De volta para casa

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Quando sai do cemitério, o taxista ainda estava nos esperando. Limpei minhas lágrimas a entrei no carro, Miguel fez o mesmo e pediu para o taxista nos levar para minha casa.
Ele deu um beijo em minha bochecha e disse:

- Tudo bem?

- Sim... Não se preocupe!

Do cemitério para minha casa não é longo, logo chegamos.
O carro parou em frente a minha casa e Miguel me ajudou a sair. A chuva parou, graças a Deus, o que facilita a minha entrada com essas malas. Quando faço menção de abrir o portão, escuto o grito de Fabíola... Me viro, ela solta suas sacolas no chão e corre me abraçando.

- Menina! Haha

- Fabi haha que saudade!

- Milena, - ela me olha e coloca um fio do meu cabelo atrás da orelha. - como você mudou, esta mais linda, mais alta, com uma expressão diferente.

- Só se passou um ano haha

- E um ano doloroso para todos!

- Sim... - murmuro. - Já que esa aqui, me ajuda com essas duas malas e eu te ajudo com as sacolas!

- Perfeito!

Dou um selinho em Miguel e entramos em casa, viro para trás e ele acena e entra no táxi.
Decidi entrar pela porta de trás, coloco as sacola no balcão... Nada mudou esta tudo da mesma forma de quando fui embora.
A casa esta silenciosa, acho que mamãe e papai não estão.

- Eles estão em casa? - pergunto sentando na cadeira.

- Seus pais?

- Isso.

- Não. Sr. Roberto teve um imprevisto e saiu as pressas, já a Sra. Abigail recebeu uma ligação de uma amiga para almoçar fora.

- Menos mal, assim eu consigo me instalar no meu quarto.

- É bom te ter de volta, querida!

Abraço novamente Fabíola e subo para meu quarto. Quando chego na porta, sinto uma corrente de gelo passar por meu corpo me fazendo fechar os olhos e girar a maçaneta.
Adentro ao quarto e esta tudo da mesma forma que deixei, minha cama ainda arrumada da forma que deixei, o...o...o berço da Bianca ainda no mesmo lugar que estava, a cômoda... Tudo o que deixei ainda esta no mesmo lugar. Coloquei minhas malas próximas ao meu guarda-roupa, (depois eu guardo) abrir á porta e peguei um conjunto de moletom vermelho. Os coloquei na cama e fui tomar banho.

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Meus pais ainda não chegaram, fiquei deitada em meu quarto. Parece que eu nunca sai daqui, fiquei encarando o berço da Bianca e minhas lágrimas saiam descontroladas. Eu não conseguia conter, tentei mas não era possível, ver aquele berço em minha frente esta sendo torturante.
Escutei duas batidas na porta e rapidamente a porta abre e minha mãe entra com os olhos cheios de água. Ela fica parada me olhando e suas lágrimas já descem por suas bochechas.

- Oi, mãe! - murmuro.

- Milena... Ai minha filha! - ela me abraça e seu choro se torna forte, mamãe me aperta conta si e beija minha bochecha ainda chorando.

- Mãe... - ela me solta e segura meu rosto. Mamãe acaricia minha bochecha com uma mão e com a outra coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Eu senti, filha, eu senti tanto a sua falta! - ela fala chorando.

- Eu também senti sua falta, mãe, eu...

- E minha falta? - papai me interrompe adentrando ao quarto com as mãos no bolso. - Você sentiu a minha falta, Milena?

- Pai... Eu, eu senti sim. - aperto meus lábios. - Pai, eu senti falta dos dois.

- Então vem me dar um abraço?

Ele abre os braços e sorrir.
Olho para minha mãe e ela sorrir limpando suas lágrimas. Volto a olhar para meu pai e mais uma vez ele diz "vem".
O que faço? Eu ainda estou magoada com ele, ainda sinto algo estranho, algo que me diz que ele é o culpado por minha tristeza. O que vou fazer?

- Milena? Filha, seu pai pediu um abraço. - mamãe diz.

- Eu não posso te dar um abraço, pai... Mesmo com esse tempo eu ainda sinto uma mágoa muito grande do senhor.

Ele abaixa os braços e volta a colocar as mãos no bolso. Sua expressão fica sombria e dura, com certeza ele esta magoado com minhas palavras. Mas quer saber, estamos quites...

- Então... Milena, eu vou esperar essa sua mágoa passar. Com licença! - ele sai do quarto fechando a porta devagar.

Mamãe volta a olhar para mim e lança um sorriso cheio de ternura e amor. Ela senta em minha cama e bate a mão em seu colo sorrindo.

- Vem, sua mãe vai te dar carinho, princesa! - sorrir.

Sento em minha cama e deito minha cabeça no colo dela, mamãe começa a acariciar meu cabelo de uma forma que me faz fechar os olhos e sentir seu carinho.
Faziamos isso quando eu era pequena, sempre que meu pai me dava uma broca, ela me acalmava assim... Com seu carinho, com seu colo de mãe.

Devolva Minha Filha - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora