Capítulo 21 - Hunter 587, todos a bordo

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Faz mais ou menos 7 horas que estamos andando dentre as matas verdes, cheias de cipós e galhos que rastejam no chão... Uma cobra! Eu só quero minha casa,minha cama. Parece que não chegaremos a lugar nenhum. Ou estamos perdidos ou estamos perdidos! Eu não posso ficar preso num lugar como esse! Eu não estou pirado por isso. Estou pirado porque faz essas mesmos 7 horas que Cadu não fala comigo. Não é nada. Mas desde que ele me perguntou aquilo no meio do sexo ele ficou calado... Não é que eu me importe, até porque ele ficou com a sr. Escarlate do mal. Mas ele sempre quer puxar algum assunto comigo, ou arrumar encrenca, ou me estressar. Meu senho está se juntando de novo. Suspiro fundo, exausto e me recosto numa árvore velha.

- Cadu! - ele somente parou. - Quero descansar um pouco... - sinto minha barriga doer e logo roncar. - Estou com muita fome e exausto e já vai começar a anoitecer.

- Eu sei meu pequeno. - ele se achega perto de mim e se inclina. Posso ver algo em seu olhar além da preocupação. Tristeza talvez? - Eu vou arranjar algo pra gente comer. Você consegue fazer a fogueira pelo menos?

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele jogou a mochila de lado e foi atrás de algo para nos alimentar. O que ele está pensando?!

- Que a vida é um morango com chantili?! Só pode! - resmungo, já ele estava longe o suficiente para ouvir alguma coisa de mim. Suspiro, deixando minha mochila de lado, junta da dele e caminho ao redor procurando alguns gravetos e folhas secas. Eu não falei nada. Não queria mentir pra ele, por mais que ele tenha mentido e omitido várias vezes, não vou fazer o mesmo. Sei que adorei o beijo do Bernardo, mas isso é quando ele estava com aquela piranha escarlate. Mesmo ele falando que era só encenação, o sexo que eles fizeram...

- Não era...

- O que está resmungando ai? - sobre salto para frente, deixando cair a pilha de gravetos que catei. Viro-me para trás observando seu olhar intrigado com um sorriso brincalhão. Idiota! Quase morri do coração!

- Ah! Não... é nada não. - viro-me catando meus gravetinhos novamente, tentando não entrar no assunto "bomba de hoje". - Eu só estou pensando se tem algum rio por aqui por perto. Alguma cachoeira, e tal.

Sinto seu olhar sair de faminto para gélido, o que escorre um calafrio na minha coluna, arrepiando-me todo em sinal de perigo. Todo o meu instinto se volto para o homem diferente se alguns segundos atrás. Eu não quero entrar nessa conversa. Mas já vi que não tem outro jeito.

- Você não vai me responder, não é? - sua frieza é tanta que saiu pela sua voz.

- Responder o que? - debocho seguida de um riso forçado. Droga. não saiu o natural o bastante. Ele vai perceber meu nervosismo.

- Você sabe o que! - Ouço os farfalhos das folhas no chão e sei que ele está dando alguns passos até mim. - Você ficou com mais alguém além de mim?

Antes que eu pudesse pensar em fugir ele me encurralou contra uma árvore e me forçou a fitar para fitar aqueles olhos gelados, cautelosos, esperando uma resposta de mim. Mas acho que vi algo mais que apenas o frio e cauteloso. Ele está magoado? Triste? Preocupado? Algo parecido com isso. Ele não está me forçando brutalmente como no início de tudo. Está sendo um pouco mais gente... No modo bruto dele de ser.

- Me fale... Por favor. - Aquela voz... Triste, magoada pedindo a minha ajuda para tirá-lo dessa dolorosa dúvida.

Não demorou muito e  ele consegue..

- Fiquei... - resmungo, recapitulando a sena em que o Bernardo me beija. - Quero dizer... - me concerto tentando não desviar os olhos do Cadu. Estou corando meu rosto por inteiro. - Me beijou sem meu consentimento. - e apesar de que foi bom...

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