Juilliard School

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Juilliard, era o nome que eu ouvi desde que comecei a tocar piano... Meus pais sonham com o dia em que irei para Nova Iorque estudar e depois voltar para o Brasil com uma carreira pronta.
Quando eu tinha 5 anos, vi meu avô materno tocar, me apaixonei. Senti algo inexplicável, depois eu enchi a paciência do meu avô e ele me ensinou a tocar o piano.
São exatamente, 13 anos que dedico minha vida ao piano, mas a Juilliard é um sonho (dos meus pais) que pode ser realizado a qualquer momento.
Falo isso porque mandei par eles, um vídeo meu tocando. Ainda não obtive resposta, mas sinto que minha carta esta a caminho.

Não que eu não queira ir para Juilliard, acho que todos os músicos sonham com uma vaga para estudar lá, o piano é minha vida, mas não é o que quero para ser minha profissão.
Faço tudo isso, para satisfazer as vontades dos meus pais (muito mais do meu pai).

Coloquei minha bolsa no ombro e desci. Meus pais estavam na sala de jantar tomando café, adentrei a sala e me sentei em frente a mamãe e do lado do meu pai... Sorri.

- Bom dia! - digo pegando meu guardanapo e colocando em meu colo.

- Bom dia, filha! - mamãe diz.

- Bom dia, Milena! Ainda não chegou nenhuma carta?

- Não, pai... Ainda não!

Mandei o vídeo para Juilliard faz 5 dias, e desde que mandei ele me pergunta a mesma coisa. As vezes me irrita... Mas preciso manter a calma. Calma, Milena!

- Filha, o Miguel ligou, ele disse que perdeu o celular e por isso não ligou para saber como você estava! Aconteceu algo?

- Miguel e sua boca grande! - falo rindo. A propósito, Miguel é o meu amigo a 4 anos.

- Você não estava se sentindo bem, filha?

- Ah, mãe foi apenas um mal estar. Ontem fiquei praticando o dia inteiro e acabei sem comer nada. É por isso!

- Não faça isso! Você precisa se alimentar, querida.

- Ok. Prometo que vou me alimentar, mãe!

Sorri.
Limpei minha boca e me levantei... Minha mãe acompanhou meus movimentos para arrumar a cadeira e colocar o guardanapo na mesa.

- Tenho que ir. Hoje não volto para dormir... Beijo, amo vocês!

Sem deixar eles responder arrumo minha bolsa e saio de casa rapidamente.
Adentro a garagem e salto para dentro do meu Kia Soul Branco, pego meu celular e conecto no carro, coloco a chave na ignição e dou partida saindo da garagem.
As vezes rezo para que a carta da Juilliard chegue logo para mim ir para Nova Iorque e ficar uns dias longe do meu pai. Ele é um homem tão... Tão seco, nem parece que é meu pai. E tudo que ele quer, também, é me ver pelas costas. Para ele o que mais importa é a "minha carreira como pianista".
Escuto meu celular tocar, vejo na tela que é número privado. Estranho, mas eu atendo...

- Mili?

- Oi, Miguel. Tudo bem?

- Onde você esta? - pergunta com a voz embargada.

- A caminho da faculdade... Esta tudo bem contigo?

- Não, eu acabei de ser assaltado.

Freio bruscamente e por pouco não bato meu rosto no volante.

- Droga!! Tudo bem, Milena?

- Tudo, mas e você esta bem?

- O vagabundo levou minha bolsa com meu celular e meus documentos!

- Isso não é nada, Miguel. O importante é que você esta bem... Faz assim, eu vou para a casa da Bruna e nos encontramos lá, ok?

- Ok, Mili. Até mais tarde.

Desligamos.
Aonde o Brasil vai parar com tanta violência? As pessoas não conseguem andar na rua sossegada sem que um idiota venha e a assalte.
Um trabalhador, uma pessoa que batalha dia e noite para construir uma vida e conquistar suas coisas é roubado por um passoa que não quer trabalhar e conquistar suas coisas sozinho, sem precisar roubar algo alheio.
Espero que o Miguel esteja bem.

Quando cheguei na casa da Bruna, ela esta a ponto de sair para ir a faculdade. Coitada, levou um susto quando me viu.
Bruna é ruiva do cabelo cacheado, assim como o meu, porém, meu cabelo é preto. Ela tem um estilo meio... Eclético.

- O que aconteceu, ser? - ela perguntava franzindo o cenho.

- O Miguel foi assaltado, ele esta vindo para cá. - falo fechando a porta do carro e indo ao encontro dela.

- Assaltado aonde?

- Não sei. Vamos ver quando ele chegar... Ele disse que levaram tudo, principalmente os documentos.

- Caramba! Vamos entrando...

Adentramos a casa de Bruna.
Subimos direto para seu quarto, sento na poltrona em frente a cama e Bruna senta na cama.
Parece até que vamos fazer algum trabalho da faculdade, sim hahaha quando marcamos para fazer alguma trabalho, ficamos meia hora assim.
Preguiça conhece?

- E Juilliard? - ela pergunta

- Está lá em Nova Iorque! - falo irônica. Olha a pergunta do ser.

- Engraçadinha. Você sabe muito bem o que estou perguntando.

- A carta ainda não chegou.

- Você acha que vai chegar?

- Não sei, Bruna. Pode ser que sim, como também pode ser que não! Eu prefiro esperar... E além disso, a carta é apenas para marcar o dia da audição.

- Sim, mas com certeza eles vão te aceitar, amiga!

- É o que meus pais quer.

- Milena, deixa de ser boba. Se você não quer ir para Juilliard, não vai. Amiga, você não é obrigada a nada.

- Não é que eu não queira, eu apenas...

- Não quero!

- Bruna, chega!

- Ok, Srta. Estressada! Mas mudando de assunto, você melhorou do seu mal estar?

- Sim. Eu não havia comido nada, por isso passe mal.

- Sei... - Bruna aperta os lábios em uma linha rígida e abaixa a cabeça olhando para os pés.

Quando ela faz essa cara, sei que ela esta pensando em algo. Conheço a peça.

- Fala, Bruna!

- Falar o que?

- Em que esta pensando?

- Juilliard pode ser apenas sonho dos seus pais...

- Por que?

- A quanto tempo você e o Lucas passaram a noite juntos?

- A 2 mes... Não, Bruna!

- Tem certeza? Amiga, eu acompanhei a gravidez a minha mãe e posso dizer que reconheço um mulher grávida a quilômetros.

Não, eu não estou grávida.
É... É algo muito... Provável. Eu não me lembro de muita coisa naquela noite em que eu estive com o Lucas, estava totalmente bêbada.
Droga, eu não posso estar...

- Sua menstruação como esta?

Mal...

- Faz 2 meses que eu não... - me levanto do sofá e coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. - Bruna, se isso for verdade meus pais vão me matar!

- Primeiro calma! Você vai dormir aqui hoje, eu saio, compro um teste e você faz!

- E se der positivo?

- Você vai contar para o Lucas, ele é o pai. A obrigação dele é assumir a criança!

Se eu estiver grávida, realmente, Juilliard vai ser apenas um sonho para meus pais...

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Capa feita por:
GeGoAl
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Devolva Minha Filha - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora