CAPÍTULO 1

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Alguns anos atrás...

Joguei meu lápis sobre as folha ainda sem respostas. Hoje era um daqueles dias em que tudo o que eu queria era ficar sentada sozinha, ouvindo uma boa música para não ter que falar nem sorrir para ninguém.

Olhando bem, você poderia dizer que minha vida é monótona, mas eu gostava dela exatamente assim! É como decidir fazer dieta, mas não conseguir abandonar o chocolate, e afinal só mesmo um louco deixaria de comer chocolate. Então, sim, essa é a minha vida, chata ao extremo, sem sabor, cor, cheiro... enfim, como queiram dizer, nada interessante.

O que significava apenas que minha vida era totalmente comum, nada como os seriados americanos ou os filmes clichês que uns 90% da população mundial ama assistir.

Não me entenda mal, não sou o tipo de garota que vive em depressão por está sozinha, nem a nerd esquisita sem amigos (apesar de ter com toda certeza meu amado lado nerd). A solidão afinal não é tão ruim, o que é péssimo, é ser esquecida mesmo estando presente.

Eu gostaria de as vezes ser imune a sentimentos, parar com a ideia de agradar meus pais e ter alguma vida social descente. O que há de errado afinal em não gostar de fazer amigos? O problema é que nada do que eu fazia era o suficiente. Ser eu mesma, Emma, nunca era o bastante.

Como eu me sentia? Péssima certamente, mas logo o sentimento passava quando o conforto dos meus próprios pensamentos voltavam à tona.

— Emma! - a irritação era inconfundível na voz dela. — Qual é o seu problema afinal? Você precisa parar de viver tentando agradar à todo mundo! Precisa priorizar o seu próprio bem-estar e fazer uma maldita coisa por você mesma! - Manu falava o mais alto possível, o que não passava de um sussurro, levando em conta que estávamos no meio de uma aula.

A professora era um diabinho.

— Eu gosto da minha vida do jeito que ela é! - eu disse sem olha-la.

Manu era feroz no que dizia respeito a não deixar pessoas tóxicas ao seu redor, fosse com o rótulo família ou uma amizade antiga, sua política de não aceitar o que lhe fazia mal e priorizar sua saúde mental era absoluta.

Admito que eu nem sempre priorizava meus próprios desejos, o que apenas me trazia extrema decepção no final, mas nesse caso atual a verdade é que eu não sabia se queria ir, preferia a companhia de um livro ou a revisão do meu último projeto de programação, a uma festa.

— Eu não me lembro a última vez que você sequer foi tomar um café com suas amigas, - ela continuou dando um sorrisinho irônico. — Você pode repetir para si mesma que não é, mas no fundo sabe que evita qualquer coisa que possa manchar a sua imagem de garota perfeita. Emma, sabe, um dia você vai ter que cair na real. Deixar de fazer o que deseja só gera decepção a longo prazo.

— É por isso que você se mete em todas as furadas possíveis? - questionei deixando transbordar todo o meu sarcasmo. — Para não ter decepções futuras? - suspirei secamente. Emanuelly era minha amiga desde o ensino fundamental, posso definir ela como uma pessoa de opiniões fortes.

— Algumas vezes eu sou apenas influenciada pelo álcool, - ela deu uma risadinha.

— Seus pais sabem que você anda bebendo? - ergui uma sobrancelha. Ela revirou os olhos apontando um dedo acusadoramente para mim.

— É disso que eu estou falando! Você pode fazer algumas merdas escondido as vezes, todo jovem faz isso Emma!

— Eu não sou todo jovem... - Lembrei.

GAROTA HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora