CAPÍTULO 13

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Seguindo as coordenadas do GPS, dirigi pela Blackheath Ave em direção ao Observatório Real de Greenwich, a esse horário a movimentação era baixa e foi justamente por isso que decidi ir até lá.

Dirigir, segundo América, era uma arte. E ela fez questão de me ensinar perfeitamente. Eu na verdade, gostava muito disso.

Estacionei o carro olhando tudo ao meu redor, de onde eu estava, conseguia ver boa parte de Greenwich Park, que nesse momento estava pintado em tons laranja, alguns árvores perdiam as folhas que criavam cortinas alaranjadas no chão, era impressionante de se ver.

Talvez fosse apenas a nostalgia de mais uma vez está indo embora, mas eu me sentia um tanto quanto reflexiva hoje. Caminhei sem seguir numa direção exata, apenas apreciando a brisa refrescante.

América me falou uma vez que eu devia sorrir mais, que deveria abraçar meu destino, pois isso era melhor que cultivar o ressentimento por aquilo que eu não podia mais ter. Claro, ela estava certa sobre a inutilidade de se ressentir, e viver por mais duro que fosse ainda era um presente. Mas saber disso e aceitar eram coisas bem distintas.

O clima mudou tão rapidamente quanto o meu humor, o vento soprou mais frio que antes relembrando o quando o inverno estava próximo e eu me abracei com um pouco de força, para me manter aquecida. Ainda assim, me sentei sobre a grama bem cuidada. Eu podia ver claramente de onde estava o observatório, olhando para aquela grande construção de pedra, era difícil acreditar que aquela era a marca de referência da divisão de um planeta.

O som de passos muito próximos me deixou alerta, mas por aquele ser um lugar público tentei não parecer estranha.

— Achei que fosse você, - aquela era uma voz que eu só tinha escutado pouquíssimas vezes.

— Não sabia que tínhamos algum nível de reconhecimento. - comentei mas não me virei para olha-lo.

— Por que uma bela garota se sentaria sozinha aqui encarando o nada? - seu tom de voz era leve, mas eu sabia muito bem que podia esperar uma abordagem direta logo, logo. Olhei em direção a sua voz e meu coração errou uma ou duas batidas.

Ainda não conseguia acreditar que o mesmo homem, do qual eu tinha lido em arquivos secretos, estava diante de mim.

— Cada um passa seu tempo como considera melhor. - comentei secamente. Ele riu e sentou ao meu lado parecendo muito relaxado.

— Acredito que tenha razão. - depois de alguns minutos de silêncio ele continuou. — Eu fiquei me perguntando porque você não estava presente quando encontramos América.

Olhei para ele, sem fazer questão nenhuma de esconder, esperava que isso o deixasse ao menos um pouco desconcertado. Não aconteceu.

— Ah, vocês se encontraram? - a pergunta saiu em um tom suave, indiferente.

— Tenho certeza que estava ciente. Mas sabe, você não me parece o tipo de pessoa com as quais ela costuma lidar, parece um pouco deslocada. - ele me encarou, os olhos que eram tão azuis quanto o mar, me avaliando. A voz era calma, a confiança que havia nela fazia um click em minha mente ressoar com uma única palavra: perigo.

— Pareço deslocada na maioria dos lugares. - o comentário veio acompanhado de um erguer de sobrancelha. O quê ele quer?

— Vamos supor que por algum motivo, qualquer que seja, alguém queira deixar de lado companhias perigosas... - ele pausou dando de ombros. — Eu poderia ajudar com isso.

GAROTA HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora