— O que diabos está acontecendo? - berrei, era uma pergunta retorica, só precisava colocar meu desespero em palavras. Não esperava por uma resposta, e realmente não recebi uma.
Evitava sair sempre que possível, e quando finalmente saia, coisas extremamente impensáveis aconteciam.
Por reflexo cobri o rosto com as mãos e me encolhi contra o banco, enquanto os vidros do carro explodiam em vários pedaços brilhantes, o carro deslizava na pista de um lado para o outro enquanto Gustavo continuava a avançar como o louco que era.
Ele foi em direção ao atirador que se jogou sobre a calçada pouco antes de quase ser atropelado. O eco de um tiro muito perto fez meu coração gelar, eu estava em um ponto que a adrenalina bloqueou quaisquer outros sentimentos. Gustavo gemeu ao meu lado, foi um gemido baixo e contido mas eu consegui ouvi-lo.
O carro deu um solavanco pra direita entrando em uma estradinha pequena, que estava ligada a rodovia movimentada, ele entrou na pista costurando entre os carros com as rodas derrapando no processo, em minha cabeça passava um filme muito vivido desse carro capotando.
Um leve latejar na minha têmpora começou, podia ser uma enxaqueca se aproximando ou apenas o estresse por toda aquela situação, eu nem sabia mais.
— Você está sangrando - apontei o obvio enquanto buscava algo para pressionar contra o braço dele onde o sangue escorria, e a camisa estava furada agora por onde a bala passou de raspão. — Acho que vou vomitar...
— Apenas não suje meus pés - foi tudo o que ele disse concentrado na estrada a frente.
Fiquei calada, afinal o que mais poderia ser dito, me ocupei em tomar respirações longas e profundas enquanto pressionava a ferida em seu braço.
— Droga! - Gustavo falou de repente. O seu tom era de chateação, não parecia com medo ou sequer com dor. O carro parou bruscamente e eu fui jogada para frente, o cinto de segurança me puxou para trás ao mesmo tempo e eu não tinha dúvidas de que teria alguns hematomas mais tarde.
Perdi o fôlego ao sentir meu corpo bater contra a porta, meu braço foi basicamente esmagado e minha cabeça se chocou contra o vidro ao mesmo tempo, pisquei sentindo uma dor fina na testa, toquei no local com a ponta dos dedos sentindo o liquido pegajoso grudado neles.
— Droga mesmo! O que diabos está acontecendo? - perguntei a um pé da histeria. — Estão tentando te matar! E vão me levar junto! - acusei.
Ele engatou a ré no carro, e começamos a andar para trás, um carro vermelho passou ao nosso lado, ele era um dos corredores.
— Filho da p... - ele começou.
— Ei, cala a boca! - Mandei arregalando os olhos, meu coração fazendo uma visita à minha garganta novamente, e todo meu jantar querendo sair de dentro de mim enquanto via quatro motos numa formação perfeita abrindo caminho na rodovia. — Temos companhia de novo.
— Segura firme, ainda pretendo ganhar essa corrida. - Ele murmurou, e teve a capacidade de sorrir pra mim, como se nada demais estivesse acontecendo, enquanto voltava sua atenção para a pista.
E ele realmente ganhou a corrida, não de uma forma muito justa, mas ganhou.
Nunca fiquei tão grata por existir viaturas policiais circulando a cidade, como hoje, graças a elas ficamos a uma boa distância dos pilotos. Manu estava bêbada, completamente bêbada e se jogou no banco de trás assim que Gustavo se ofereceu para nós levar pra casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
GAROTA HACKER
ActionO mundo preto e branco de uma garota se torna uma explosão de cores da noite para o dia, a vida é uma montanha russa onde a cada nova descida se aguarda uma aventura letal. Emma Costa sempre foi a garota de ouro, com um dom natural de fingir que tud...