Infinito - Livro 3 (Trilogia Imortal)

Sacrifício - Final

Tudo começou comigo e assim também terminará.

Quando eu olho para cinco anos atrás, me pergunto: quem imaginária que tudo findaria dessa maneira? De uma médica lutando por um cargo de prestigio a uma vampira no meio de uma briga histórica entre dois clãs. Se não isso, exposição ao mundo dos humanos e a luta pela tentativa de sobrevivência também apareceu como a cereja do bolo.

E no meio de toda essa trama, eu amei e fui amada. Mesmo que tivéssemos que passar por tanta coisa para isso ser afirmado sem hesitar. Eu amei o meu Victor, mais do que a mim mesma. E, com toda a certeza desse mundo, ele me amou. Tanto que seu sentimento se estendeu para seu irmão e deu toda aquela confusão que vivemos. Como ele afirmou no nosso casamento, foi um amor que ninguém nunca viveu e talvez nunca mais viverá. Era o nosso amor.

No dia do ataque ao ninho do Lupus hirudus, era o nosso dia. A nossa lua de mel e não tivemos a chance de aproveitar corretamente. Justamente porque lutávamos pelo bem de todos aqueles que confiavam as suas vidas a nós. O dia que começou de maneira festiva, terminou em tristeza e desespero.

E não deveria ter sido assim.

Eu não tive chance de me despedir. Eu não tive como dizer a ele que o amava tanto que até mesmo pensar que ele não estaria comigo no dia seguinte me partia em mil pedaços. Eu não tive tempo de dizer nada.

Fiquei tão vidrada na emboscada e no que eu precisava fazer que não pensei que aquele poderia ser o último dia de Victor ao nosso lado. Me deixei guiar pelas provocações de minha avó e me martirizei ao ver minha irmãzinha no meio daquelas coisas. Eu pensei que precisaria protegê-la, mas não pensei que era ele que mais precisava de mim naquele momento. Eu me sinto péssima só de lembrar disso.

Mas então eu comecei a pensar que daria tudo certo. Eu realmente achei que seria um novo recomeço para nós depois daquela emboscada. Eu estava tão errada.

Nos posicionamos na parte de trás do galpão, conforme combinado. Toda a minha atenção naquele momento era em proteger minha irmã, que estava armada e parada um pouco mais atrás do grupo, quase próximo das árvores que limitavam a fazenda. Mesmo que ela me odiasse por ser o que sou, eu não podia abandoná-la naquele momento. Sei que foi por culpa da minha avó, que colocou um monte de mentiras em sua cabeça, mas eu precisava esclarecer as coisas e para isso eu tinha que mantê-la viva.

— Espero que esteja feliz com o desenrolar dos fatos — Sandra comentou e eu apenas ignorei seu comentário. Observava os lobisomens se aproximarem do galpão em bandos. Era de fato um ataque semelhante com o que acontecia com os lobos. Uns cercam, enquanto outros vão para a frente. — Há poucos instantes você estava me ameaçando e agora, do nada, resolveu se calar?

— Não merece nada vindo de mim — respondi sem tirar os olhos da luta gigantesca que se iniciou logo mais à frente. Reparei que um deles farejou a nossa posição e começou a correr em nossa direção, mas a Alana o empurrou contra a parede do galpão. Eu já tinha sacado a minha arma e já apontava para aquela coisa. Se por um acaso ela não conseguisse contê-la, tínhamos que fazer. Os Híbridos também sacaram suas armas e se posicionaram, mas não foi necessário porque o espécime foi neutralizado pela Lobanil.

— Eu só estava tentando lhe proteger — ela sibilou. Impossível para um humano comum ouvir, mas perfeitamente claro para mim. Claro que Sandra não iria querer mostrar fraqueza na frente dos caçadores. O problema era que eu não estava disposta a ajudar a fomentar aquela imagem dela.

— Ah, pelo amor de Deus. Para cima de mim? Tentou me matar não apenas uma vez e agora você vem com história de que era para me proteger? O que você está pensando?