O Regresso

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Um ano, um ano se passou.
Minha dor de mãe ainda machuca, mas posso conviver agora... Porque tenho ele do meu lado, me apoiando e me dando o seu amor todos os dias.
Miguel e eu estamos juntos a um ano, me apaixonei depois te ter recebido o seu carinho naqueles dias chorosos, cheio de dor.

Tentando fugir da minha dor e das lembraças da Bianca, decidi passar uns dias na Itália junto dos pais de Miguel, graças a Deus eles falam português. Mas com esse tempo em que estou aqui, me acostumei com a língua deles.

Mas sinto que agora já é hora de voltar, agora é hora de enfrentar os meus medos e as minhas angústias dê frente e tocar a minha vida de verdade.
Miguel me fez ver que chorar todos os dias e ficar em casa me faria mal a cada segundo mais...
Voltar para o Brasil, sim significa lembrar da minha filha, mas lá é minha casa e eu preciso voltar a ser a Milena de antes, voltar a minha faculdade, trabalhar...

Miguel esta na sala com os pais, acordei faz algumas horas e achei melhor arrumar o quarto. Não quero que a dona Aline se preocupe arrumando minhas bagunças.
Termino de arrumar a cama quando Miguel adentra ao quarto sorrindo.

- Bom dia, meu amor!

- Bom dia! - sorrio e dou um selinho nele. - Tomou café?

- Ainda não, estamos te esperando... - ele me segura pela cintura e sela seus lábios em minha testa. - Conversei com minha mãe sobre nossa volta ao Brasil.

-  E ela?

- Apenas disse que vai sentir nossa falta... Mas eu disse a ela que vamos nos ver em breve!

- Sim! - sorrio e o abraço. - Me perdoa por estar te tirando daqui, Miguel eu sei que a Itália é a sua vida! E eu...

- A minha vida é você Milena, entenda isso amor! Se é para você sorrir, eu faço tudo.

- Bobo!

- Voltaremos amanhã pela manhã, comprei as passagens...

Assim como todos, eu faço algumas coisas aqui, de dia vou para uma fábrica de vinhos, de tarde ajudo as tias do Miguel a bordar e de noite ajudo a dona Aline a cozinhar. Sim, hahaha sou eu verdadeira dona de casa.

O dia passou bem rápido, nem senti. Só de pensar que amanhã estarei embarcando para o Brasil me sinto... Feliz e ao mesmo tempo triste.
A primeira coisa que farei assim que pisar naquele país e ir visitar o túmulo da Bianca.

Tirei meu hobby e me deitei na cama ao lado de Miguel que me puxa para que eu me deite em seu peito. O faço e acaricio seu peito nu, sua pele macia me faz fechar os olhos sorrindo.

- Sabe em que estava pensando?

- Em que? - pergunto.

- Em comprarmos um apartamento, me acostumei a dormir do seu lado!

- Haha vai ser bem difícil, esta achando que comprar um apartamento é igual a comprar uma bala? Hahaha bobo!

- Então enquanto não compramos, você fica com seus pais e eu na casa da minha avó!

- Sim... - murmuro.

Ficar na casa dos meus pais...

- Tudo bem, amor? - ele pergunta acariciando meu braço.

- É que vai ser difícil voltar para a casa dos meus pais... Vai ser mais difícil ainda olhar para a cara do meu pai, depois de tudo.

- Você precisa, Milena! Você não pode continuar a ter raiva dele, poxa, vocês são pai e filha.

- Mas eu não consigo, Miguel. Eu tento, mas não dá, sinto que ele tem culpa na morte da...

- Não! Não vamos mais falar sobre isso. Toda vez que falamos nela você acaba chorando, e eu não quero que você chore!

- Esta bom! - sorrio e beijo seu peito. - Eu te amo, Miguel!

- Eu também, minha vida...

&____&

- Eu sou eternamente grata pela senhora ter me aceitado na sua casa, dona Aline!

- Que isso, querida... Eu vi o seu sofrimento, vi que você precisava se desinstalar da vida do Brasil por algum tempo.

- Sim, eu precisava... Precisava muito e graças a senhora, ao senhor Elizeu e a todos os seus familiares eu consegui superar minha dor.

- Sua pequena esta bem, querida, ela esta feliz você pode ter certeza. Quando você chegar lá e sentir uma tristeza, pode me ligar eu estarei esperando, esta bem? - ela sorrir.

- Obrigada!

Puxo dona Aline para um abraço.
Essa senhora me ajudou tanto, me aconselhou, me deu colo, amor, afeto. Por isso hoje consigo lidar melhor comigo mesma, com minha saudade de mãe.
Acho que se Miguel não tivesse me trazido para cá, eu estaria louca, sem rumo, sem documento. Vivendo por viver!

- Vamos, amor?

- Sim! - sorrio e solto dona Aline.

- Que Deus acompanhe vocês, queridos! E senhor Miguel, não esqueça de avisar assim que vocês chegarem lá, filho!

- Pode deixar, mamãe!

Acenamos para eles, e logo entramos na picape do tio de Miguel. Ele vai nos levar até o aeroporto... Estou voltando...
Bruna vai morrer quando nos ver, coitada, a deixei sozinha, mas ela sabe que foi por uma boa causa e sabe que agora estou bem. Tanto ela quanto minha mãe, vão ficar felizes ao me ver.

&____&

Quando finalmente chegamos em São Paulo, Miguel pediu um táxi, esta chovendo demais, bom era de se esperar, afinal, São Paulo é a terra da garoa haha.
Fiquei na porta do aeroporto esperando Miguel encontrar o taxista que havia se perdido.
A chuva esta forte demais, o táxi parou e Miguel saltou para fora sorrindo, o taxista também saiu e pegou nossas malas as colocando no porta malas. Salto para dentro do táxi e Miguel entra logo em seguida, o taxista também entra e virá para trás.

- Perdão, senhorita! Eu me perdi e não sabia onde estava. - O taxista se desculpa.

- Não precisa de desculpar, com uma chuva dessas, quem não se perderia haha

- Para onde vão?

Olho para Miguel e ele me da um beijo na testa, depois diz para o taxista nos levar para o cemitério onde esta Bianca.
O taxista liga o carro e da partida, logo entramos no tráfego da cidade... E a propósito,  esta um trânsito danado.
Deito minha cabeça no peito de Miguel e ele me envolve em seus braços. E a chuva? Não para.
Voltei...

Devolva Minha Filha - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora