Acho Que Não Sei Mais Quem Sou

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Se não houver frutos, valeu a beleza

das flores; se não houver flores,

valeu a sombra das folhas; se não

houver folhas, valeu a intenção da

semente. – Henfil

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Maria ainda ficou na cozinha por alguns minutos, e em seguida foi para o seu quarto. Ao passar pela sala, todos estavam lá, inclusive ele. Ela passou direto e não falou com ninguém, pois ficou com medo se se entregar. Subiu a escada, e naquele dia parecia ter mais degraus que o normal, e enfim, chegou no seu quarto, seu casulo, dali ninguém mais a tirava naquele dia.

— Maria? – Uma cabecinha apareceu na porta. – Posso entrar?

— Oi Aninha, vem senta aqui! – Ela entrou e sentou ao seu lado na cama. – Aconteceu alguma coisa?

— Comigo não – colocou um travesseiro no colo – mas eu queria entender o que aconteceu ontem à noite.

— Ihh Aninha, nem tenta entender. Você dá sorte por ser criança e não tem que se preocupar com esse tipo de coisa.

— Tudo bem, se você diz eu acredito. – Sorriu.

— Aninha, posso te perguntar uma coisa?

— Claro Maria, pode me perguntar o que você quiser.

— E sua mãe?

— Minha mãe? O que você quer saber sobre ela?

— Por que ela não está aqui com vocês? – Se fez de besta.

— Ela morreu Maria, ela morreu quando eu nasci. – Fez uma carinha tristonha.

— Nossa Aninha, eu sinto muito.

— Eu já me acostumei, mas eu fico feliz porque meu pai diz que eu sou a cara dela! – Sorriu.

— E seu pai, ele não se relacionou com mais ninguém depois dela?

— Não, ele é muito tradicional, não ficaria com mulher nenhuma se não gostasse, a única mulher que ele realmente amou, foi a minha mãe. Se um dia ele se apaixonar de novo, eu bato palmas pra essa mulher, pois essa missão é quase impossível! – As duas riem. – Mas por que todas essas perguntas?

— Por nada, apenas curiosidade.

— Pensei que só as crianças fossem curiosas.

— Aí é que você se engana, eu por exemplo, sou curiosa demais! – Riam.

— Aninha?! – Estêvão a gritava do corredor.

— Tô aqui pai, no quarto da Maria!
— Licença – abriu a porta meio sem jeito, e os dois se olharam, o coração de Maria bateu mais forte – Aninha, já tá meio tarde, vamos.

— Tudo bem pai – deu um pulo da cama – Maria amanhã a gente conversa mais tá.

— Tudo bem meu amor.

Sérgio entrou no quarto, e isso fez o coração de Maria bater mais forte ainda.

— O que é isso? Reunião no meu quarto e eu nem fui chamado?

— Sérgio – se levantou – o San Roman veio chamar a filha, só isso. – Estava bastante nervosa.

— Eh, só isso. Vamos filha. – Ele deu a mão a filha e saíram.

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