Capítulo 7

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~~Narra Moretto~~

Fui para casa dos meus pais. Estava com muita saudade deles. Claro que sempre falava com eles pelo Skype, mas não era a mesma coisa de estar junto deles, ao lado deles. E minha irmã então? Ah... Que saudade! Que saudade dos tempos em que nós brincávamos de acampamento em nosso quarto. Sempre pegávamos o lençol, e fazia tipo uma cabana ou barraca, e com a luz do quarto apagado, pegava a lanterna, e contava histórias de terror para Joice, que, aliás, ficava com muito medo. Ela é minha irmã caçula, e sempre ficava junto comigo. Tipo, não saía do meu pé! Velhos tempos aqueles... Se pudesse voltar no tempo, voltaria com toda a certeza do mundo.

— Quanto tempo hein mana... Estava com saudade! — falou Joice sorrindo.

Estávamos na varanda de casa, sentadas naquelas cadeiras feitas de vime.

— Pois é... Também estava com muita saudade de vocês, e daquele tempo em que nós brincávamos no quintal e dávamos de cara no chão! — falei dando minha famosa gargalhada.

— Verdade! — respondeu ela dando risada. — Pena que não podemos voltar no tempo...

— Verdade... Aquilo era tão bom... — falei sorrindo.

— O ALMOÇO ESTÁ PRONTO! — gritou mamãe.

— OK! JÁ VAMOS! — gritei.

Joice e eu fomos almoçar. Que saudade da comida da minha mãe e das especialidades dela. Pude comer os famosos palitos de cebola, que é a receita da família Moretto, e o pavê maravilhoso que ela faz. Aproveitei ao máximo os dias com minha família, pois em duas semanas voltaria para São Paulo. Gravei vários vlogs para postar no canal, e me diverti bastante com as piadas e brincadeiras do meu pai. No outro dia, fiquei batendo papo com minha mãe. Ficamos no quintal conversando.

— E aí... Como estão as coisas? Como estou vendo o canal está indo bem né? — perguntou mamãe.

— Está... Mas teve um vlog que gerou a maior revolta em muitos inscritos... — respondi.

— Acho que sei qual é... É aquele que você fala sobre a pirataria?

— É esse mesmo... Não imaginava que esse vídeo iria revoltá-los tanto assim. Fiquei tão triste por causa das críticas...

— Mas o que importa é que você deu sua opinião. — falou ela.

— Verdade... — respondi com um pequeno sorriso.

Pensei em falar com ela sobre o comentário do Leon, mas fiquei envergonhada. Ainda lembro o nome daquele rapaz? Nossa... Isso é um pouquinho estranho para mim, pois sou péssima para guardar nomes. Fiquei ali, pensando sobre isso, e acabei liberando um sorriso tímido e bobo. Minha mãe percebeu, e não perdeu tempo... Já quis saber o que se passava comigo.

— Nilce... Por que está assim? — perguntou ela curiosa.

— Assim como? — perguntei desconfiada.

— Você está que nem boba sorrindo... O que acontece?

— Não é nada mãe...

— Não é nada? Então por que estava tão distraída?

— Bom... É o Leon. — confessei.

— Leon? Quem é Leon? — perguntou ela confusa.

— É um inscrito. Ele fez um comentário naquele vídeo, e até agora não me esqueci daquele comentário, e dele.

— Então acho que você está começando a gostar de alguém... — falou ela sorrindo.

— Eu? Eu não mãe! — exclamei.

— Te conheço muito bem Nilce...

— Ai mãe... Não tem nada a ver. — disse totalmente sem jeito.

— Então ta bom... Não vou insistir mais ok? — falou ela sorrindo. — Bom... Vou preparar o café da tarde. Vou fazer aquele bolo que você adora.

— Que delícia! — exclamei com grande sorriso.

Minha mãe foi preparar o café, e fiquei mais um pouco no quintal. Ainda bem que ela não ficou insistindo no papo de que eu estou começando a gostar de um garoto. Peguei meu celular, e vi uma mensagem, que era da Sara.

— Essa Sara não sai do meu pé hein! — falei rindo.

Abri a mensagem e li:

"Oi Nil... Estou com saudade! Espero que esteja tudo bem com você. Aproveite ao máximo esses dias com sua família. Beijos amiga!"

— Droga! Estou sem crédito! — resmunguei.

Fui enviar resposta, mas tinha esquecido de colocar uma recarga no celular. Sara é uma ótima amiga. Sempre esteve ao meu lado, me ajudando, e sempre estive ao lado dela, a protegendo. Ela é como uma segunda irmã para mim. Por isso que fiquei muito brava com aquela "brincadeira" idiota que Jonathan fez, e que tive que dar um tremendo soco naquele infeliz. Não me esqueço daquele dia. Sei que não foi correto agir com violência, mas foi uma coisa tipo, que espontânea, não queria, mas acabei agindo daquela maneira.

Como pode um homem brincar com os sentimentos de uma mulher? Ou usá-la como um objeto ou troféu? Até hoje não entendo isso. São poucos que tratam uma mulher com amor e carinho. Por isso que não consigo me relacionar com garotos, pois tenho medo de me machucar, ou de me arrepender... Não sei... Só posso dizer que tenho medo.

~*****~

Depois do café da tarde maravilhosa que minha mãe preparou, Joice e eu conversamos mais um pouco. Fomos para o nosso antigo quarto, que, aliás, estava ainda muito bem conservado, e claro, com a nossa "obra de arte" que fizemos. Lembro muito bem daquele dia... Tivemos a ideia de inovar e pintar nosso quarto com outra cor, e enquanto Joice estava lá, se matando de pintar, totalmente sozinha, eu ficava só a observando. Claro que depois fui ajudar, mas a metade do quarto praticamente foi Joice que pintou.

Sentei em minha cama, e fiquei olhando todos os móveis. Meus pais fizeram questão de deixar tudo como estava, pois queriam lembrar-se das filhas, e também queriam que suas filhas se lembrassem da infância e adolescência.

— Bom mana... Quero falar com você. — disse Joice sentando-se do meu lado.

— Pode falar. O que é?

— É verdade que você está gostando de um garoto? — perguntou ela.

— Não acredito Joice! Você também com isso? — disse revoltada.

— Só quero saber se é verdade. Não precisa ficar assim! — falou ela.

— Não quero falar sobre isso...

— Nilce! Me diz vai... — implorou ela.

— Ai Joice já disse que não quero! — exclamei totalmente séria.

— Você ainda tem medo de namorar com algum rapaz né? — perguntou ela pensativa.

— É... Acho que sim... Mas ainda não encontrei a pessoa certa. — respondi cabisbaixa.

— Você não encontrou porque não procura fazer novas amizades. — falou Joice séria.

Fiquei em silêncio por alguns minutos. Joice percebeu que eu estava um pouco triste com isso, então resolveu abraçar-me.

— Se você conhecer novas pessoas, talvez um dia você encontre um homem que te faça bem... — falou Joice enquanto continuava a me abraçar.

Poucas lágrimas caíram, revelando a pequenina tristeza que sentia ao saber que poderia ter medo e dificuldade de me apaixonar por um menino, mas ao mesmo tempo não perdia a alegria de estar com pessoas que me amam tanto.

A Vlogueira e o Hacker {COMPLETO}Onde histórias criam vida. Descubra agora