22 de março de 1997

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Após quatro anos de um romance clandestino, nossa união tornou-se pública. Ele rompeu um casamento de 18 anos e, com uma mala de roupas e um travesseiro, mudou-se para minha casa. Eu havia acabado de completar 22 anos. Ele tinha 48. Para nós, essa diferença de idade nunca existiu. Éramos iguais. Um completava o outro. Éramos um só.

A paixão que sentíamos um pelo outro era ainda mais forte que aquela que nos aproximou quatro anos antes. Era ela quem nos guiava para enfrentarmos o preconceito da sociedade. Não pensávamos em quanto tempo aquilo iria durar. Queríamos apenas viver intensamente aquele sentimento.

Ainda na faculdade, eu estava bem empregada e tinha condições de ajudar minha família e me sustentar sozinha.

Já ele passava por dificuldades profissionais e um mês depois foi dispensado do trabalho. As razões a gente só foi entender três anos mais tarde, quando precisou lutar para recuperar sua sobriedade.

Nesse período, ele passou por mais um emprego, também sem sucesso, e decidiu ser empresário, opção que mais tarde lhe traria algum êxito profissional, mas que nesse momento era a mais inapropriada dada à sua condição clínica.

Os sinais do alcoolismo já haviam se manifestado muitos anos antes, com o hábito contínuo e crescente do consumo de bebida, mas como eu passava muitas horas fora de casa, entre o trabalho e a faculdade, a doença ainda não trazia tantos danos à nossa relação. E foi justamente nossa relação quem salvou a vida dele.

História de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora