EXTRA - MELISSA

901 113 144
                                    

Joguei a mochila sobre o piso do barco, Emma estava agarrada ao apoio mais próximo num tom esquisito de verde.

Suspirei.

Era uma viagem curta até a ilha mas ainda assim, poderia parecer extremamente longa para alguém a ponto de despejar o estômago para fora.

— É bom você se sentar... - a voz preocupada de Brian me deixou com vontade de revirar os olhos.

Não podia me impedir, a reação negativa a Brian Danelli era involuntária, e quanto mais o tempo passava maior ficava a aversão.

— Se não está ocupado demais com sua nova tarefa de babá, me atualize. - chamei, o que me rendeu um par de olhos irritados. — James enviou um relatório a Daniel, ele já começou a colocar o levantamento em prática.

A enxurrada de informações recebidas foi atordoante, não era todo dia que bombas eram jogadas em nossa mesa.

— Gustavo deixou isso comigo antes de desaparecer, eu busquei a fonte da informação mas ela é extremamente escorregadia.

— O quê? Vai me dizer que não consegue achar uma garota qualquer? - alfinetei.

A irritação dele era clara através de seus olhos, mas seu tom continuava indiferente a cada palavra dita.

— Não espero que alguém em seu lugar entenda coisas complicadas. - ele sorriu. — Não precisa estressar sua linda cabecinha com esses pensamentos.

— Calem a boca, antes que eu vomite em cima dos dois! - O grunhido de Emma foi abafado mas claro o suficiente para ser entendido.

Me acomodei no canto mais distante dos dois idiotas, essa seria com certeza uma estadia longa.

》《


A tensão na sala era palpável, nossa primeira parada depois de chegar a ilha foi aquela reunião, e todas as horas em que estávamos ali pareciam não levar a lugar algum.

James, Brian, Mirta e eu estávamos ao redor da pequena mesa de madeira, esfreguei as têmporas para afastar a dor de cabeça.

— É uma loucura acreditar em algo assim. - falei por fim.

— Eu concordo. - a voz de James também revelava seu cansaço. — Mas nós vimos em primeira mão a verdade.

— Não temos garantia alguma de que isso não seja apenas uma manipulação. - Mirta falou. — Temos que concordar que foi extremamente conveniente que isso fosse dado em uma bandeja de prata para nós.

— Sim, você tem razão. - concordei. — A tecnologia desenvolvida é preocupante, mas não temos ideia de quão relevante é a informação. Podemos acabar caminhando diretamente para o erro.

— Eu não deixarei para trás a opinião de que isso precisa ser parado e resolvido. Foi a única coisa que Gustavo deixou para trás, eu não vou aceitar que trate isso como se fosse irrelevante! - Brian explodiu enfim, os olhos queimando com irritação.

Só notei o movimento quando o pequeno estrondo ecoou na sala e minha mão ardeu, meu punho fechado dolorosamente no centro da mesa de madeira.

— Não ouse insinuar que eu não estou preocupada. - disse cada uma das palavras com uma lentidão deliberada. — Gustavo provavelmente está morto, vamos ser racionais, me diga até onde foi o seu progresso em encontrar a garota? Que garantia você pode me dá?

GAROTA HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora