CAPÍTULO 3

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Estávamos no alto de uma passarela quando Manu falou, ali em cima podíamos ver a avenida completa onde a corrida iria acontecer.

— Quando eu te falei para viver um pouco mais, não esperava que você fosse tão longe... - ela me encarava divertida.

— Você precisa me ajudar a sair dessa furada!

— A única forma seria fugir enquanto ninguém que importa está vendo. - ela falou afastando uma mecha do cabelo preto do rosto. — Mas você não é uma covarde, é?

Estava tarde, eu particularmente já estava caindo de sono, mas todas as outras pessoas pareciam eufóricas a medida que o tempo passava. Considerei a fuga por um instante, mas logo descartei a ideia, ela nunca mais me deixaria em paz se eu fizesse isso. Além disso, o pensamento de ser covarde nunca foi um fetiche meu.

Droga! Onde eu estava com a cabeça? - murmurei pra mim mesma.

Logo os carros se enfileiravam ostentosamente, prontos para a partida. E foi então que a loucura começou, a euforia não era contida no amontoado de pessoas bêbadas enquanto dinheiro rolava de mão em mão, até onde eu podia ver as apostas eram bem altas, a passarela que estávamos ficava cada vez mais lotada e eu comecei a me sentir sufocada por tantas pessoas.

De alguma forma acabei com uma cerveja sendo empurrada em minha mão, a música que já era alta aumentou um pouco mais enquanto os mais desinibidos aproveitavam a balada ao ar livre, sacudindo seus corpos junto a batida da música.

Comecei a atravessar a multidão, sem me importar se precisava empurrar algumas pessoas no caminho para conseguir sair, em poucos minutos estava na pista e sentei na primeira superfície limpa que encontrei. 

— Vai beber isso? - Manu perguntou ficando ao meu lado, balancei a cabeça e ela pegou a bebida das minhas mãos.

Foi interessante assistir ao desenrolar daquela situação, carros posicionados com os motores rugindo tão alto quanto a própria música. As pessoas gritavam de xingamentos a incentivos.

Manu apostou uma quantia absurda de dinheiro na corrida também, onde ela conseguiu o dinheiro? Eu não tinha a menor ideia.

Um último carro se juntou aos outros que já eram o centro das atenções mas antes de seguir ele parou bem a nossa frente. Gustavo me encarou, a mão apoiada no volante, a sobrancelha erguida com um desafio silencioso.

— Espero que não tenha bebido algo que a fez esquecer sua promessa. - ele falou muito suavemente, os olhos ainda fixos nos meus, apenas por um instantes, porque ele logo desviou os olhos observando algo atrás de mim.

— Eu bem que gostaria de ter bebido. - murmurei baixo.

— Emma odiaria parecer covarde. - Manu declarou, e eu tive uma grande vontade de pisar nos pés dela. — Vai logo Emma!

Tão sutil essa menina. Sério, não sei por que tenho uma desequilibrada como amiga.

Dei a volta no carro, abrindo a porta do passageiro e me acomodei no banco de couro. O carro não apenas parecia caro, ele cheirava a dinheiro.

— Apenas não me mate! - eu disse secamente, ele riu enquanto eu colocava o cinto.

— Um pedido difícil para esse encontro. - ele falou me olhando de lado, seu tom era leve mas não tinha certeza se era uma piada ou não.

— Haha! - murmurei azeda e olhei fixamente para frente. Ok, nada estranho esse papo.

A última coisa que eu ouvi antes da multidão começar a gritar foi o "Corram!" da garota loira que segurava uma bandeira quadriculada.

GAROTA HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora