Desembarcamos já no início da madrugada, no Aeroporto Paris Metropolitan, eu estava cansada, com fome e irritada. O aeroporto estava lotado, como era de se esperar para um aeroporto internacional. Tinha todos os tipos de pessoas esperando, algumas pessoas entediadas, outras barulhentas, os atrasados e mesmo aqueles que conseguiam dormir tranquilamente sobre suas bagagens enquanto aguardavam o voo ser chamado.
Eu nunca me imaginei em Paris, não era o meu ponto europeu para uma viagem dos sonhos, mas do pouco que pude ver o lugar era incrível, além daquele sotaque francês, era maravilho. Eu poderia passar dias apenas ouvindo-os falar. Típica brasileira, que nunca deixou o país.
— Vem - Gustavo comandou, ele não parecia nenhum pouco cansado da viagem. Se fosse comparar, parecia ainda mais alerta do que quando estava em solo brasileiro.
Segurou minha mão, guiando-me entre as pessoas e me levou para fora do aeroporto sem nunca parar para pedir qualquer informação, o lugar era enorme.
Pegamos um táxi, Gustavo conversou com o motorista por alguns minutos, eles pareciam brigar, mas eu não sabia o porquê já que não ensinam francês nas escolas públicas brasileiras. Depois que o debate acabou seguimos pelo tráfego calmo, vi pela janela do táxi a verdadeira cidade de Paris. Sem as fachadas e fotos com ângulos que a favorecem, somente o que os olhos poderiam filtrar, aqui e agora. Paris realmente era viva em moda, cozinha, arte... Era a Cidade Luz afinal, era maravilhosa.
Até chegarmos ao submundo, o lado negro da França.
Foi então que o deslumbre foi substituído pela consciência pesada do quê me trouxe até este lugar. Nada é perfeito, também existiam as partes esquecidas, existiam os lugares e as pessoas duvidosas. No final, qualquer cidade era a mesma coisa.
Gustavo me falou tudo o que eu precisava saber, na opinião dele é claro. E as informações eram no mínimo escassas, a única coisa que eu sabia com certeza, é que eu precisaria fazer o que fosse necessário para sobreviver.
— Vou ter um curso rápido de: se torne um boxeador em 30 dias? - Perguntei cheia de desdém, ele apenas revirou os olhos. — Onde estamos?
Gustavo estava com os olhos fechados e a cabeça apoiada no encosto do banco, abriu os olhos por tempo suficiente para olhar pela janela, então fechou os olhos de novo.
— Saine-Saint-Denis - ele murmurou.
Fiquei olhando para ele por mais algum tempo, esperando que ele explicasse mais alguma coisa, quando ficou claro que isso não aconteceria voltei a olhar pela janela.
— Ok, Saine-Saint-Denis - murmurei, com um suspiro.
O táxi parou em frente a um prédio grande e antigo, havia um muro enorme circulando a área ao redor do prédio, era como uma grande fortaleza, com homens de guarda em pontos estratégicos. As expressões ameaçadoras junto ao conjunto de armas e músculos que cada um carregava me deixou no mínimo amedrontada.
Gustavo já havia saído do táxi e estava pegando as minhas coisas, ele por sua vez não trouxe quase nada. Desci batendo a porta com um pouco mais de força do que era preciso, e fiquei bem perto dele sem saber o que fazer.
— Bem-vinda a Paris mon cherie. - ele me olhou e sorriu. — Não precisa ficar com medo. - disse passando um braço pela minha cintura, e me puxando para perto.
Isso ainda era estranho, mas se fosse manter os gorilas armados longe, eu não me afastaria.
O motorista estava louco para ir embora e agradeceu, quase caindo de alívio, quando recebeu seu pagamento. Fui guiada até os grandes portões de ferro, eles estavam firmemente fechados, nos separando do prédio além. Um homem se aproximou de nós dois, os olhos avaliadores, com um pequeno objeto na mão.
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GAROTA HACKER
AcciónO mundo preto e branco de uma garota se torna uma explosão de cores da noite para o dia, a vida é uma montanha russa onde a cada nova descida se aguarda uma aventura letal. Emma Costa sempre foi a garota de ouro, com um dom natural de fingir que tud...