O Perdão

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Já se passaram 4 semanas, mamãe me ligou todos os dias, mas eu não atendi. Ainda não estou disposta a falar nem com ela e muito menos com meu pai.
Também não falei para Miguel sobre minha gravidez, ele teve que viajar para a Itália urgente.
Acho que foi até melhor, depois do que aconteceu naquela clínica eu passei dias chorando... Ainda não consigo acreditar que meus pais foram capaz de fazer isso.

- Não vejo a hora dessa barriga crescer logo. Quero acariciar, mimar ele hahaha

- Hahaha você vai ser uma madrinha babona! - falo rindo e acaricio minha barriga. Ela ainda esta meia baixinha e também um pouco inchada. - Estou feliz sabe.

- Eu vejo isso em seus olhos. Esse bebê esta te mudando de verdade... Hahaha

- Bom, eu... - escutamos duas batidas na porta.

- Pode entrar

A porta abre e a mãe de Bruna adentra ao quarto sorrindo e me olha.

- Milena, você tem visitas querida...

Visita? Quem... Meus pais?
Abaixo meu olhar para Bruna.

- Quem é mãe?

- Roberto e Abigail.

- Meus pais? - levanto rapidamente. - Como, como eles descobriram seu endereço, Bruna?

- Não sei. Mas foi a senhora?

- Eles ligaram, e eu dei. Meninas vocês não me disseram nada nessas semanas, achei que a Mili estava passando uns dias por passar.

Respiro fundo.
Droga, uma hora ou outra isso ia acontecer, eu não posso mais evitar eles, estão aqui e acho que devo falar com eles de uma vez.
E vou dizer tudo, tudo o que esta engasgado na minha garganta!

- Amiga?

- Eu vou falar com eles... Com licença. - saio rapidamente.

Escuto Bruna pedir para a mãe ficar no quarto e a porta fecha.
Desço os pequenos degraus e fito meus pais sentados no sofá, quando me vêem, levantam juntos e meus olhos lacrimejam.

- Filha... - mamãe diz.

- O que estão fazendo aqui?

- Viemos... Viemos te pedir perdão, Milena!

- Perdão? Depois de tudo o que fizeram? Depois de atentar, porque aquilo foi um atentado ao meu filho. - aponto para minha barriga.

- A gente quer apenas o melhor para você, Milena! E esse bebê agora vai acabar com a sua...

- Não termina pai, não termina porque cada vez que você fala isso, eu sinto mais raiva, mais ódio e nãos rancor.

- Não tenha esses sentimentos em seu coração, Milena. Não faz bem ao bebê, filha.

- Agora vocês se preocupam com o bebê? Parem de cena, eu não acredito nas palavras, não acredito que o pedido de perdão de vocês seja sincero!

- Mas é filha. Passamos todos esses dias chorando e querendo saber onde você estava, o que estava fazendo, se estava chorando! - papai diz chorando e dando passos em minha direção. - Mili, você não sabe o quão arrependido eu estou por ter te levado até aquela clínica...

- Você me magoou muito, papai... Me machucou de uma forma irreparável, eu disse, eu disse que eu quero esse bebê, mas vocês simplesmente não me deram ouvidos. - Papai me puxa e me abraça forte.

O aperto e choro mais. Sinto que as palavras dele são sinceras, que quer mesmo meu perdao assim como mamãe que nos abraça.

- Me perdoa...

Subi para agradecer a hospitalidade que me deram, abracei a mãe da Bruna e depois abracei mais forte...

- Obrigada, Bruna... - a olho e dou um beijo em sua bochecha. - Acho que sem você eu não seria nada, obrigada mesmo

- Além de amigas somos irmãs... E irmãs são pra essas coisas, espero que fique tudo bem.

- Vai ficar... Eu sei.

Pego minhas coisas e desço.
Bebê, agora nós vamos voltar para a casa dos seus avós, mas vamos ficar bem, eu sei que vamos.
A partir de hoje, você vai crescer em meu ventre e dentro de alguns meses eu vou ver seu rostinho, e me apaixonar mais.

Você vai crescer, vai andar, vai dizer mamãe (menos papai) mas vai se acostumar com a nossa vida. E será amado tanto, tanto que não vai caber em seu coração que assim terá que compartilhar.
Sendo assim, até logo!

SEIS MESES DEPOIS

Não me disseram que eu ficaria tão gorda assim haha mas é uma gorda feliz, meu bebê... Ou melhor, minha filha esta crescendo mais e mais.
Sim, é uma menina, ainda não pensei no nome, quero que seja algo lindo, minha mãe fala vários nomes para mim, mas todos são meios ruins.
Meu pai, bom desde aquele dia na casa da Bruna ele não fala muito sobre o bebê, apenas me da um beijo, conversa comigo... Mas a bebê continua sendo, nada para ele. Isso dói, isso dói muito em mim, mas eu o perdoo porque eu sei que ele vai mudar assim que ver rostinho da minha filha, sua neta.

Bruna TODOS os dias vem nos visitar, ela conversa com minha barriga, beija, brinca haha é estranho, mas ao mesmo tempo maravilhoso.
Ainda não sinto ela mexendo dentro de mim, mas mamãe disse que a partir dos sete meses ela vai começar a dar sinal.
E sinceramente eu não vejo a hora dela fazer isso.

Paro em frente ao espelho e acaricio minha barriga, minha pequena esta grande...

- Oi, filha... - murmuro e sorrio.

Me sento na cama, e dobro uma roupinha rosa que Bruna deu para ela, é linda... Compramos uma cômoda e colocamos ao lado do meu guarda-roupa, também escolhi um berço e colocamos ao lado da minha cama. Assim quando ela chorar, não vai estar longe de mim.
E

scuto duas batidas na porta e mamãe adentra sorrindo.

- Atrapalho?

- Não... Eu estou guardando essa roupa que Bruna deu. Tudo bem?

- Sim... Seu pai teve que sair, acho que vamos ter que almoçar sozinhas.

- Tudo bem!

- Sabe em que pensei? - ela senta ao meu lado e sorrir.

- O que, mamãe?

- Bianca é um nome lindo... Era o nome da sua bisavó.

- Bianca? - um sorriso brota dos meus lábios. Bianca é um nome lindo e eu não pensei nele antes.

-  O que acha? - ela sorrir.

Acaricio minha barriga.

- Vai ser Bianca, eu também gostei desse nome, e ainda vamos homenagear a bisa! - sorrio.

- Ai Milena!

Nós abraçamos e sinto que mamãe começa a chorar, ela me aperta contra si com cuidado e sussura algo que não consigo ouvir direito. A afasto.

- Por que esta chorando, mãe?

- Por nada. - ela limpa as lágrimas e respira fundo. - Eu só estou sensível com tudo, logo ela vai nascer... Mili eu... Eu preciso sair... - ela levanta e sai correndo.

Com certeza ela brigou com meu pai de novo, toda a vez que isso acontece ela fica assim.
Mas agora, eu não quero brigas, falta pouco para minha pequena nascer e eu não vejo a hora dela nascer... Chega logo, filha!

Devolva Minha Filha - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora