos colados aquecendo um ao outro quando penetrava os a sala daquela fria casa.

- Espera aí... - ele sussurrou entre nosso beijo, hesitante em parar, até que se afastou de mim e o vi até a lareira. - Você vai se resfria se não aquecermos essa casa.

Mesmo que tenham acontecido várias coisas em menos de uma semana, ele continua sendo aquele cara protetor e carinho rabugento de sempre. Querendo o melhor. Movendo os céus e a terra. "Mas ele já tem uma noiva", meu subconsciente está em seu divã agora, lendo seu livro de auto-ajuda por controle, me olhando sobre seus óculos de um jeito que diz para não seguir em frente. E é isso que eu faço. Carlos chegou perto de mim, abraçando-me como um tesouro precioso dele me arrasta, ficamos de frente-a-frente em um tapete felpudo, colorido com um mix de bege com marrom, com a lareira nos aquecendo e nos iluminando. Seus lábios se encontrariam com os meus, mas o parei com as mãos sobre seu peito. Ele me encarou, confuso, como se estivesse tirando algo dele mais uma vez. Algo que ele desejasse toda a vida. O que vinha procurando o que confortava. Dava para sentir, mesmo com a cabeça baixa que ele estava procurando meus olhos com certa urgência. Já conheço todos os seu suspiros, exagerado, intimidador e exasperado. Mas me surpreendo quando, ele se senta no tapete e me puxa pra o seu colo. Mas não me força a fazer absolutamente nada que eu não queira. Ele está me olhando com cautela, posso sentir sua ansiedade e preocupação. Será que ele está pensando que vai me perder? No que ele está pensando de verdade?

- O que foi? - indagou ele, posso ver todas as suas emoções em uma só pergunta, mas seu rosto é inexpressivo.

- Não é nada. - antes de baixar a minha cabeça ele a pega pelo queixo entre suas mãos e volto a olhá-lo.

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