Capítulo 20 - Floresta

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Foi uma terrível descida destas árvores. Tive que amarrar a corda a árvore e descendo aos poucos, rezando para que ela não se desgastar rapidamente. Já em terra folhada a marrom, meus pés tremiam, parecendo até que estava tendo um grande terremoto, mas era somente eu que não parava de tremer. Sento ao chão recostando a árvore esperando que Cadu descesse logo para irmos embora. Não demorou tanto assim para ele descer. As folhas farfalhavam junto com o canto dos pássaros que anunciavam a primavera de onde é que nós estávamos. O sol acabará de emergir das montanhas e estava a algumas minutos no céu. Pelos meus cálculos deveria ser umas 6h00min da manhã.

- O que foi? - Cadu parou em minha frente percebendo o quão abatido eu estava. Sua preocupação era a última coisa que poderia mante-lo vivo agora.

- Eu estou bem. - digo com um sorriso forçado, escorando-me na árvore para levantar.

Antes que eu perceba eu já estava de pé em sua frente. Ele catou minha mão que a cerrei. Sei que estou com meu rosto contorcendo de dor, porém não posso deixar ele ver isso. Temos que encontrar uma civilização o mais rápido possível. Com certo cuidado eu o sinto tentar abrir minha mão com seus dedos grandes e grossos.

- Que teimosia! - ele rugiu. - Abra a porra da mão!

Ele está preocupado comigo. Mesmo assim não consegue conte-lá, nem mesmo sua raiva que irradiava espantando os animais ao nosso redor. Desisto, fazendo uma trégua, abrindo minha mão para que ele possa ver o corte feito na transversal da mesma.  Não era um corte feito. Mas estava doendo e inchando, a dor não me incomodava muito, nas se eu não cuidasse logo a ferida vai piorar, inflamar e logo vai sair pus. Os olhos dele estavam cautelosos ao observar a ferida, tento recuar, contudo ele não me deixava, segurando-me com mais força, fazendo-me grunhir de dor leve. Suspiro, com a tensão até ele me largar e retirar sua mochila das costas. Descarregando alguns equipamentos de primeiros socorros. Que diria que isso seria útil algum dia? Com certo cuidado, ele vai desinfetando minha mão com um pouco de álcool na gaze áspera. Contenho-me para não retirar a minha mão enquanto meu rosto contorcia de dor.

- Está doendo muito? - meu olhos lacrimejando, fito seu rosto fixo no machucado. Preferi guardar minhas palavras neste momento. Sei que não sairia uma resposta direta. Ou o que ele esperava. - Se estiver me diga.

- Não está tudo bem. - minha voz tremia tentando aguentar e contar a dor que me aflingia. Faltava somente a atadura agora.

  Sendo todo cuidadoso comigo, até o último momento, ele finalmente terminou os primeiros socorros. E olhou para mim com um sorrisão besta, mas sei que a preocupação o atingiu de cheio a primeira vista.

- Está terminado. - ele estendeu a mão para mim, ajudando-me a levantar. - Não foi um corte profundo quanto eu imaginava.

- Ficou preocupado a toa. - retruquei. Mas estou feliz por ele se preocupar comigo depois de tudo.

- Sempre estive. - Ah! Não! Essa voz. Seu rosto faminto estava em mim, seus olhos, uma armadilha incandescente, me queimava por dentro.

- Aqui não. - minha voz tremia agora de tensão excitante só ar. Não era algo esperado nessa altura do campeonato.

- Por que não? - ele avançado, tocando-me com suas  grandes e grossas em minha cintura, esgueirando-as por baixo de minha blusa suja. O cheiro do seu suor forte estava me deixando tonto, desarmando todas as minhas defesas. Seus lábios tocam o meu ouvido beijando-o, puxando-o e entrelaçando com sua língua. - ninguém está olhando.

Com minhas mãos em seu peito, empurro-o com força me livrando de seu delicioso aroma. Vejo a incredulidade em seu olhar e o sorriso sacana brotando em seus lábios. Meu coração está em terremoto. Por mais que a nossa excitação esteja latejante. E o seu cheiro bem convidativo. Eu ainda não esqueci de tudo o que ele fez. Transou com aquela mulher filha da puta! Eu viro de costas pra ele com aquela cena deles dois se pegando no quarto quando eu estava fugindo. Bufo mas me encontro encurralado entre uma árvore e ele.

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