Bem-vindos ao Mundo dos Humanos

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Lonel desligou a TV e me encarou quando o pronunciamento de Sandra e os comentários dos repórteres acabaram. Aquilo estava tomando proporções inimagináveis e para todos os lados que eu olhava, não havia uma saída que não fosse a carnificina. Se o governo pusesse as mãos em uma lista com o nome e endereço de cada vampiro, seria apenas questão de tempo até os caçadores conseguissem nos exterminar de uma vez.

E claro que a justificativa da morte dos vampiros seria que atacamos primeiro. Que como predadores, nosso instinto falou mais alto que a razão. A coisa estava tão bem estruturada que eu podia ver a cena acontecendo diante de mim.

A realidade era que quando a nossa existência veio à tona, todos os clãs do mundo se desfizeram e aqueles vampiros que ainda permaneciam em grupo, não guiavam grupos que passavam de cinco pessoas. Encontrá-los se tornou tarefa difícil, principalmente porque os Modificados podiam passar-se por humanos com extrema facilidade, assim como os Híbridos. Já os Comuns, isso era impossível.

O governo liberou um alerta nacional de como identificar os vampiros. O CDC — Centros de Controle e Prevenção de Doenças — chegou a emitir um guia de como proceder se caso topasse com um de nós e deixou um número para que ligassem imediatamente se caso desconfiassem que alguém era um vampiro. No guia tinha também nossas características físicas, nossas forças e nossas fraquezas. Falava sobre o extrato de alho e papoula, bem como à estaca de madeira e a prata.

Aos poucos, os Comuns foram sendo entregues para os caçadores, conforme as pessoas começavam a desconfiar de um vizinho que só era visto a noite ou que não chegasse em casa com compras. Por isso decidimos que os vampiros não deveriam ficar muito tempo em um mesmo lugar e assim acontecia já há quase dois anos.

Então era óbvio que o governo tomaria uma atitude como essa, promovendo uma falsa aceitação da comunidade vampira, pela comunidade humana. Não teria mais porque treinar cidadãos comuns para nos identificar, visto que iriamos para o abate usando nossas próprias pernas.

— Preciso emitir um alerta urgentemente para os vampiros. Precisamos nos manter afastados — comecei a falar colocando o copo em cima da escrivaninha de Lonel e me levantando da cadeira. — Acredito que muitos de nós vão acreditar na proposta do governo. Depois de séculos vivendo nas sombras, o que a maioria quer é a luz.

— Mas como você vai conseguir encontrar todos os vampiros? — me perguntou.

— Eu sei como, mas preciso que você me dê o aval. É perigoso para vocês também — respondi.

— O que temos que fazer?

— Preciso que você mande uma mensagem a todos os seus, ao redor do mundo, e peça para que eles rastreiem os vampiros e que transmitam aquilo que quero passar.

— Isso vai ser complicado, Victor. Estaremos expostos e a ordem dada por Leonardo é de se esconder e tentar parecer o mais humano possível.

— Eu entendo e não o culpo. É realmente algo perigoso.

— Não posso ordenar isso, porque eu bateria de frente com a ordem do alfa supremo, mas se algum deles quiser fazer não posso impedir — respirou de maneira profunda e seguiu na direção da porta.

— O que pretende fazer, Lonel?

— Vou mandar uma mensagem geral, perguntando se alguém se voluntaria para essa missão. Espero que eles lembrem quem nos deu uma chance de nos reerguer.

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Seguimos, os dois, até a primeira sala do clã e Lonel pediu para que o garoto de recados deixasse um comunicado em cada mesa daquele lugar. Assim que os lobisomens — que trabalhavam naquela área — viram o recado, olharam para Lonel que mantinha sua pose de líder. Eles então se olharam e digitaram os o comunicado. Não demorou muito para que centenas de mensagens chegassem.

Infinito - Livro 3 (Trilogia Imortal)Onde histórias criam vida. Descubra agora