Vendedor

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Sabemos, seja por poesia ou por própria experiência, que conversas de bares dão boas filósofias. Mas, e as de recepções?

Bem, eu e meu costume de puxar assunto com pessoas desconhecidas me proporcionou a saciedade dessa duvida.

No ambiente onde trabalho a recepcionista teve de se ausentar, e eu fiquei no lugar dela durante esse tempo. Um senhor havia chegado cedo para a reunião marcada com um dos donos.

Após ouvir uma conversa dele com outro funcionário fiquei curiosa de saber qual seria sua função. Perguntei e me foi respondida: Vendedor.

O perguntei sobre como chegou até ali; sua formação, se era de seu gosto o que fazia e outros questionamentos que, para ele, provavelmente não pareciam ter fim.

Ele disse que ser vendedor estava no sangue que corria em suas veias. Após sua formação superior em economia, era essa a área na qual se encaixava.

"Gosto, claro que gosto."

Sem o mínimo interesse da parte dele, comecei a falar sobre mim. Sobre a minha interminável indecisão do que fazer na vida.

"Deve fazer algo que gosta. Algo no que seja verdadeiramente boa."

E foi ai que percebi o quão isso poderia ser contraditório.

Eu posso ser verdadeiramente boa em contabilidade e realmente odiar. E posso gostar com todas as forças de escrever e não ser capaz para alguma função que me permita fazer isso.

O vendedor se foi. Mas essas ideias ainda são vividas em minha mente.

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