Ponto de Impacto

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Sandra só me parecia cada vez mais disposta a cercar os vampiros de todos os lados e apenas confirmei quando ela cruzou os braços e permaneceu me encarando por um tempo.

- Sabe que isso não vai acontecer, não é? - concluí.

- Para mim está ótimo - ela riu sarcasticamente. Não uma risada escandalosa, mas aquela que surge no canto da boca e você sabe que é apenas para provocar. - Talvez todos os lobisomens ainda não tenham sido afetados pelo vírus, mas isso é só questão de tempo. Quando isso ocorrer, terei o maior prazer de caça-los pessoalmente, um a um, e o responsável pela extinção definitiva deles serão vocês.

- Estará morta antes disso - respondi e o sorriso em seu rosto morreu. - Eu mesmo arrancarei o coração do seu peito rápido o suficiente para que possa vê-lo bater em minha mão. É só questão de tempo - pisquei para ela. Sandra respirou de maneira pesada.

- Enfim, já sabem o que está acontecendo e já sabem também como reverter. Agora, se não se importam, tenho que planejar o enterro da minha filha - voltou a abrir o computador e fingiu que não estávamos mais lá. Sean segurou em meu braço, me indicando a saída do local. Olhei uma última vez para Sandra antes de seguir com o meu amigo para longe dali.

____ ღ ____

Quatro dias se passaram desde a morte de Linda e desde que tudo aconteceu estive com Alice todo o tempo que eu pude. Ajudei a comprar flores, a pegar o caixão e a procurar a casa funerária responsável por embalsamar o corpo, maquiar, vestir e etc.

A situação com os lobisomens ainda estava fora de controle e alguns tantos outros foram contaminados pelo vírus. O conselho decidiu que deveria conter aqueles que estavam soltos, na esperança de parar a contaminação enquanto alguns dos nossos estavam tentando criar alguma coisa, no laboratório, que impedisse que aquela doença continuasse a ser transmissível. Porém, não havia chegado nem a um décimo de chances de achar uma cura considerável que pudéssemos usar em qualquer um deles. A opção que Sandra havia nos dado, simplesmente, não era uma opção.

Havíamos acabado de chegar na funerária e mal entrei já percebi as mudanças no local, como proteção U.V nas janelas. Mesmo que o sol estivesse em todo o seu ápice lá fora, ele não nos faria mal. Chegamos em meu carro e havia uma entrada lateral para vampiros, que nos levava até o subsolo. Era uma mudança feita recentemente para que nós pudéssemos entrar lá também. Na verdade, a maioria dos estabelecimentos haviam feito essas reformas para "comodidade" dos vampiros. O governo exigiu.

Fomos em quatro pessoas para lá. Dave e Susan fizeram questão de nos acompanhar, já a Alice parecia um zumbi e não uma vampira. Estava com olheiras tremendamente profundas e não comeu nada durante esses quatro dias e quando eu digo nada, é nada mesmo. Por ser uma modificada, conseguia ficar meses sem sangue e não morreria se não comesse comida humana. Então ela simplesmente optou por não comer, o que me deixava bastante preocupado.

Por uma ou duas vezes tentei fazê-la beber um pouco de sangue de uma bolsa que levei da mansão, mas ela apenas revirava os olhos e me deixava sozinho quando eu insistia.

Alex passou por nós, nos cumprimentou e seguiu para perto de sua esposa que já havia chegado horas antes, acompanhada de Meredith e Dianne. George, o pai de Alice, chegou depois disso. Ele e Linda haviam se mudado alguns meses antes para uma casa mais próxima do hospital, para facilitar a quimioterapia da mulher que reclamava de sentir bastante dor no caminho de volta.

Sandra foi a última a chegar. Já estávamos sentados na primeira fileira das cadeiras, que estavam organizadas de frente para o caixão amarelo que repousava no suporte. Ela passou por mim e por Alice e nos encarou por um momento.

Infinito - Livro 3 (Trilogia Imortal)Onde histórias criam vida. Descubra agora