Desarmando minhas defesas

O jantar

Chegou o tão esperado sábado e já acordei com o barulho do aspirador de pô.

- Mãe, ele chega só as 19:00 - Falo com uma voz de sono. Nunca vi minha mãe tão ansiosa, ela estava louca, limpando a casa como se fosse receber a visita do rei da Inglaterra.

- Desculpa ter te acordado filha, porém tem muita coisa para fazer, louça para lavar, pô para tirar e tenho que preparar o jantar ainda.

- Ta bom, porém a senhora está se esquecendo de outra refeição muito importante - ela olha para mim, e se ela fosse um desenho animado, com certeza iria aparecer um ponto de interrogação na cabeça dela. - O ALMOÇO MÃE!!!

- Ah, o almoço...- ela da um tapinha na testa

- Sim, o almoço. Já, já é meio dia e eu estou morrendo de fome.

- Com tudo isso na cabeça eu acabei me esquecendo de fazer o almoço, desculpa.

- Tudo bem, relaxa, eu ligo para o Lucas e chamo ele pra almoçar comigo em algum restaurante. E pode deixar, é coisa rápida, eu vou e volto para te ajudar com o resto da limpeza. - digo isso e saio em direção a casa do Lucas.

........

- Minha mãe está parecendo aquelas donas de casa maníacas por limpeza - digo para o Lucas assim que conseguimos arranjar um lugar no restaurante para comer. Ele da risada - É sério! Você só está rindo porque não é você que vai ter que chegar em casa e já ir ajudando também.

- Se você quiser eu posso ir lá.

- SÉRIO?! - Agora foi eu que tive um " momento Clhoe" e gritei. É o que dá depois de horas falando com ela gritando no meu ouvido, com certeza já estava surda.

- Claro que não - diz ele rindo da minha cara. Minha empolgação some na hora.

- Idiota - digo dando um empurrão de leve no braço dele.

- Não acredito que você realmente caiu nessa.

- Eu tava achando muito perfeito para ser verdade mesmo. - Bebo um gole do meu suco e ele da risada me fazendo rir também.

- Porém toma cuidado viu.

- Com o que?

- Se o cara só indo la para te conhecer ela já esquece de fazer o almoço, imagina se eles casarem?

- Ai eu me mudo para sua casa, pelo jeito você anda se alimentando muito bem.

- Ta me chamando de gordo Cler de Alencar ?

- Bom, uma academia de vez em quando não faz mal a ninguém.

- Então eu vou e vou te levar comigo também, ta precisando - ele me olha de canto de olho, jogo uma bata frita nele.

- Nunca chame uma mulher de gorda. E pela sua teoria, eu não preciso me preocupar já que eu vou ter muito tempo para emagrecer se a minha mãe casar com esse Maurício - digo terminando de tomar meu suco - O.K. Vamos pedir um milk shake e depois vamos embora. Estou ouvindo uma pia de louça suja gritando o meu nome. 

...

Assim que cheguei em casa como previsto ajudei minha mãe com a limpeza, depois fui para a cozinha ajudar ela com o jantar.

- A Clhoe me chamou para ir dormir na casa dela hoje - digo enquanto cortava cebola, o que por acaso eu odiava.

- Você se esqueceu que já tinha combinado comigo primeiro ?

- Por isso que eu e a Clhoe combinamos de ela vir me pegar depois do jantar - digo isso e ela começa a falar em qual roupa ia vestir e se estava legal, se combinava o sapato com o brinco... O que ela não sabia é que eu não era a pessoa certa para dar dicas de moda, até porque eu também nunca fui fã de bijuterias, eu não usava colocar, brincos, pulseiras e muito raramente usava algum anel, eu passava a maior parte do meu tempo de chinelos ou de tênis, porém mesmo assim, tentei ajudar como pude.

O Maurício chegou umas 19:05, como se cinco minutos de atraso fosse assim grande coisa, quer dizer, não para mim, porém para minha mãe, parecia que cada segundo que passava era um ano, e quando finalmente ele chegou, minha mãe ficou tão nervosa que eu achei que ela fosse desmaiar assim que ele entrasse por aquela porta.

- Credo mãe! Acho que quando você estiver entrando na igreja você morre - ela percebe que realmente estava muito nervosa e se recompôs, foi até a porta e a abriu pro Maurício entrar e realmente a Clhoe estava certa, ele era um gato, acho que ele tinha mais ou menos 1,70 de altura, cabelos castanho escuro em um corte estilo Adam Levine, a barba dele estava por fazer o que só realçava ainda mais a sua beleza, olhos cor de mel e um sorriso lindo, com certeza a minha mãe tinha um ótimo gosto na hora de escolher os seus caras, até meu pai mesmo era lindo.
Ele entra e se apresenta para mim

- Oi, eu sou o Maurício - me da um beijinho no rosto ( ou melhor, dois, porque é assim que eles cumprimentam no rio) e você é a Cler ? - digo que sim e ele continua - Você é muito linda Cler, puxou sua mãe. 

- Isso é adoça os meus ouvidos - digo brincando, minha mãe fica vermelha de vergonha.

Já na mesa enquanto minha mãe servia o jantar, o Maurício falou do quanto minha mãe falou sobre mim pra ele e do quanto isso deixou ele ansioso para me conhecer.

- A Cler também estava muito ansiosa para lhe conhecer - ela olha para mim e eu confirmo.
Quando acabamos de jantar, eu fui para a pia lavar a louça, quando o Maurício levantou da mesa dizendo para deixar a louça lá que ele mesmo lavava, eu disse que não precisava, porém ele insistiu, então eu tirei meu avental e entreguei para ele e fui direto para o telefone ligar para a Clhoe avisando que ela poderia vir me buscar.

Enquanto eu estava la na sala esperando a Clhoe chegar e o Maurício estava lá na cozinha dando uma de " Super Homem", minha mãe sentou do meu lado no sofá

- E ai, o que você achou dele? - me pergunta ela cheia de expectativas

- Como falar para a senhora que eu achei ele um gato? - digo sussurrando, minha mãe sorri.

- To dizendo da personalidade Cler.

- Bom, se com personalidade, você está se referindo que eu nunca mais vou precisar lavar a louça, eu amei - digo em um tom de brincadeira quando o Maurício aparece.

- Espero que estejam falando de mim e falando bem - dou um risinho.

- Claro que estamos. A Cler estava dizendo que apoia 100% o nosso namoro - confirmo com um aceno de cabeça quando ouço a Clhoe buzinando estéricamente do lado de fora.

- Bom essa é minha deixa - digo pegando minhas coisas. Dou um beijo na minha mãe, digo xau para o Maurício e saio.