Hoje me fiz sôfrega da abstinência de sofrimentos passados.
Sim, exatamente isso que acabou de ler.
Estava aérea, deixando a mente rolar por onde quisesse. Eu não sabia ou ignorei o fato, de que ela resolveria parar em momentos amargos.
Qualquer um que se encontrasse nessa situação, assim como eu, optaria logo por findar o pensamento. Fazer com que a dor retornasse logo ao esconderijo em que antes se encontrara. Que ela se recolhesse, se guardasse.
Pois a dor não desaparece. Apenas permanece quieta enquanto tentamos nos ocupar com motivos de alegria. Mas essa quietude temporária logo é abafada por gritos agudos de penar.
E esses gritos estavam ecoando como nunca em minha mente.
Eu voltei a experimentar traços da tristeza sentida no momento dos acontecimentos. Mas minha mente reagiu como uma viciada: mais as frações de sofrimento entravam nas veias, mais ela queria.
Eu precisava sentir tudo novamente. Toda dor, angustia, desespero. Eu precisava desse martírio.
E fui em busca disso. Procurei vestígios, lembranças, cicatrizes. Fui atrás de todo e qualquer rastro de memórias dolorosas.
E, prazerosamente, consegui. Refiz o ocorrido em minha mente da melhor forma que pude. Senti as pontadas, as dores.
Depois me deleitei da overdose de passado.
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Abismo De Versos
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