Hora Da Verdade, Hora Da Dor

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"Usava vermelho, mas, todos diziam

que era rosa. Ninguém ligava para

as cores, preferiam as flores. E

quem poderia negar que as rosas também são vermelhas?"

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Ao ver aquele papel em suas mãos, seu coração bateu tão forte, que ela sentira que poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Ela se sentou na cama de Enrico, olhando a carta. Naquele momento, um sentimento estranho caiu sobre ela, por mais que quisesse abrir logo, e saber o que ali estava escrito, também havia o medo de descobrir algo que não quisesse saber, e agora, qual voz ela iria ouvir, a voz da coragem ou do medo?

— Vamos Maria – olhava a carta, suas mãos tremiam – você tem que ler, talvez as respostas estejam aqui dentro, você tem que ser corajosa, agora, mais que nunca.

Ela respirou fundo uma, duas, três vezes, e finalmente tomou coragem. Ela rasgou o envelope, e tirou carta de dentro, mas quando ela começou a desdobrar o papel, Enriquinho apareceu no quarto chamando por ela.

— Mamãe, mamãe! – Apareceu correndo.

Maria se recompôs, e redobrou a carta, colocando-a em seu bolso.

— Oi meu amor!

— Mamãe, vem brincar comigo e com o tio Fernando no jardim!

— Claro, vamos.

Ela segurou em sua mãozinha e foi. O que tivesse naquela carta podia esperar, se passou tanto tempo, um tempo a mais não ia fazer diferença.

— E então, como você tá? – Fernando a perguntou, enquanto eles olhavam Enriquinho brincando no jardim.

— Digamos que tô começando a sentir o cheiro da liberdade. – Riu. – Mas eu tenho certeza que ainda não tô livre dele, ele vai querer fazer mal pra mim, ou pra vocês, pra me atingir.

— Tá pensando em voltar atrás?

— Não! Já voltei atrás uma vez, e não vou fazer isso de novo, a gente só pode fazer besteira uma vez na vida, e eu acho que minha cota já acabou.

— Como assim Maria? – A olhou sem entender do que falava. – O que você quer dizer com não voltar atrás outra vez? Eu não entendi.

— Bom Fernando, já que as verdades estão sendo ditas, e os segredos revelados, acho que que eu tenho que revelar o meu também né. Quando eu descobri que estava grávida, eu pedi o divórcio ao Sérgio, e estava disposta a assumir meu relacionamento com o San Roman, mas Sérgio me ameaçou dizendo que mataria as pessoas que eu amo, se eu não abrisse mão disso, e foi o que eu fiz, abri mão do homem que eu amo, por medo de perdê-lo.

— Então quer dizer que o Enriquinho... – Fez uma pausa. – O Enriquinho é filho do Estevão Maria? – Ela balançou a cabeça confirmando. – Não, isso não pode ser possível! Ou eu sou muito lento, ou vocês dois são muito discretos. Quer dizer, eu sabia que rolava um clima, mas eu pensei que não tinha passado de olhares!

— Acho que você que é meio lento Fernando. – Brincou.

— O Estêvão sabe disso? Ele aceitou que você fizesse isso?

— Ele não sabe, mas tem quase certeza que o filho é dele. Eu não podia arriscar a segurança dele, e nem da Aninha, por isso tomei a decisão que tomei, mas confesso que tô com medo de Sérgio, ele não vai deixar isso barato, ele vai se vingar.

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