O primeiro internamento

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Sua esperança sem fim começou a encontrar obstáculos. Em janeiro, houve a primeira crise de dor nos ossos, causada pela metástase. Sem suportar mais, aconteceu então seu primeiro internamento hospitalar e ele precisou ficar quatro dias dopado com morfina. A notícia do câncer se espalhou. Não dava mais para vencer a doença em segredo. E foi assim que ele percebeu que a vitória não era mais tão certa.

A morte nos visitou já na primeira noite no hospital. O paciente ao lado, acometido por um câncer de pulmão, lutava para respirar. Sua esposa, atenciosa, ajudava-lhe nos constantes vômitos provocados pela falta de ar. No meio da noite, ela se sentou em uma poltrona em um raro momento de descanso dele. Esgotada, cochilou. Acordamos com o silêncio do quarto. Olhamo-nos e bastaram poucos segundos para compreendermos o que havia acontecido. Ela também despertou. E, desesperada, chamava pelo marido, que acabara de falecer. Daquele dia em diante, eu nunca mais tive uma noite de sono profundo. Temia perdê-lo enquanto dormia.

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