Desarmando minhas defesas

O Culpado

Mamãe disse que o Maurício estaria aqui na hora do jantar amanhã. Eu nunca a vi tão empolgada daquele jeito, ela aparecia uma adolescente que vai apresentar o namorado pela primeira vez para a família, vê-la daquele jeito fez me lembrar de como era boa a sensação de se ter alguém, e eu estava tão perto de me sentir daquele jeito também, porém deixei passar por conta do meu trauma idiota de relacionamentos. Acho que já está na hora de eu contar o que foi que me fez trancar os meus sentimentos desse jeito, ou melhor quem fez.

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Aconteceu a 3 meses atrás, eu namorava um menino da escola chamado Pedro, ficávamos juntos no intervalo e acabamos nos aproximando muito mais do que apenas dois colegas, então resolvemos tentar algo e acabamos namorando por 8 meses.
Eu o amava, fazia de tudo por ele, realmente tudo. Um dia eu disse que iria pintar meu cabelo de castanho, ele disse que não iria ficar legal, então eu não pintei e acreditem até hoje me acho estúpida por não ter pintado. Eu era como uma marionete nas mãos dele, como uma cadela adestrada, se ele me pedisse pra eu deitar e rolar eu o faria, tudo porque eu o amava demais e não queria perde-lo. Até que chegou um dia ( ou melhor uma noite) em que acabamos brigando feio, ele me xingou, me tratou como se eu não fosse nada e eu como uma boa menina, boba e apaixonada, chorei a noite toda, liguei para a Clhoe e contei tudo o que aconteceu, ela ficou comigo no telefone, me consolando e me ouvindo chorar até as 4:00 da manhã, depois tivemos que desligar para nos arrumarmos para a aula. Ela chegou com uma cara de sono horrível na escola e eu cheguei com o rosto inchado de tanto chorar. Cheguei na sala e todo mundo perguntou o porque eu estava com aquela cara, e eu disse que era porque eu não tinha dormido ( o que era verdade) e todo mundo acreditou, porém foi na hora do intervalo que tudo veio abaixo, ele me chamou para um canto e me pediu um tempo, ele disse que precisava pensar e que não estava mais com os mesmos sentimentos por mim, eu virei para ele e disse que eu nunca dou um tempo e que se fosse para terminarmos, era melhor o fazer logo, o que eu não esperava era que ele concordasse. Ele disse que realmente era melhor, que ele só me fazia sofrer, que eu estava certa, as coisas não eram e nunca mais iriam ser como antes, então ele pediu um "me desculpa" baixinho e foi embora sem olhar uma única vez para trás, ele saiu e me deixou lá parada, sem saber o que fazer. Naquele momento eu não sabia se eu corria atrás dele para pedir pelo amor de Deus não me deixe, ou se, só ficasse lá aonde eu estava e chorasse até eu não conseguir chorar mais, ou se gritava, então eu não fiz nada, fiquei lá, parada, vendo a minha vida toda cair aos pedaços. " É isso que acontece quando você transforma alguém em seu mundo" pensei.

No dia seguinte quando cheguei na escola eu o vi aos beijos com uma morena peituda e bunduda no muro do colégio, foi nesse momento que eu decidi me trancar para qualquer tipo de relacionamento, porque a dor que eu senti naquela hora foi pior que um chute no estômago e eu não queria mais sentir aquilo. Então eu prometi nunca mais me entregar para alguém do jeito que eu havia me entregado para ele, até o Nicholas aparecer bagunçando tudo que eu havia arrumado meses construindo.