Missão cumprida

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Em fevereiro, muito frágil, ele foi à minha colação de grau. Em sua cadeira de rodas, assistia atento, com as lágrimas caindo pelo seu rosto. Aplaudiu muito. As pessoas à sua volta acompanhavam a cena muito emocionadas. Orgulhoso, posou para as fotos. O sorriso lhe ocupava o rosto todo. Uma missão estava vencida.

Em março, no meu aniversário, me fez uma surpresa. Um grupo de amigos dele havia feito uma coleta de dinheiro para ajudá-lo. Orgulhosa, minha primeira reação foi de revolta com aquilo. Humilde, ele ficou absolutamente grato com o gesto. Com parte desse dinheiro, comprou um presente para mim. Algo que já não conseguia fazer havia muito tempo, pois fora obrigado a parar de trabalhar e meu salário e sua aposentadoria mal davam para cobrir nossas despesas. Sua voz rouca estava ainda mais trêmula quando me disse o quanto estava feliz.

E dois dias depois ainda pôde me abraçar, e chorou ao confidenciar que aquela decisão tomada 14 anos antes, quando abandonou tudo para viver comigo, havia sido a mais acertada que tomara durante toda a sua vida.

Com o corpo totalmente tolhido pelo câncer, mantinha sua alma absolutamente viva, livre da doença. Assim como me prometera que faria, lá atrás, ainda no início do tratamento.

História de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora