Encarei a cidade abaixo de mim, a iluminação noturna destacava os prédios, o tráfego era mínimo aquele horário.
Eu me sentia sufocada pelas roupas que estava usando, pelo apartamento luxuoso e solitário em que estava também. Aquele seria meu último dia em terras Francesas, e eu não sabia dizer se me sentia aliviada por deixar aquela parte atual da minha vida para trás, ou se me sentia apreensiva por não saber o que me aguardava.
— Está pronta? - Abby perguntou em algum lugar atrás de mim. Sua voz sempre causava um tremor involuntário que eu detestava, acenei uma vez em concordância.
— Vamos terminar logo.
Nós duas pegamos as nossas armas, e seguimos até o elevador que aguardava.
— Não me parece uma boa ideia. - murmurei para mim mesma, Abby suspirou ao ouvir.
— Não importa se é, ou não, uma boa ideia - ela disse, a tom de voz categórico. — Uma ordem, é uma ordem.
Trinquei os dentes, podia não gostar do que ouvia, mas ela tinha razão. Uma ordem era uma ordem.
— Tente não estragar tudo. - ela murmurou assim que as portas do elevador se abriram, e saímos para o estacionamento.
A fileira de carros negros estava posicionada diante de nós, aquela era uma visão realmente impressionante.
— Tente não ficar no meu caminho.
》《
Tomei o restante do café já frio em meu copo, enquanto esperava alguém aparecer. Olhei o relógio do meu pulso vendo que 3 horas já haviam se passado desde o desembarque.
Tudo o que falaram foi: não a deixe irritada.
Tirei os óculos escuros e empurrei alguns fios de cabelo para trás da orelha, meu corpo parecia ter apenas pontos de dor e meu ombro era o pior de todos. A noite com Abby me rendeu uma série de contusões e um tiro de raspão, mas estranhamente as coisas não foram piores.
Nós duas fomos os petiscos enquanto os verdadeiros mestres trabalhavam, literalmente fomos jogadas para morrer. Eu não podia dizer que entendia o esquema doentio por trás disso, mas não era como se minha opinião fosse ser considerada por um deles.
Quando o relógio se aproximou da meia-noite, desisti da ideia de que alguém viria hoje. De pé na ampla calçada havia um único táxi estacionando tranquilamente, nenhum outro sinal de qualquer veículo por perto.
Irritação transbordava de mim em ondas, eu estava com fome, cansada e dolorida. Agora, para completar, também estava sendo esquecida no aeroporto.
— Perfeito.
Uma chuva fina começou a cair, apenas umas poucas gotas no início mas logo a chuva se tornou uma verdadeira tempestade. Puxei as mangas da minha jaqueta já encharcada numa tentativa de manter minhas mãos quentes, mas foi em vão.
Enquanto eu xingava mentalmente a todos os envolvidos naquela merda, um carro negro parou a minha frente com uma freada brusca, a janela do banco do passageiro se abriu, e uma mulher loira com um sorriso amarelo se curvou para gritar pra mim.
— Entra! - ela chamou, hesitei por apenas um breve minuto antes de puxar minha mala e entrar no carro. — Espero que não esteja muito chateada, por ter ficado esperando.
Olhei para ela, com minha melhor cara de paisagem e falei lentamente.
— Não, nem um pouco.
Ela riu, obviamente não acreditando nas minhas palavras, mas deu de ombros sem se importar.

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GAROTA HACKER
ActionO mundo preto e branco de uma garota se torna uma explosão de cores da noite para o dia, a vida é uma montanha russa onde a cada nova descida se aguarda uma aventura letal. Emma Costa sempre foi a garota de ouro, com um dom natural de fingir que tud...