Ela Tem Um Jeito Lindo De Me Olhar Nos Olhos

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Olhei a vida pela lente das flores e,

dentro de mim, floresceu um jardim

de esperança. – Dell Delambre

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Pronto, 2x0 para Maria. Sua mãe queria fazer Estêvão passar vergonha frente a sua roda de amigos civilizados e muito bem educados, que só falam da bolsa de valores, sobre mais uma firma que quebrou e blábláblá. Essa festa ia ser um tanto interessante, um contraste só, os ricos e os pobres, a classe A e a classe C, isso vai ser cômico. Provavelmente Cecília ia aprontar alguma coisa, mas Maria estaria ali de butuca, pois caso fizesse alguma coisa, ela que tinha que se dar mal.

A casa estava movimentada, e todos os empregados estavam cuidando para que fosse a festa do século, e Estêvão ali boiando. Ele não entendia das músicas, comidas e arranjos que Cecília falava que queria.

"Será que essa vida é mesmo pra mim? Será que um dia vou me acostumar com tanto conforto e luxo?" – Pensou.

Pelo que ele observara, o lustre que ficava no centro da sala era mais caro do que sua casa na favela, e nem se trabalhasse toda a vida, compraria uma daquelas.

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A festa acabara de começar, e Maria mal via a hora de terminar, ficar forçando um sorriso não era muito o seu forte, mas engoliu a seco e foi, são só algumas horas. Lívia, como sempre, não faltava às festas da mansão, e as duas estavam juntas se arrumando, sua companhia fazia a hora passar, era cada besteira que ela dizia, que Maria se acabava de rir. E enfim, estavam prontas!

Quando desceram, o salão já estava razoavelmente cheio, Lívia desceu as pressas em sua frente, e ela desceu mais devagar, não confiava em si de salto alto e vestido longo, ainda mais agora que andava tão desastrada. Ela desceu degrau por degrau, como se fosse a estrela da festa, e rapidamente todos os olhares voltaram para ela, mas ela tratou de olhar para um em especial, sim, o dele. Ela ainda ia pergunta-lo por que tanto a olhava, mas não podia recrimina-lo, também não conseguia parar de olha-lo. Quando chegou ao pé da escada, Sérgio fez o 'favor' de recebê-la, dando-lhe um beijo avassalador, que nem a própria esperava, com certeza era para marcar território, para mostrar aos marmanjos de plantão que ela era 'sua'.

— Maria meu amor, você está linda! – Rodeou seu braço na cintura dela.

— Obrigada. – Sorriu gentilmente.

— Vou deixar você com Lívia, e cumprimentar os convidados. – Beija sua testa e sai.

— Podia fazer uma cara melhor né! – Disse Lívia dando-lhe uma bronca.

— Não sou obrigada a sorrir quando não quero. – Foi direta.

— Ihh, calma.

Maria estava simplesmente linda, para variar, as deusas que me desculpem, mas, nem a mais bela, chegara aos pés daquele ser divino. Ela usava um vestido longo, com as costas nuas, a sua cor era dourado e justo até a segunda costela flutuante, e o restante era de cor azul marinho e mais solto. Seu vestido não era decotado, pois sabia que não precisava disso para chamar atenção, sua beleza fazia isso por si só. Seus cabelos estavam soltos, com um leve enrolamento, ela não costumava usa-lo preso, ou com algum penteado que deixava sua nuca nua, o motivo? Ninguém sabia. E aquele perfume, era algo inebriante, entorpecedor, e mais uma vez, sem querer, ou querendo, sem medo de errar, ela foi a mulher mais linda festa.

— Maria – Estêvão se aproximou das duas – atrapalho?

— Claro que não San Roman!

Maria sorriu de forma doce e espontânea, e mais uma vez, seus olhos se encontraram, mas dessa vez, ela teve poder sobre si, e não ficaram parados, encarando um ao outro, por uma eternidade.

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